sábado, 26 de dezembro de 2009

almodovar no último dia

Assisti a "Abrazos rotos" no dia 23, na última sessao do filme em Viena. Um filme sobre estantes de livros e a família que nao ousa dizer o seu nome. Um Almodovar menor, na minha lista ao lado de Carne trêmula e Kika. Mas ainda assim melhor que estes (provavelmente pelo deleite em fotografar Penelope Cruz). Os personagens sao um tanto superficiais (especialmente o Dieguito) e o filme esta tao cheio de motivos cegos, que o espectador pode mesmo se desorientar.
As estantes de livros, muito bem escolhidas e isso nao seria diferente, tomam a cena várias vezes e servem para mais uma auto-referência além de Mulheres à beira..., pois ali estao os bonequinhos de persongens de filme japoneses ou games que também serviam de decoracao em Ata-me (os temas hospitalares sao outra auto-referência exagerada).
Mas a história, à parte de existir para Penelope Cruz ser filmada, é mesmo sobre uma familia que para sê-la, como tal nao pode ser nomeada. Apenas a iminência da morte faz com que uma série de segredos venham à tona e revelem a estrutura familiar forte e conservadora que mantém os personagens unidos. Embora tenha "pago" com a cegeueira, o homem de Abrazos rotos permite-se ser bem tradicional, é um pouco como em algumas histórias de Nelson Rodrigues, apenas às avessas. Como se a solucao para a crise contemporânea da estrutura familiar fosse simplesmente nao nomea-la como tal. O filme é bom ao indicar que nao é bem por aí..... No final, nao dá para esquecer de como as mulheres de Volver eram muito mais emancipadas.
A música que Dieguito toca é muito boa, as roupas de Penelope Cruz sao um escândalo, mas falta vigor em geral. Nao é por acaso que a citacao do gazpacho com tranquilizantes de mulheres à beira... é um dos pontos altos do filme.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

fim de ano da cultura na bahia, instituto do cacau

Recebi o link via emails enviados por Pedro e Mauricio, Samuel Celestino comenta a destruicao de platibandas (eu imagino que sejam as marquises) do Instituto do Cacau em obra executada pelo governo do Estado da Bahia. Estamos acostumados a tanta coisa, às barreiras absurdas impostas por parte dos órgaos de preservacao a qualquer projeto de reconstrucao de imóveis no centro histórico (ou antigo, como queiram chamá-lo), à ruína que se alastra por toda a área central por falta de trato, ao abandono de tudo durante três anos para que o quarto ano pareca cheio de realizacoes, às máquinas de ar condicionado sobre o Elevador Lacerda, ao estado de abandono e destruicao a que chegou a principal obra de arte no estado da Bahia, e uma das mais importantes do mundo, os azulejos do claustro de Sao Francisco, à completa falta de compreensao da importância do Edificio Caramuru com que sua re-habilitacao para o uso foi executada, à feiúra da Saúde, ao descaso com a Baixa dos Sapateiros, aos novos índices de utilizacao vigentes em toda a cidade, a alguns dos prédios mais feios do Brasil, à favela consolidada na encosta do Santo Antonio, à destruicao paulatina das obras de Lina Bo Bardi, à descaracterizacao dos edifícios de Bina Fonyat, seja no Comércio, seja em Ondina, que é realmente louvável alguém ter escrito algo sobre a destruicao da platibanda (ou marquise) do Instituto do Cacau. Porque dentro deste quadro, mesmo se tivessem decidido destruir o prédio inteiro, poucas vozes iriam estar em contra. É a cultura na Bahia.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

verdrängt

Já tinha quase esquecido a arrogância e falta de educacao das maes que andam com carrinhos de bebês (e criancas nao tao pequenas assim) pelas ruas de países onde a taxa de natalidade é de 1,3.

arquitetura e crítica

Terminei de ler anteontem o livro de Montaner homônimo desta postagem. A primeira parte, do panorama histórico da formacao da disciplina da crítica de arquitetura, pode mesmo ser considerada útil. Mas a segunda parte, dedicada ao século XX e ao momento contemporâneo, é muito estranha: primeiro, suas redacao e estrutura sao tao diferentes daquelas da primeira parte e tao confusas (com datas e texto apresentados em um vai e vem histórico, digamos assim, inusitado) que se torna difícil reconhecer um autor.
Ao fim do livro, o leitor tem a certeza de que, quanto mais contemporâneo for o assunto tratado, mais o livro se conforma em dar conta apenas daquilo que foi recebido no espaco cultural das línguas românicas: é um livro sobre limites da leitura. Muito limitado.

domingo, 20 de dezembro de 2009

frio de lascar

desde que cheguei por aqui a temperatura está em torno de -10°C. Na sexta, chegando a noite em Viena, ainda deu para ir jantar na Vila e depois tomar um vinho no Savoy (enquanto a calefacao esquantava o apartamento), mas ontem e hoje a noite nao tivemos coragem de sair de casa. Ontem a tarde o frio era tanto que a Mariahilferstrasse, apesar de fechada ao tráfego de veículos por ter sido este o último sábado de compras antes do Natal, estava relativamente vazia (é verdade que mesmo com a rua interditada, as pessoas andavam quase que exclusivamente pela calcada, para ficar mais perto do calor que vinha das portas das lojas abertas); as filas dentro das lojas eram grandes, mas ninguém parecia ter que perder mais de dez minutos nelas.
Já hoje o frio de -12°C e o vento intenso fizeram os trens parar e o caos se instalou: quase congelei tendo que esperar 30 minutos pelo trem a Winzendorf. E ali tinha gente esperando há horas....
Alexander ainda cresce (está super alto) e Valerie também cresceu e mudou um pouco do meio do ano para cá. Acertei em cheio no presente que comprei para ela no aeroporto de Lisboa!Lawrence, o novo cao dos pais de Christopher, nao deixa ninguém em paz. Muito bom reencontrá-los.

sábado, 19 de dezembro de 2009

da Bahia à Europa

Toda vez que entro em um aviao da TAP tenho saudades da VARIG e, por consequência, raiva da incompetência e descaso brasileiros. O servico da TAP é invariavelmente grosseiro e mal educado. Em Lisboa, chovia muito ao descer do aviao. A Espanha coberta de neve já demonstrava a onda de frio, super bonita a paisagem vista de cima. Em Munique o gelo chegou cortando quando as portas do aviao foram abertas. Ao chegar em casa em Traunstein, o termômetro marcava -9°C, duas horas depois, -11°C. Tudo coberto de neve.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

o melhor e o pior de 2009, a complementar até o final do ano

o melhor de 2009
Christopher ter estado mais de uma vez no Brasil, o show de Morrissey em Viena, banda Cyria, Desata-me reunida no início do ano (16 anos depois),Verona, o lago de Garda, o Südtirol, ouvir o barulho das ondas de madrugada, a visita de Doug e Ramiro, o workshop "que cidade é essa?", o Rio de Janeiro em setembro, as conversas com Max, a recuperação do Fluminense, twitter, flickr, Hell and Heaven em Costa do Sauípe, Samba da Gamboa na TV, almoços no Moreira, Tarantino, as atuações de Celso Jr. e Andréa Elia em Caso Sério, Dent May and his magnificent Ukelele, Boechat e José Simão na rádio pelas manhãs, vários momentos do cqc, o Museu Brandhorst em Munique (de Sauerbruch & Hutton), a festa de verão do LC4 em Salzburg, Vargas Llosa, archdaily, gossip, andrés jaque, lavagem do bomfim, os shows de marienne, Vocês os vivos (o filme), Palma de ouro para Haneke.

o pior de 2009
Salvador, a recepção oficial do governo brasileiro ao presidente do Irã, a relação entre o governo brasileiro e Zelaya, os ônibus de Salvador, o incentivo do governo brasileiro à venda de automóveis particulares, Regurgitofagia (no TCA), os gastos com publicidade feitos pelo governo do Estado, os números da violência na Bahia, o serviço do Banco do Brasil, o fim do Marquês, a UNIBAN e seus estudantes, o show no Farol da Barra para a festa do 2 de julho, a greve da Caixa Econômica, o calor em uma cidade sem árvores, corrida de carros no CAB, cenas de um jogo do Bahia pela TV, o carnaval, a histeria ao redor da gripe suína, a polêmica sobre o projeto de Herzog & de Meuron para Sao Paulo.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

95 anos

hoje, 14 de dezembro, minha avó completa 95 anos. Ela gostou muito da festa, que foi sábado, casa cheia, vários filhos, netos e bisnetos: minha avó se emocionou quando todos cantaram para ela sua canção preferida.

fechado,

em Viena, o Südbahnhof...... agora é memória.

domingo, 13 de dezembro de 2009

o ano do rádio

nunca ouvi rádio tanto como em 2009. Como algumas pessoas que foram adolescentes nos anos 80 em Salvador, a ascensão comercial da música para o carnaval feita nesta cidade me afastou completamente deste meio de comunicação. Em uma cidade de hegemonias sufocantes, apenas alguns programas na aratu fm daquela época serviam de motivo para seguir algo pelas ondas de transmissão. Quando a Transamérica passou a transmitir o programa do sudeste do país, já era tarde, a aversão era definitiva.
Em Viena, a melhor rádio é obviamente a de música erudita, mas tem o problema de falarem demais (as rádios de música eletrônica e alternativa são ótimas, mas ganharam corpo apenas na segunda metade dos anos 90 por lá). Apenas com a internet é que minha relação com a rádio começou a mudar.
Mas se este é o ano da rádio, o é graças ao programa de Ricardo Boechat pelas manhãs. Informação e diversão, comentários abertos e incisivos, o tipo de noticiário que há muito tempo faltava. Os comerciais são repetitivos demais e a tal da Hora da Indústria Brasileira, ou algo assim, tem um nível de tédio dos piores momentos da hora do brasil: nada que diminua a condução do programa, dez. Eu já acho que o Boechat da TV deveria dar lugar ao da rádio, e ser acompanhado de gente mais, digamos assim, animada.

distantes....

muita gente no Brasil acha que o Texas é o lugar mais conservador do mundo, algo assim entre o Afeganistão dos Talibãs e a Polônia governada pelos irmãos Kaczynski. Pelo menos hoje esta imagem tem que mudar (para aqueles que até agora não têm idéia de Austin): Annise Parker foi eleita hoje Prefeita de Houston. Annise Parker é lésbica assumida e vai governar uma cidade grande nos Estados Unidos, algo ainda difícil de se imaginar nestas terras tupiniquins, cada vez mais intolerantes e ignorantes. Quem assiste a TV por aqui, abarrotada de falácias de incentivo ao ódio, poderia achar que esta é a terra de Bush. O Brasil parece mesmo cada vez mais perto do Irã.......

sábado, 12 de dezembro de 2009

o ano d ou um balanço musical

este balanço não é sobre arquitetura; neste ano que passei em Salvador depois de algum tempo fora não consigo lembrar de nada no campo da arquitetura local que merecesse entrar em um balanço de 2009.
Por sorte música nao está tão ligada assim ao lugar. E em termos de música, este ano foi o ano da letra d. No Brasil, Diogo Nogueira se tornou o cantor que há tempos fazia falta. Diferente de vários lançamentos de filhos de alguém dos útlimos 10 anos, que só fazem desdizer o ditado "filho de peixe peixinho é" (talvez Martinália seja a exceção entre tantos filhos de estrelas passadas que deveriam ter escolhido outra carreira), Diogo Nogueira é excelente cantor, sabe muito de samba, é simpático e alto astral. As canções de seu disco mostram uma versatilidade grande para quem já fez sucesso com sambas-enredo. O único senão do CD é a recorrência da citação da palavra deus, que eu espero estar ali apenas para dar um toque de discos antigos de sambistas como Cartola. Produção correta, música quase atemporal, quase conservadora, mas na voz de um cara bamba de verdade. Mais um verão do samba.
Fora do Brasil, o que mais curti este ano foi Dent May and his Magnificent Ukelele. Diversão e inteligência com muita irreverência (basta ler o nome da banda) e clips adoráveis. Dent May ... é a minha resposta imediata à pergunta: "o que é que você está curtindo agora?" Quando um desenho é levado cuidadosamente a todas as partes do que está sendo produzido, quando se canta bem, quando o produto pop é inteligente e múltiplo, quando um instrumento é tomado como fetiche-homenagem-deboche, quando a música é displicente, magnética e melódica. E faz rir muito. "I'm an alcoholic....!"

sete dias....

sem computador, estou literalmente desconectado.

domingo, 6 de dezembro de 2009

vem chegando o verão....

em Salvador, são os dias da segunda florada: tudo que tem flor (e nesta cidade é quase nada), está novamente colorido, é para aproveitar, porque agora vai demorar....

