sexta-feira, 27 de junho de 2008
salvador, três meses depois
A substituicao do calcamento de pedras portuguesas da Barra por granito e concreto, noticia em A Tarde hoje, sexta-feira 27 de junho, paginas 4 e 5, e so uma confirmacao dessa impressao.
Como um dos entrevistados, chamei a atencao para a relacao de textura e materialidade entre os elementos do calcamento e a arquitetura historica ali presente. Sera que a proxima decisao do IPHAN preve o azulejamento das superficies de pedra que formam as bases dos fortes?
segunda-feira, 23 de junho de 2008
o que estou escutando
Isto é muito mais do que futebol, mesmo?
terça-feira, 17 de junho de 2008
novo mozilla firefox
segunda-feira, 16 de junho de 2008
Before the devil knows you're dead
Faz uma semana que assisti a "Antes que o Diabo saiba que você está morto" e até hoje estive em dúvida por onde começar a escrever sobre este filme assustador, certeiro e poderoso. Terminada a sessão fiquei com a vontade de escrever a Sidney Lumet, o diretor, um email dizendo "Muito Obrigado" (caso alguém saiba como fazer para esta mensagem chegar até ele, envie-a em meu nome, por favor!).
Se grandes obras se definem por um poder de síntese e densidade, por um acabamento impecável, precisão de meios e uma reivindicação de universalidade, este filme é sem dúvida uma delas, atingindo em cheio a grande angústia desta época (a de agora mesmo). Como se não bastasse o conteúdo, a forma é de um acerto não menor: fiquei pensando que o filme poderia ter sido editado dentro de uma narrativa mais clássica e depois sofrer a edição que fragmenta o tempo narrativo, e no meio desta semana li isso numa crítica; e continuo até hoje maravilhado com aquele véu negro, denso, sobre a fotografia todo o tempo, construindo a dramaticidade. E pela maestria como a história no meio do filme abandona a estrutura centrada em dois personagens para um outro arranjo ao incorporar uma terceira figura que estabelece um equilíbrio narrativo totalmente diferente.
E como se tudo isso ainda não fosse suficiente, um conjunto de atrizes e atores em desempenhos soberbos, longe da pieguice melodramática que normalmente garante oscars. E como tudo neste filme significa e arrisca mesmo chegar ao nível do simbólico, a direção de arte é alucinante ao escolher o design asséptico, luxuoso e muito de moda da portaria onde interfonam ao diabo. E há também uma referência ao Brasil no filme, super acertada, uma miragem como destino de uma fuga da vida que não se pode mais suportar. E que miragem!
No meio disso tudo, uma menina ao telefone chama o pai de fracassado por não ter conseguido 130 dólares para ela ir a um parque de diversão. Fiquei achando que é esta cena, muito cotidiana, que o diretor queria nos mostrar, parece que tudo gira ao redor dela.
quinta-feira, 12 de junho de 2008
o que rola no mp3 player
"but you know by now it's half past late
and i only came here for escape
you
like me to you "
two gallants
segunda-feira, 9 de junho de 2008
Beleza Pura?
Em entrevista à Folha de São Paulo na segunda-feira, dia 26 de maio último, Caetano Veloso expôs seus argumentos contra as políticas de cotas raciais que não diferem muito do que penso sobre o assunto.
Daí que novamente achei que deveria escrever sobre algo que me chateou muito, a abertura da novela da Globo Beleza Pura. Não que eu veja em aberturas de novela em si algo que mereça ser discutido ou comentado, mas Beleza Pura é uma das canções pop nacionais de que mais gosto. A interpretação de A Cor do Som, por exemplo, é certamente fundamental para a música do carnaval de Salvador das décadas seguintes, com sua combinação, ainda que com os solos de instrumento típicos dos anos 70, da guitarra com os atabaques.
Mas que uma canção cujo verso mais constante afirma "não me amarra dinheiro, não" seja exatamente retratada por uma dos maiores símbolos do dinheiro, que é o universo da moda/alta costura – especialmente símbolo pois este mundo evidencia melhor do que qualquer outro a dissociação do valor de venda do de produção – é algo de uma malvadeza sem fim.
Pior ainda, os negros de Salvador com contas e búzios no cabelo (Gil na capa de Realce) foram substituídos por 2 negras cotistas, de cabelo quase alisado (sim, o cabelo de Condoleeza é politicamente incorreto, e de qualquer jeito feio). Elegância e formosura cantadas pela canção caminham no sentido oposto ao que vemos naquelas imagens.
E para completar a "obra de arte total", a versão branquela e sem graça da música feita pelo Skank; será que é possível regravar sem percussão e qualquer ironia a música que celebrou a cultura afro emergente de Salvador nos anos 70?
Para quem queira ver a canção na versão de A Cor do Som: