sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

De volta à Guerra das Narrativas


Pouco antes do Natal conclui a leitura do livro de Luciano Trigo, Guerra de Narrativas; naquele momento tinha a ingênua e falsa sensação de a guerra estar encerrada após as terríveis batalhas travadas entre agosto e finais de outubro no Brasil. Ledo engano: tratava-se apenas de uma trégua no front, a disputa das últimas 48 horas sobre a cor das roupas de meninos e meninas é a mais nova batalha na reacendida guerra de narrativas. Em entrevista ontem à noite, a ministra da família, cujo jargão desencadeou todo o debate na imprensa e redes sociais, argumentou que seu jargão era “apenas uma metáfora”, o que Michele Prado no Livro de Rostos devidamente já demonstrou ser, digamos assim, inconsistente. O que chama a atenção é o fato de a ministra realizar uma defesa do que disse através de um argumento da forma do discurso: sim, ela admite que está inserida e desencadeou a mais recente batalha de dentro da Guerra das Narrativas.

O livro de Luciano Trigo trata, portanto, de um fenômeno ainda em curso e continua sendo um precioso manual de compreensão do debate político contemporâneo no Brasil. Ele deve ser lido como um relato do front, que, em se tratando de uma guerra de narrativas, e não uma guerra fatual, assume por sua condição textual inevitavelmente um dos lados em guerra. A partir de sua atuação nas redes sociais e na imprensa, os dois lugares principais das frentes de batalha contemporâneas, Luciano Trigo consegue descrever muito bem os mecanismos através dos quais se forjou o controle do imaginário da população por parte das esquerdas, com destaque especial para a estrutura do livro, que progressivamente vai de um relato impressionista do front até chegar à análise dos mecanismos de dominação identificados pela teoria marxista e aplicados, para usar um termo recorrente no livro, apenas com sinal contrário. Aquilo que marxistas provavelmente denominariam de alienação é dissecado com a capacidade de quem, atuando no front da guerra, compreende muito bem ser uma ilusão a possibilidade de sua reversão,  pois efetivamente é uma modalidade de relação cuja capacidade de operar no modo guerra depende essencialmente da eficiência de sua autonomia. O outro ponto alto do livro é ser capaz de sintetizar o calor, forma e conteúdo do debate nas redes sociais: efêmero, volátil e excessivamente relacionado ao ambiente momentâneo, o debate nas redes, tão virulento como formador de opinião na contemporaneidade, corre o risco sempre de ficar sem registro. Sob este aspecto, Guerra das Narrativas é um bom exemplo desta que deve ser uma nova categoria de literatura, a que pretende guardar para uma compreensão exterior ou posterior ao campo da disputa aspectos importantes de embates dificilmente reconstituíveis por futuros arqueólogos.

Como parte da vasta bibliografia que tenta explicar os fenômenos ao redor de junho de 2013, Guerra das Narrativas contribui com o desenho do quadro dos debates de ideias tendo como pano de fundo a reconstrução histórica de alguns acontecimentos, afinal ainda que a irreversibilidade da autonomia do discurso seja um fato, é através do seu questionamento que é possível desfazer o modo de guerra. Aqui creio que a incorporação de alguns antecedentes ao junho de 2013, como as greves no serviço público do ano de 2012, que, iniciadas nas universidades, desafiaram a submissão dos sindicatos ao governo, contribuiria para um lastro histórico mais sólido. Por outro lado, o capítulo que trata do debate da ideologia de gênero e produção artística ganharia em vigor, no meu entender, se o argumento pudesse ser enriquecido com a questão dos menores infratores e a extensão da proteção defendida pelo campo autodenominado “progressista”, como uma forma de contradição inerente ao tratamento dado à infância. Pessoalmente, diante dos números de prostituição infantil no Brasil, não creio que “os brasileiros não aceitem que se mexam com crianças”; o que brasileiro não aceita mesmo é que se tematize abertamente o assunto.

Enfim, todo o debate desde a nomeação da ministra da família, que retoma o tema da infância e sexualidade com muito vigor, mostra que a Guerra de Narrativas continua. E agora parece que o outro lado tomou gosto pelo que pode conseguir se esta guerra for mantida, ainda que seja o que de menos o país precise.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

desenho técnico, um fetiche no ensino de arquitetura

Há trinta anos, quando inciei os estudos de arquitetura na ufba, o ensino no primeiro ano do desenho arquitetônico, que era o desenho técnico, o desenho que instrui a obra, segundo as regras técnicas da ABNT, satisfazia a uma série de necessidades, ansiedades e fantasias: se por um lado funcionava como uma alfabetização para o exercício profissional em geral, ou seja, era como aprender as letras do alfabeto para alguém que tem a pretensao de escrever poemas de Whitman ou romances de Machado de Assis (que é mais ou menos a pretensao básica do estudante de primeiro ano), era também uma instrumentalização básica para iniciar a busca por um estágio em escritórios de arquitetura, que à época em Salvador ainda empregavam desenhistas, cuja tarefa era produzir a mao as impecáveis pranchas em papel vegetal. Por isso, na aula de desenho arquitetônico, treinávamos reproduzindo o mesmo desenho em quatro versoes distintas, sendo a última delas, a mais importante, em papel vegetal. O primeiro estágio de um estudante de arquitetura era o de tentar aprender ao máximo com o trabalhador braçal desenhista, que com anos de experiência, passava a ser uma referência para o novato, atordoado em meio aos fetiches profissionais, sem ainda muita noção de como distingui-los do que seria importante na profissao. Como a área de construcao era (e ainda é) fraca na formacao dos estudantes, o fetiche do "desenho técnico" se reforçava ainda mais: aprendia-se o alfabeto, mas nao o que dizer com ele.
Dez anos depois a revolucao digital já havia chegado também à Bahia e por volta da virada do século, nao havia mais niguém trabalhando como desenhista em escritórios de arquitetura. Os estudantes nos anos 90 aprenderam muito mais rapidamente o "autocad" e assumiram definitivamente o trabalho bracal dos antigos desenhistas. Entretanto, a cultura de trabalho prevaleceu sobre a "revolucao digital", pois a mudanca no perfil do profissional de arquitetura aconteceu apenas muito lentamente em lugares onde o processo de qualificacao profissional de toda a cadeia ao redor da construcao civil avancou muito pouco devido a lenta qualificacao profissional e do incremento de produtividade. Nao adianta somente os escritorios de arquitetura e engenharia estarem aparelhados com softwares gráficos, todo o trabalho de construcao civil precisaria ser renovado a partir da "revolucao digital".
Vinte anos depois do Guggenheim de Bilbao, a arquitetura viu seu campo profissional ser expandido e diluido ao mesmo tempo, as inovacoes de tencologia na construcao estao eliminando todas as etapas intermediarias entre concepcao e execucao e o advento da inteligencia artificial comeca a por em dúvida a propria necessidade do profissional de arquitetura, ao se oferecer como um instrumento mais eficiente na interface desejo do cliente X produto final.
Somente a força daquilo que é cultura, ou seja, do que é reconhecido como conjunto de valores e práticas aceitos socialmente, e, por isso, resiste longamente no tempo antes de sofrer uma significativa mudança, é capaz de em 2018 ainda reservar ao desenho técnico, "segundo normas da abnt", uma funcao de fetiche de profissionalizacao para estudantes. Nao que um dia alguém vá conseguir escrever poeisa sem conhecer as letras, é que o desafio de querer ser um Whitman ou um Machado de Assis se tornou muito mais imperativo.
Ilustra este texto um desenho meu, da época dos meus estudos de mestrado em Viena, para uma ampliacao da torre norte da catedral de Santo Estevao.

sábado, 15 de dezembro de 2018

Sobre o XIV Panorama Internacional Coisa de Cinema / Salvador, novembro de 2018

O Panorama 2018 trouxe filmes com muitas citacoes de outras mídias (outros filmes, TV, videogame, redes sociais - o whatsapp triunfou, até parecia merchandising em alguns filmes!) e eu reuni aqui, com alguns complementos, os comentários que fiz no livro de rostos. Se o Panorama de 2017 mostrou o beco sem saída em que a esquerda brasileira havia se metido (e o ano político de 2018 só veio comprovar isso), o deste ano parece ser o lugar do canto de cisne das questoes identitárias lgbtq+ no país, a caminho de um esgotamento daquilo que deixa de ser identitário quando a única coisa a que se dirige é o espelho. O grande destaque deste ano foi sem dúvida o filme de Bernard Attal, Sem Descanso, que narra o enfrentamento do cidadão contra o Estado, um tema essencialmente contemporâneo.
Vida longa ao Panorama!