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

do começo ao...... fim com uma piada antiga

Assisti a "Do começo ao Fim" na sexta-feira, sala pequena no shopping, bastante cheia considerando o horário da sessão, 23:45. Estava na dúvida se postava algo sobre, o que já diz muito. O filme é uma grande decepção frente ao que o super bem editado trailer prometia: as imagens são bonitas, os atores são bonitos, mas a história..... não tem. Elogiei aqui "De repente Califórnia" (Shelter) por ser um feel good gay-movie, mas considerando o tema do incesto, "Do começo ao Fim" é relax demais..... não precisava terminar em tragédia nem em tristeza, mas se espera alguma dificuldade social em lidar com o tema...... no filme, esta espera é em vão. Ou alguma discussão psicanalítica em torno da figura da mãe, outra vez nada.
Os atores mirins roubam a cena (e por isso esta parte do filme deve ter a duração que tem), a música é excessivamente dramática e alta, Julia Lemmertz sempre muito bem, e chama a atenção por motivos óbvios a profissão do pai do filho mais novo: arquiteto. Combina bem a imagem da profissão com a desejada liberalidade pouco comum para o personagem, embora entre esta imagem e os arquitetos que conheço haja um grande abismo.
Mas isso me fez lembrar uma piada que escutei quando estudante de arquitetura: "existem entre os seres humanos 6 diferentes orientações sexuais: homem que gosta de mulher, mulher que gosta de homem, homem que gosta de homem, mulher que gosta de mulher, Caetano Veloso e arquiteto." Deve ser por aí a naturalidade excessiva do filme; nem na Califórnia!

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

quem pode me dizer?

quantos metros quadrados de habitação podem ser construídos com o que se gasta com 1 hora de vôo, exatamente a duração do vôo que esta semana levou ministros para contemplarem do alto as áreas atingidas pelas chuvas no Rio Grande do Sul?

domingo, 29 de novembro de 2009

postes ao chao

Hoje vi dois postes levados ao chao por motoristas de automóveis e acabo de ler no jornal que um terceiro também foi derrubado na Av. ACM. Domingo pelo visto está se tornando o dia de um novo esporte em Salvador, pena que provavelmente motivado somente pelo vazio das ruas e nao por tentativa de melhorar voluntariamente a paisagem da cidade, livrando-a do emaranhado de fios.

tricolor

drmukti é tricolor :-)

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

maldade:

o jeito como o surto de meningite está sendo tratado na Bahia. Os filhos dos pobres vao morrendo, semana a semana.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

outra imagem

Primeiro Honduras, agora o Irã, e nesse meio termo, o terrorista italiano, que afirmou hoje: "acho que vou ficar no Brasil". O governo Lula está destruindo algo que será muito difícil de refazer, a boa imagem do Brasil no mundo. Nao terá futebol, mulata, carnaval ou olimpíada que dê conta de tamanho estrago. Um horror.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

"primeiro mundo se for, piada no exterior, mas o brasil vai ficar rico...."

mais ou menos à época em que o legião urbana gravou esta canção, um famoso publicitário brasileiro dizia que o brasil era primeiro mundo em três áreas: música popular, automobilismo e publicidade. Em automobilismo, trocamos Piquet e Senna por Barrichello, a música brasileira está mais morna do que fria (desde a pausa de Los Hermanos, apenas há alguma luz no revival do samba, que já dura mais de um ano, mas é revival mesmo) e a publicidade made in brasil definhou sem saber o que fazer com a internet.
Logo agora que estamos ficando rico, pleno de gerúndios? Enquanto substituímos a riqueza da floresta por soja e pasto, uma parte dos impostos é detonada em automóveis particulares que circulam por ruas de trinta anos atrás, e outra estimula em forma de programas assistenciais a verticalização das favelas, hoje em dia acho que de primeiro mundo mesmo o Brasil só tem os biscoitos piraquê.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

a todos que confundem natureza e cultura

Como o presidente do Irã, que infelizmente foi recebido pelo presidente Lula hoje no Brasil, muita gente confunde natureza e sociedade, especialmente misturando com noções abstratas como a de deus, para defender ódios, preconceitos e assassinatos.
Em primeiro lugar, só é possível falarmos sobre natureza porque a olhamos de fora, do mundo artificial, da cultura, um é condição para o outro. Em segundo lugar, o universo da relação entre as pessoas será sempre um cultural, sem chance de volta a qualquer naturalidade (a não ser que venha a grande bomba: aquela que muitos países estão ávidos por ter), mas aí não teremos mais pessoas. Em terceiro lugar, todos os avanços materiais que temos são decorrentes daquela grande mudança de relação com o mundo - o fim das "verdades" religiosas, ou melhor, superstições e dogmas - que aconteceu no mundo ocidental entre os séculos XVI e XVIII e que possibilitaram o surgimento da ciência moderna.
Por isso, eu acho que gente como o Sr. Ahmadinejad, que mistura deus com natureza para propagar a intolerância, não deveria usar avião, celular, internet, televisão, elevador, e principalmente antibióticos, vacinas e remédios de base sintética. Se ele fosse coerente com o que ele diz, ele até poderia querer vir visitar Lula, mas iria demorar tanto e teria tantas dificuldades atravessando a África em lombo de camelo e cavalo, e depois para superar o Atlântico de barco (não de caravela, que já é uma embarcação muito moderna), que ele desistiria. O que seria uma pena, pois os perigos naturais seriam tantos e tamanhos que as chances de ele não chegar por aqui seriam com certeza bem maiores do que a do avião dele cair.

sábado, 21 de novembro de 2009

monstro

Em entrevista ao Jornal da Globo ontem à noite o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, mostrou claramente o monstro que ele é: sua opinião sobre os gays é perfeitamente alinhada com a prática oficial do país que ele preside, onde adolescentes são executados em praça pública apenas pelo fato de serem homossexuais.
Senhor Ahmadinejad, não há como envolver a população brasileira na sua opinião pessoal sobre os homossexuais.
É uma vergonha que o governo brasileiro receba uma pessoa destas na condição de líder político de um país. Que este senhor seja amigo pessoal de quem quer que seja do governo e assim o seja recebido, é um problema individual de cada um. Mas tratar oficialmente e receber no país uma pessoa que representa as idéias e ações que este senhor defende, é o equivalente de ter mantido relações com o regime de Appartheid da África do Sul e receber à época o líder de tal governo no Brasil.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

repetição

você pode deixar alguém muito nervoso, você pode realmente irritar algumas pessoas, muitos vão começar a achar que você enlouqueceu (e talvez seja esta a sua intenção): repita a mesma sentença, na mesma situação, frente a uma platéia mais ou menos constante, para tentar ver se a mesma resposta terá alguma variação. Durante meses.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

mulheres de saia comprida

Assisti a O Anticristo, de Lars von Trier, no fim de semana e este foi o primeiro filme do diretor de que não gostei. Fiquei pensando que pela primeira vez as acusacoes feitas a um diretor quando da estréia tinham uma razão de ser. A maior mensagem do filme - sim, o filme é de mensagem, o que já é estranho, para não dizer cafona - é que em caso de teres que decidir entre um psiquiatra e um terapeuta, não vaciles, prefere aquele que receita remédios. Além de mensagem, o filme é cheio de simbolismos..... outro problema...
As cenas de violência são gratuitas (muito distinto de Tarantino) e alguns cortes, a raposa falando, os sustos, a floresta, e o mistério (aqui muito visual ou muito explicado demais) sugerem uma influência de Lynch. Cheia de ansiedade.
A abertura do filme, construída com o mesmo recurso narrativo da abertura de Up, o desenho animado, é uma maravilhosa ode ao video clip, apresentando o tema da água em uma estética que atualiza para o mundo digital os clássicos preto e branco dos anos 90, à maneira dos videos dos Pet Shop Boys ou Madonna (às vezes alguns contrastes e a iluminação adquirem um tom entre nostálgico e demodê).
A paisagem natural é muito próxima à de Traunstein, no bosque da cidade. E isso é tudo.
Entre todas as mulheres que sobem a colina, nenhuma teria problema na Uniban. Esta é uma imagem importante para o filme. Não há ninguém de minissaia, nenhuma mulata assanhada, ninguém com uma roupa colada definindo curvas robustas. Ficou difícil aceitar aquele coletivo vestido de crente como "as mulheres". Era isso.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

novembro iniciando pela música

ou, usando a frase de Celsinho, o que está bombando no meu mp3-player: Dent May and his magnifcent ukulele, em especial a canção Oh Paris! E já estou escutando as canções há várias semanas. Acho que é a melhor coisa que ouvi faz tempo (saudades do Two Gallants......). No ensaio de quinta tocamos "There is a light.....", que o pessoal tinha tirado no dia que nao fui, e me arrepiei, claro. Tou gargarejando para ver se a voz melhora. Será que eu ainda convenço a galera a tocar Oh Paris! ? Acho que vou comprar um cavaquinho.
Acabo de ler que Dent May está com a gripe suína, e cancelou os shows desta semana....

domingo, 25 de outubro de 2009

domingo de manha na tv, parte 2

o lançamento imobiliário em si já é uma temeridade (no Rio Vermelho, no meio do engarrafamento 24 horas, época de novos parâmetros urbanísticos, novos gabaritos e as ruas aquelas mesmas projetadas para dar acesso a casas), mas o trecho do programa a que assisti hoje chamava a atenção por outro motivo.
Ao ouvir a entrevista sobre a decoração dos espaços comuns e do apartamento demonstrativo, assinada por duas arquitetas, me veio a impressão de que tudo está muito errado mesmo: as perguntas e as respostas eram apenas pontos para que fosse feito um comercial dos serviços e produtos relacionados àquilo que estava sendo filmado. A atividade do arquiteto aparece ali, num programa de domingo pela manhã, como a de um simples anunciante comercial de objetos, serviços de marcenaria e tecidos. Mesmo com algum traço de ingenuidade, me permitam dizer aqui: arquitetura é outra coisa.

sábado, 24 de outubro de 2009

um primeiro e rápido balanco do workshop

Ontem terminou o workshop "Que cidade é essa?" e, apesar da ressaca do cansaço, já estou com saudades. Para mim foi emocionante ver tantos estudantes, professores e convidados trabalhando com tanta vontade a partir de temas primordiais para a melhoria da qualidade de vida na cidade de Salvador. A produção de uma semana é simplesmente fantástica.
O grande lance é provavelmente ver pulsante uma certa noção de otimismo que, assim eu entendo, está intimamente associada à profissão de arquiteto. Já estou pensando na próxima edição, podem aguardar!

domingo, 11 de outubro de 2009

na tv domingo pela manha

como quem não quer nada, liguei a tv e dei uma olhada geral nos canais, parei num anúncio de um condomínio feito por uma mulher de voz rouca. Não é preciso comentar a edificação a que ela se referia, mas o texto era interessante: "o condomínio está localizado próximo às necessidades básicas da família, como escolas, áreas de lazer, shoppings, etc" Este modo arquitetônico de anulação do uso da rua na cidade de repente se tornou uma necessidade da família soteropolitana!
Na sequência, em vídeo gravado em dia de menor rouquidão, a mesma apresentadora falava maravilhas de um outro empreendimento, cuja perspectiva demonstrava semelhanças indiscutíveis com os já demolidos complexo penitenciário do Carandiru, em Sao Paulo, e o conjunto Pruit-Igoe, em Saint Louis, nos Estados Unidos. É tudo tão redondo, certinho, tão conectado, que não pode ser coincidência: estamos celebrando o enterro de uma cidade.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

nem berlusconi.....

é mais igual que os outros, hoje sua imunidade frente à justiça caiu, uma lei que ele mesmo tinha feito para se proteger. A partir de hoje volta a valer na Itália a noção básica de que todos são iguais perante a lei. Ele deve estar com inveja de Sarney, que nem precisa de uma lei para isso, basta a palavra do presidente do país!

terça-feira, 6 de outubro de 2009

casa da mae joana

mais uma embaixada brasileira invadida: estudantes em Caracas exigem que o Brasil faça a intermediação para que a comissão de direitos humanos da OEA vá a Venezuela. Eles têm direito, está na hora: incomodados e inconformados de todo o mundo, uni-vos, as embaixadas da mãe joana vos acolherá!