Competitiva Nacional II:
Russa é um filme bem executado, com aquele tom sombrio, pesado e nostálgico que é atribuído não sem razão aos portugueses por parte dos brasileiros. O tempo de detenção de Russa corresponde ao período de início de demolição do conjunto de edifícios modernos onde ela mora: a direção nos mostra a dificuldade ainda maior de uma ex-detenta de se reconectar às relacoes pessoais quando o bairro onde ela mora está sendo demolido: parece que a mensagem central é que a arquitetura moderna venceu, pois é capaz de absorver toda as projecoes de subjetividade e coletividade, o que normalmente lhe acusam do contrário. Em Alma Bandida, mais uma vez o impressionismo que marca o cinema nacional dá o tom, uma atmosfera difusa com uma sequência de imagens bonitas, ao redor do popular, que é a ponte para Azougue Nazaré, o longa da noite. A plateia gostou muito (talvez exatamente por isso). O filme utiliza o artefato da montagem para tantar conferir erudicao a algo que talvez fosse melhor expresso de maneira mais simples (os desafios cantados). Um dia a classe média brasileira desistirá do olhar camp sentimental para aquilo que ela denomina "popular".
Não por que ela irá mudar, mas pelo simples fato de que ela neste dia irá lá buscar o tal "popular" e não vai encontrar nada.

Competitiva Nacional IV:
Três filmes fortes e excelentes hoje no Panorama. E a importância fundamental de imprensa investigativa e desalinhada do poder político para a democracia. Noite impactante.
Da Curva para Cá é um filme surpreendente ao explorar de maneira muito inteligente a poética do espaço da favela ao universo do suspense. Muito bem fotografado, muito bem editado. As Balas que nao dei a meu filho traz a humana ambiguidade de toda posicao dos individuos na sociedade, exporando a terrível condicao do policial pai solteiro na terrível frente de violência cotidiana do Brasil contemporâneo. Aqui a favela é de novo muito bem aproveitada em eu potencial de ambiguidade, inclusive nos espacos interiores da moradia. O longa da noite, Sem Descanso, de Bernard Attal, foi o grande filme do festival: um grandioso apelo a uma democracia que só pode existir com imprensa livre funcionando. Muito bem execuado em todos os aspectos, uma única questao ficou sem ser tratada: tivesse o bárbaro crime acontecido um ano antes, ou um ano depois, desconectado de uma campanha eleitoral, teria havido o mesmo interesse por parte da imprensa?

Panorama Brasil VIII:
Com o mesmo tema (retrato de artista não-branco fora do mainstream), os dois filmes não poderiam ser mais distintos.
O curta Derreis tem uma fotografia muito bonita e honesta, sendo radicalmente contemporâneo ao se arriscar a colocar uma pergunta de valor no meio da cultura popular, no caso da música popular de consumo de massas. O filme não recua diante de um cenário de terra arrasada da crítica e do deserto criativo e de qualidade dos últimos vinte anos.
Já o filme Eu sou o Rio aposta numa desgastada "neutralidade cartográfica" para aderir acriticamente à já clássica narrativa romântica de equivalência entre vida e obra do artista. Sem qualquer inquietacao ou incômodo crítico, o cinema se dilui num efeito de filtro do instagram.

Sessao 2 de hoje no Panorama:
Persona na tela grande do cinema.
Sensacional.

Sobre a sessao Panorama Brasil IX:

Reforma, o curta na sessao, é um feel good film sobre um urso que se descobre desejável apesar da amiga invejosa cujo marido provavelmente já está com outra e a largou tomando conta da reforma.