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

provincianismo baiano, reloaded

a cobertura que o jornal de maior circulação do estado fez em sua versão online do nascimento do filho de Ivete Sangalo é tão idiotizante, estúpida e cafona, que parece ter sido escrita por uma das garotas de 12 anos de idade que permaneceram à frente do hospital no fim de semana na condição de fã da cantora. Acho que as garotas fariam melhor. Logo estaremos no lugar onde o vento faz a curva, rebolando.

domingo, 4 de outubro de 2009

mais de 20.000

minhas fotos no flickr chegaram ao incrível número de 20.000 visualizacoes, os sites do ArchDaily e Plataforma Arquitectura contribuíram muito para isto.

sábado, 3 de outubro de 2009

2016


Paço Imperial, Rio de Janeiro

Faz exato um mês eu estava no Rio, para o seminário do docomomo. A forte impressão que esta estadia deixou em mim registrei aqui em algumas postagens: a cada visita, nos últimos 15 anos, o Rio vem se tornando uma cidade cada vez melhor; o salto de um ano e meio para cá é entretanto incrível.
O fato de o Rio ter vencido a candidatura à sede das Olimpíadas de 2016, por mais que nós brasileiros sejamos melhor em publicidade do que em qualquer outra coisa, corresponde não somente a um projeto de futuro, é fruto de um forte movimento que já é parte do cotidiano da cidade. Desde a perspectiva de alguém que vive em Salvador, o Rio é hoje um lugar onde os moradores resolveram enfrentar os problemas e tomar as rédeas da cidade.
A emoção de ontem tem a ver com a sensação de estar no caminho certo.  A senhora, meio decadente, despeitada por ter perdido o trono, parece ter ficado definitivamente para trás.

domingo, 27 de setembro de 2009

california, não tão de repente

Há uns dias atrás assisti ao filme De repente Califórnia (título original Shelter), um "feel-good-movie" de temática gay. Algumas pessoas haviam se referido ao filme como "uma sessão da tarde qualquer, uma história boba, besta, de diferente apenas o fato de a história envolver dois personagens gays". Pensei que exatamente isso me atraía em ver o filme.
Fui e gostei. É verdade que eu estava precisando de assistir a um "feel-good-movie". E desde o início me perguntava a relação que poderia haver entre o título da canção de Lulu Santos e o filme, e aparentemente não há nenhuma. Mas continuo não entendendo a percepção negativa de um filme gay com uma história bobinha de final feliz: saí do cinema achando que este era um dos grandes lances do filme.
Há uns vinte e cinco anos atrás, na época da canção praeira-surfista "I-wanna-be-like-the-USA" de Lulu Santos, quando o Legião Urbana recorria a uma retórica envolvendo medo, culpa e confusão, para rimar com um " meu corpo [que era o] teu espelho", teria sido inimaginável um filme assim. Filmes gays, que envolvessem coming outs ou histórias de amor ainda tinham uma chance grande de tratar do suicídio de um dos personagens, tristezas e impossibilidades.
E o filme é bom nisso: atores com ótimo desempenho em uma história de descoberta e amor, que não deixa de ter todas as incertezas de um coming out, mas sem grandes tragédias inevitáveis. Ao contrário. Ele é como o reverso saudável de Brokeback Mountain. Substitua os cowboys por surfistas, ponha a história poucas décadas à frente, e veja o que mudou.
Um ponto alto do filme é a sua trilha sonora: não há como duvidar que a melhor música popular do mundo vem desde há muitas décadas dos Estados Unidos. Compare por exemplo a qualidade das canções especialmente compostas para o filme com o tipo de música que a Globo vem usando em suas novelas, e você provavelmente irá concordar comigo.
Os vinte e tantos anos entre a canção e o filme (os dois De repente Califórnia) não são tão de repente assim. Mas se há algo que relaciona os dois, então é a determinação na costa do pacífico de "nem sentir saudade do que já passou". Você já foi à Califórnia?

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

mania de grandeza ou tirando onda

Seria coincidência demais tudo acontecer na mesma semana: o abortado mini-golpista de Honduras com pretensões chavistas volta ao país e se instala na embaixada brasileira; assembléia geral da ONU; o Brasil, que pleiteia uma vaga permanente no conselho de segurança, solicita uma reuniao para tratar do assunto; o Brasil falta à reuniao sobre o meio-ambiente (para nao desviar as atenções?); o presidente do Brasil falará hoje diante da assembléia das nações unidas. Antes só os grandes usavam de problemas de países pequenos para vantagem própria. Parece que o Brasil está tirando onda...

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

o desaparecimento de jane fonda

A derrubada de barracas de praia na orla de Salvador é algo que somente pode ser elogiado. Há que apenas manter a vigilância para que as que restaram venham a ter o mesmo fim, e nao servirem de núcleos para uma retomada da praia pelas cadeiras e mesas em algum futuro próximo.
Porém, com a derrubada de algumas barracas na Pituba e em Amaralina, há alguns dias, foi-se embora também um dos letreiros comerciais mais inusitados do mundo, se é que aquela placa de madeira com as letras talhadas pode ser enquadrada em tal categoria: em frente à chegada da rua rio grande do sul na orla, foi levada junto com a barraca a placa que a anunciava, onde há anos estava escrito "Jane Fonda, um toque de aconchego" , e com ela foi-se algo de deliciosamente absurdo e divertido, nonsense total na paisagem urbana do bairro. A Pituba ficou ainda mais careta.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