Bixa Travesti, o longa centrado em Linn da Quebrada, é um filme que só faz comprovar uma série de diferenças de geração : pessoalmente, sinto um tanto constrangedora a afirmação repetida algumas vezes do amor a si próprio como realização emocional. Como sinalizacao de aproximacao, a declaracao muito Raul Seixas de ser uma metamorfose ambulante.
Em geral, pode ser visto como uma versão cinematográfica dos livros de Paul B. Preciado, com o exagero de retórica barroca como estratégia de tornar difusa certa superficialidade teórica, o que não é problema algum no universo da música pop, mas que é recorrente também no mundo acadêmico que trata do assunto, infelizmente. O filme é também mais um produto de uma época de muita abundância : é como se Madonna tivesse feito Na Cama com Madonna depois de seu primeiro disco.


Sobre a sessao Competitiva Nacional VII:
O primeiro curta da sessao, Aulas que matei, pode ser visto como um exemplar tardio de certo cinema impressionista que domina a producao brasileira nos últimos anos. Mesmo dentro desta estética, a opcao por abrir vários temas a partir de um universo tão rico acaba por enfraquecer o enredo.
Mesmo com tanta agonia, o segundo curta da noite, é neste aspecto bem redondo. A atuacao dos atores é muito boa e a recriação cinematográfica de certo aspecto da autoimagem paulista, que estabelece um paralelo da vida na metrópole brasileira com cidades como nova york ou paris, é muito bem realizada. Eu só cortaria a cena final alguns segundos antes.
Deslembro, o longa da sessao, é um filme muito bem feito sobre a memória da infância, a angústia de sua reconstrução na adolescência e as confusões sobre a responsabilidade da criança sobre os acontecimentos da vida adulta. O ambiente histórico é o das ditadutras latino-americanas da segunda metade do século XX, mas é válido para toda experiência humana nas sociedades modernas. Bons atores, anos 80, Rio de Janeiro formam um filme muito consistente. E, pelo protagonismo infantil, é impossível não lembrar do melhor filme de 2017, Verão 1993.


Competitiva Nacional VIII :
Creio que essa foi a sessao mais fraca de tudo que já vi no Panorama, incluindo as edicoes passadas.
Do curta Orgulho há pouco para se dizer ; já o curta Um Ensaio sobre a Ausência "atira no que viu, acerta no que não viu", podendo ser lido como uma provocativa interpretação do genius loci de Salvador / Recôncavo; mote : um reagge arrastado, melódico e dengoso de refrão "vamos, amigo, lute....".
A Ilha, o longa da noite, é constrangedor quase todo o tempo, na sua pretensão de metalinguagem... Melhor nem comentar muito. Talvez as pessoas tenham que ralar muito como assistente antes de se tornarem diretor seja a mensagem central deste filme.

Sobre a sessao Competitiva Nacional V (a última deste ano) :
BR3, o primeiro curta da sessao, é composto de três mini episódios que têm em comum personagens não-cis gêneros (espero ter usado a expressao correta que represente a diversidade presente no curta) e o lugar, a favela da Maré, no Rio. Cada história está contada com um ritmo, montagem e estilo distintos, o que faz o conjunto bem interessante, ainda que a primeira se destaque pelo bom humor. Em geral, um dos poucos filmes onde faz sentido o tal estilo impressionista do cinema recente.
Estamos todos aqui, o segundo curta, é uma mistura de documentário com ficcao que começa bem mas termina esvaziado por repetições esvaziadas e muitos clichês no texto. O personagem principal é muito bem interpretado, mas a impressao geral que fica é de tudo ser uma ficcao sem graça.
A Sombra do Pai, o longa dirigido por Gabriela A. Almeida, é muito bem produzido (à exceção da folha da árvore no final do filme) e funciona muito bem como filme de suspense. A atuacao da garota é fenomenal (todo o elenco é bom) e a surpresa da mudança de percepcao da caracterizacao do filme enquanto a história se desenrola é um ponto alto. É muito boa ainda o tratamento dado à cultura espiritual e religiosa do proletariado desgarrado do tecido social. E é um grande filme sobre as dificuldades e as dores de crianças que pasam por perdas traumáticas na infância.
Agora, é aguardar o Panorama 2019.