arquitetura (?) e publicidade, e uma mulher de braços cruzados

quem atualmente passa pela orla de Salvador, no sentido Itapoã, vê à sua mão esquerda, logo depois do largo de Amaralina - onde baianas insistem em vender acarajés sob coberturas improvisadas e escondidas por um placa da prefeitura - um imenso outdoor triplo que anuncia um empreendimento imobiliário, cuja campanha está bastante presente em todas as mídias locais.
Este será o primeiro edifício com mais de 6 andares nas quadras próximas à praia no bairro da Pituba. A peça gráfica porém é desconcertante: do lado esquerdo, uma foto da praça nossa senhora da luz, em dia de sol: uma área aberta, de lazer, ainda que gradeada, próximo ao endereço do futuro edifício. Do lado direito, uma fotomontagem onde se vê uma imagem em perspectiva do edifício inserida em uma foto do sítio, enfatizando a vizinhança da praia, de novo, exuberantemente ensolarada.
No centro, no entanto, uma mulher de cara fechada e braços cruzados, vestida de preto, com mangas compridas e gola alta, algo que parece mesmo um pulover. Intuitivamente, associamos as outras duas imagens a alguém em roupa de banho ou de esporte. A primeira pergunta que vem à cabeça, bem ingênua, é: se quem vai morar neste prédio, veste-se assim, porque escolher este endereço? Isso porque com o sol todo das fotos, nao dá pra sair na rua assim, menos ainda ir ali caminhar na praia.
A pergunta é ingênua porque quem conhece esta cidade sabe que os moradores da Pituba não usam o espaço público do bairro e não parecem nem um pouco interessados em cuidar dele. Qualquer domingo, qualquer feriado, quem passa por aquele trecho da orla verá uma imensa massa construída de edifícios habitacionais e uma praia deserta. É uma imagem surreal (considerando como real Copacabana, Ipanema, Boa Viagem, etc). Eu sei, a praia da Pituba é poluída. Mas nestes anos todos nunca ouvi falar de um movimento dos moradores do bairro para salvá-la.
A mulher de preto do outdoor parece assim bem inserida no bairro: a praia, a praça, as calçadas, tudo está ali como um desperdício, porque são muito pouco usadas por quem ali mora. Toda de preto e de gola alta, de garagem em garagem, a mulher do outdoor está verdadeiramente apta a ir morar na Pituba, de frente para o mar. E afirmar e consolidar a ausência de urbanidade de Salvador.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

melrose place 2.0

Quase pensei que fosse brincadeira quando li a manchete no New York Times agora há pouco: estréia amanhã nos Estados Unidos um remake de Melrose Place!!! Estamos velhos, definitivamente! O texto do NYT é engraçadíssimo, comparando o contexto de pujança econômica da versão original (nos idos de 1992) com o de crise da nova.
Surpresa mesmo foi saber que Sidney e Michael Mancini serão interpretados pelos mesmos atores que os representaram nos anos 90; na Áustria a série passava aos sábados, final da tarde, e no inverno era programa certo para ser acompanhado de café com gugelhupf. Porque não nos preocupávamos em engordar. Era só diversão.
Uma cena inesquecível: Kimberly revela a imensa cicatriz da cirurgia de lobotomia que havia sofrido. Ali a teledramartugia brasileira perdia definitivamente alguma chance no cenário mundial, pois a partir daí no mundo inteiro passou a valer os absurdos descritos por Vargas Llosa em La Tia Julia. A melhor série da tv alemã, por exemplo, tenta desde meados dos anos 90 ser mais mexicana do que as venezuelanas. Divertidíssima.
O texto do New York Times:
http://www.nytimes.com/2009/09/08/arts/television/08melrose.html?_r=1&hpw

compartilhando uma alegria

A editora alemã, para a qual fiz o design de uma capa de livro, pediu-me hoje a permissão para usá-lo em variações de cores como capa de toda uma série de livros sobre o mesmo tema!

sábado, 5 de setembro de 2009

moda e gênero no rio de janeiro

Os homens no Rio de Janeiro, quase todos, carregam mochilas. As mulheres não carregam mochilas. A linha de separação é tão nítida que já nas primeiras horas na cidade é impossível não notá-la. As mochilas seguem um determinado padrão de desenho: são predominantemente pretas, relativamente pequenas e derivadas dos modelos projetados para caminhadas e acampamento, assim com alguns elásticos e zíperes, e podem ter algum detalhe em cor. Correspondem inteiramente ao ideal do carioca esportivo indo ao trabalho.
Mas o que realmente chama a atenção, é que os homens carregam suas mochilas da maneira como elas foram pensadas para serem carregadas, ou seja, atrás das costas, com as duas alças traspassadas no ombro. E este é sem dúvida um sinal de como as pessoas se sentem seguras no centro da cidade. Nas escadas rolantes, esperando o sinal verde para atravessar a rua, a mochila está sempre nas costas. Para quem vive em Salvador, parece uma cena européia.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

e depois do PV, em quem votarei??????

Domingo passado comprei a VEJA e as páginas amarelas me amarelaram. Desde que há algumas semanas se falava da ida de Marina Silva ao PV que eu tinha verdadeiramente me animado com a idéia. Mas a entrevista da mais nova filiada do Partido Verde me deixou sem opcao para as eleicoes: ela é contra a legalizacao do aborto, defende que o creacionismo venha a ser ensinado na escola como uma alterantiva à teoria da evolucao e acha que Deus criou o mundo.
Só votei no PT uma única vez, em 1989. Quando na campanha para a presidência em 1994 o partido dos trabalhadores resolveu nao apoiar o projeto de lei de Marta Suplicy que previa a uniao civil entre pessoas do mesmo sexo para nao entrar em conflito com a base católica, vi que nao poderia votar em forcas tao conservadoras, tao pouco emancipatórias. O compromisso ali já era outro. Até hoje nenhuma lei sobre a matéria. Viva o Uruguai!
Daí que desde 1994 eu vinha sendo um destes zero,alguma coisa por cento que votava no PV para presidente. Mas e agora??? Só restará o voto nulo?

só rio, sorrio, sou rio

depois de 36 horas no Rio, tendo comido em diferentes lugares, comprado bilhete do metrô, feito impressão de um texto, percebe-se como o serviço em Salvador deve ser um dos piores do mundo. Eu sei que isso não é nenhuma novidade, é só um desejo bastante tíbio de um dia viver numa cidade menos grosseira.

sábado, 29 de agosto de 2009

o imbuí e seu rio

quem lê hoje o artigo de A Tarde online sobre a ação do INGA contra a obra que pretende concretar o rio das pedras (que trocadilho!), pode perceber que o leitor do jornal entende tal ação como manobra política do governo do estado. E esta percepção é tão forte que não ha escrúpulo algum em tornar público uma completa falta de qualquer noção de ecologia.
A questão é complicada, já que é evidentemente absurda a idéia de concretar qualquer rio, mas um leitor(a) (identificado(a) apenas como Gilcimar) a coloca no ponto certo: porque este órgão (INGA) não embargou a obra da Av. Centenário ??? Ainda mais que o rio ali era bem menos poluído?
Algum político um dia pagará a conta por tudo isso???

domingo, 23 de agosto de 2009

DorminGo

Quem ainda for esta semana ao palacete das artes verá várias exposições de fotografias: talvez a curadoria insista em perceber uma continuidade no que está ali exposto em um único espaço, mas a primeira impressão é de que as fotografias contemporâneas poderiam estar mais separadas espacialmente das outras - de Voltaire Fraga e dos franceses - porque os pontos em comum são mínimos ou quase não há.
Ainda que as fotos de Verger, Gautherot, Manzon e Levi-Strauss não precisem de nenhum comentário (a sequência de fotos com as velas no chão na Amazônia e a foto do(a) mascarado(a) no carnaval são magistrais!), elas acabam funcionando como uma boa moldura para as obras de Fraga (que moldura!!!).
As fotos de Voltaire Fraga sao emocionantes, no sentido mais melancólico-nostálgico que a fotografia pode ser. Ali estão os populares bem vestidos com poeira no sapato dos anos 40 e 50, a Bahia que conhecemos através de Verger, os trilhos de bonde, o centro da cidade enquanto tal, cajus em cestinhas de palha, baianas do acarajé em contraste com o Oceania, vários edifícios que não estão mais de pé. Abundante Bahia, o título da exposição, começa a assumir um tom bastante irônico.
A foto mais bonita, e que talvez seja o retrato da Bahia que permanece no tempo, é aquela noturna, da rua Chile, com os neons das casas comerciais. O fantasma do bonde, o glamour chifrim da rua que atraía multidoes para usar a primeira escada rolante da cidade. Ali, Salvador parece sintetizada em todo seu imutável provincialismo (diferente e distante das fotos que mostram a lavagem do Bomfim, as festas de largo ou os vendedores dos cajus).
Interessante mesmo é ver o fotógrafo dormingo na cadeira de praia (o erro da legenda que sintetiza dormindo com domingo), a balaustrada do porto da barra e o pé ligeiramente inclinado do fotógrafo todo de branco às margens do dique. Todo de branco, até o sapato.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

na capa de Mark magazine

Vi na livraria em Viena e ri muito, com prazer: "todos estes filósofos franceses só me fazem ficar com sono", citacao da entrevista com o arquiteto japonês Riken Yamamoto. Perfeito! Archdaily está esta semana elogiando a revista, com razao!

terça-feira, 18 de agosto de 2009

mais um amigo de pedro, o hóspede

Secretária, mesmo da receita federal, é gente comum. Nao é ministra. Nem é senadora. Tem que provar o que fala. Os outros, os iguais, nao precisam.

sábado, 15 de agosto de 2009

cultura de um mês

Primeiro foi a vez da grande exposição sobre Carybé, muito bonita e bem montada. Agora, é a vez das exposições de fotografias no Palacete das Artes: apenas um mês em Salvador. Já é difícil de imaginar que a exposição de fotos de Voltaire Fraga tenha ficado apenas 2 meses em cartaz em São Paulo, pelo público em potencial, mas um mês apenas, por menor que seja este público, é muito pouco tempo.

sábado, 8 de agosto de 2009

auto(i)mobilismo baiano

Nunca escutei uma pessoa de carne e osso falar sobre Stock car. Conheco esta expressao apenas da tv, em anúncios de reportagens de programas esportivos. Dai o meu grande estranhamento ao perceber que, nas ultimas semanas ao abrir a versao online do maior jornal do Estado da Bahia apenas para ter uma ideia do que acontecia por aqui, ja que eu estava fora, a tal da Stock car havia se tornado manchete principal quase que cotidianamente, pois uma etapa da tal corrida acontece este fim de semana em Salvador.
Ontem pela manha, ouvindo as noticias na radio, tive o desprazer de tambem escutar uma propaganda (a palavra e essa mesma) do governo de estado anunciando a tal da Stock car como a maior das maravilhas, que ira trazer mutos beneficios ao estado. Mais uma vez muito dinheiro publico envolvido em um evento (sim, aqui a palavra novamente e acertada, algo que acontece e desaparece em seguida) vendido na mídia como se tivesse a capacidade de rendencao social que talvez a inauguracao de um hospital decente, de uma nova boa escola (ou apenas salarios muito melhores para os professores), ou de um sistema de transporte coletivo teriam. A efemeridade do evento porem traz a mesma volatilidade eficiente da publicidade, alem de dobrar os orcamentos. Tudo sob(re) controle.
Hoje pela manha foi a vez de um politico de grande influencia na Bahia afirmar que, como a Stock car, a vinda da formla indy (alguem que nao sejam os reporteres da tv bandeirantes assiste àquilo?) irá trazer muitos benefícios para o estado e que o fato de este outro evento vir a se realizar em Salvador é "um interesse de todos os baianos". Meu nao. De jeito nenhum.
Tudo isso me faz lembrar do segundo governo de J. J. Seabra, quando o homem que havia feito o porto novo e a Av. Sete só conseguia inaugurar estátuas pequenas em pracas. O imobilismo baiano é a recorrência do segundo governo de Seabra: quando do pao e circo, somente o circo ja basta, e esse com uma lona bem furada, animais que ja foram transformados em churrasquinho para os artistas que sobraram e uma arquibanca a ponto de desabar a qualquer momento, sem que com isso o espetaculo sinta necessidade alguma de parar. Por que pararia?

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

na direção contrária

Ontem a noite, no controle dos passageiros que desembarcavam da Europa em Recife, os funcionários da policia no aeroporto tinham mascaras para se protegerem contra uma possível contaminação pelo vírus da gripe suína. Considerando que no Brasil esta é no momento uma possibilidade muito maior do que na Europa, as máscaras não deveriam estar sobre o rosto de quem chega?