terça-feira, 24 de abril de 2018

D. Quixote no dia mundial do livro em 2018


Faz pouco menos de dois meses que conclui a leitura do primeiro volume de D. Quixote. Fiquei surpreso ao perceber que o personagem principal do mais famoso livro do mundo é tão incrivelmente antipático. O livro é, entretanto, muito mais impressionante do que eu poderia imaginar: não tinha ideia, por exemplo, das implicações cultura popular X cultura erudita e da atitude radicalmente renascentista, de reunir a cultura do passado para lançar ao futuro. As histórias contadas em modelo de boneca russa às vezes cansam por ir longe demais, às vezes, por serem longas demais. Ainda assim, não deixa de ser divertido.
Mas duas coisas impressionam: primeiro, fiquei imaginando que seria possível que nenhum dos regimes totalitários do século XX tivesse existido se as pessoas alfabetizadas do século XIX tivessem lido e debatido publicamente a obra mais famosa de Cervantes: contra tudo que não cabe no seu mundo idealizado, o Cavaleiro da Triste Figura reage com o firme propósito de aniquilação através da violência física: “se não cabe no meu mundo ideal, não há diálogo, só o extermínio total do outro é a reação possível.” Eu ainda queria entender como esse livro pode ser lido algum dia como um elogio ao idealismo. Eu o li exatamente como um grande tratado, a favor da fantasia sim, mas essencialmente contra o idealismo.
A segunda é a alegoria estabelecida através da história de Zoraida, sobre a situação da mulher no mundo islâmico. Filha de homem rico e importante, Zoraida é criada pela escrava cristã, que, como vingança da sua condição, converte a criança ao catolicismo, com foco na figura de Maria; o importante é que a argumentação é toda a partir do pressuposto de que a vida da mulher no mundo cristão é obviamente melhor que no mundo islâmico, já que Maria, na condicao da mae do filho de deus, ocupa um lugar de destaque ao lado de Jesus. Zoraida é a mulher que se liberta da submissão ao conseguir chegar à Espanha e se converter ao cristianismo. É uma alegoria que Cervantes provavelmente jamais poderia imaginar que viesse a ter alguma importância para a vida das pessoas quatrocentos anos depois.

terça-feira, 17 de maio de 2016

No dia mundial contra a homofobia em 2016


Hoje é o dia mundial de luta contra a homofobia. 
O movimento pelos direitos de gays, lésbicas e transexuais agora denominados de transgeneros, e que pode ser unificado na palavra queer, é um daqueles movimentos civis que junto ao feminismo e ao movimento ecológico deixou claro no período entre 1960 e 1989 que a divisao na política entre direita e esquerda era incapaz de vetorizar as disputas no campo das articulacoes políticas vivas e múltiplas. A partir de 1989, esta é uma constatação histórica. 
Por isso é assustador o achatamento que muito destes temas tiveram no Brasil ao serem associados ao campo da esquerda. Entre cooptacao, ilhamento e ignorância, passou a se admitir gente no cenário político que admira ditaduras assassinas de gays e diz articular causas gays. 
Esclarecimento e cultura é o que sempre falta, afinal não é por um ou outro político local se colocar nesta posição que a luta política queer no mundo será achatada desta maneira. Mas que dentro do país isso só serve ao desgaste e enfraquecimento da causa, isso é fato.
Libertemo-nos.
E nao se esqueçam nem se deixem confundir:
em política, o discurso da hegemonia é o mesmo da normalidade!
‪#‎diamundialcontraahomofobia‬

sábado, 26 de dezembro de 2015

o melhor de um ano onde quase tudo foi pior, ê 2015 difícil

No XI Panorama Internacional Coisa de Cinema
2015, o ano que termina projetando uma horrorosa sombra sobre o próximo; o ano da lama; mas houve o que de bom para lembrar.
exposição: Lelé em Colônia, Alemanha, no início do ano, e Josef Frank, agora no final do ano, no MAK.
hashtag: #youshouldbettereatarchitecture
melhor disco: The Magic Whip, Blur.
melhor filme: Boi neon, de Gabriel Mascaro.
melhor canção: muito difícil escolher que canção entre as de The Magic Whip seria a melhor, talvez Pyongyang.
leitura: retomei e li por completo, no original em inglês, On Liberty, de John Stuart Mill.
arquitetura: o Kolumba Museum em Colônia, Alemanha, a abadia de Pomposa, mausoléu de Teodorico, o MAXXI, a catedral de Spoleto.
evento: sem dúvida, o XI Panorama Internacional Coisa de Cinema.