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

antes de viajar

Já comecei a arrumar as coisas. Depois de dois dias de calor, e um sorvete agora a noite, e um toró que nao caiu ontem. Deve chover amanha o dia inteiro. Família reunida para o almoço de domingo, Lawrence, o novo irish setter, cresceu bastante em duas semanas. No sábado aconteceu a festa do escritório, muito legal, música e churrasco, deu saudade. Sexta em Traunstein ao Wertstoffhof (levar roupa que nao usamos mais) e a noite no restaurante grego com Sigrid, como sempre muito simpática. Sexta e quinta nao fez calor, mas na quarta sim, em Munique, longa e produtiva conversa com orientador. Em Munique o incrível edifício de bastões de cerâmica de S & H. Kathrin encontrei no jantar, em salzburgo. Verona é uma cidade muito bonita, com a ópera na arena como espetáculo popular. Cantores sem microfone! Gardasse, Südtirol, jedem Mittwoch Volksfest, Radweg, Bergen, Sommer für 5 Tagen. Na terca em Traunstein com a galera do trem, Veronika, que havíamos encontrado por acaso na rua, organizou tudo. Calor umido e uns 18 graus se alternando. Valerie nao para de ganhar troféus jogando tênis. Brüno, um filme que ninguém precisa ir ver. Revendo muitos amigos. Trabalho. Leitura. O show de Morrissey, logo depois de ter chegado.

sexta-feira, 31 de julho de 2009

mistério esclarecido

Ao menos agora, com esta história resolvida em uma cerveja a quatro nos jardins da casa branca, pude entender de uma maneira mais precisa porque Obama havia dito que "Lula é o cara".

terça-feira, 28 de julho de 2009



Video com Inaki falando sobre seus quadros. Cada vez melhor.

domingo, 12 de julho de 2009

M O R R I S S E Y

Imaginem algo muito maior do que o que se espera. Lembrem de um presente que seja o mais emocionante que vocês já receberam.
Quando Christopher comprou os ingressos para o show de Morrissey, que aconteceu ontem aqui em Viena, eu já fiquei alucinado em pensar neste dia de estar no mesmo espaço que Morrissey, ouvindo-o cantar. É a turnê de lançamento de seu disco novo, e como ele já lançou alguns discos nos últimos 20 anos, eu ontem saí de casa e entrei no metrô com a mesma tênue esperança de quando soube dos ingressos comprados de quem sabe escutar uma, talvez duas canções dos Smiths. Pouco mais de uma hora e meia depois, quando o show foi aberto com This charming man, era difícil nao explodir. O gasômetro lotado explodiu junto.
Sim, ele tocou as músicas do disco novo, mas intercaladas de canções de outros discos e nada mais nada menos do que, além de This charming man, as seguintes canções dos Smiths:
How soon is now?
Why don't you find out for yourself?
Some girls are bigger than others
Please let me get what I want this time
Girlfriend in a coma
Ask
Era como um sonho ouvir Ask ao vivo, arrepiado em Please, please, please..., delirante.
Morrissey tirou a camisa e jogou para a platéia, composta para minha surpresa de muita gente com idade por volta de 30 anos. Engraçado foi ver muitas pessoas com camiseta do cantor ou dos Smiths. Era o primeiro show dele em Viena!
A banda é excelente, Alessandro ia pirar com a bateria (que incluía um gongo imenso chinês), o baixista fez dois solos alucinados e Doll and the Kinks, a banda que abriu britanicamente às 20 horas em ponto, era algo como se as músicas de Echo and the bunnymen e Siouxsie fossem cantadas por Cindy Louper, (a cantora tinha inclusive o mesmo chapéu coco), muito boa.
Pensem numa noite inesquecível....
Quem souber o email de Normando que faça este post chegar até ele!

sábado, 11 de julho de 2009

verao, 18 graus

Cheguei ontem a Munique, cansado, dormi pouco durante o vôo, pois muitos passageiros assistiram a uma comédia e riram muito. Eu vi dois outros filmes, uma comédia romântica boa "Ele não está tão a fim de você", com um elenco só de gente famosa, e um filme muito interessante e intenso com Felicity Huffmann, de cabelos pintados de preto, "Phoebe's wonderland".
Lisboa, como sempre, com policiais fazendo questão de ser muito antipáticos no controle de passaporte. Aqui tudo verde. À noite, em Traunstein, comi um fígado com batatas delicioso. Hoje pela manhã, chegando de trem em Salzburgo, vi a obra do prédio da Humboldtstrasse, que já está no primeiro andar, que emoção. O trem a Viena era um dos novos que não conhecia, super velozes e com um interior bem diferente. Daqui a pouco vou para o show de Morrissey, no Gasômetro.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

em ruínas

Anteontem passei pela Praça da Sé, depois de subir o plano inclinado. Tomei um susto: o Palácio Arquiepiscopal está em avançado processo de arruinamento. Os degraus da escadaria na sua entrada estão se desfazendo e uma calha rompida está simplesmente solta, fazendo com que a água da chuva destrua velozmente a sua fachada.
O abandono do centro antigo de Salvador é fato consumado, mas a igreja católica é uma instituição riquíssima. Ainda que não o fosse, ao menos o dinheiro conseguido com a venda da residência dos bispos no Campo Grande para dar lugar a um dos edifícios mais horrorosos da cidade deveria ter garantido pelo menos por um bom tempo a manutenção do Palácio.
Mas frente ao estado em que se encontra o claustro de São Francisco, também em Salvador, tentar salvar o Palácio Arquiepiscopal pode ser um luxo. Qualquer coisa na Bahia de hoje, que esteja além do nível da habitação para baixa renda de péssima qualidade, parece ser um luxo. Pobre país.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

funcionário padrão

Creio que todo mundo já deve ter visto em redes de alimentação rápida, quase sempre internacionais, mas não só neste tipo de estabelecimento, uma foto emoldurada com o melhor vendedor do mês ou da semana.
Tive que lembrar destas imagens quando vi na TV a reportagem sobre o médico plantonista em um hospital público no Rio de Janeiro que além de se recusar em atender três mulheres em trabalho de parto, escreveu de caneta no braço de uma delas as linhas de ônibus que elas deveriam tomar para ir a um outro hospital. As três crianças morreram e uma das mães estava internada até hoje.
Isto deve ter acontecido apenas por elas serem gente comum. Só gente comum vai a hospital público, aliás gente comuníssima. O tal médico parece ter raciocinado assim: "Gente comum já não tem direito a hospital decente, para que então ambulância? Ambulância só para gente especial, assim tipo senadores!"
Será que por tamanha desenvoltura lógica ele também irá ganhar uma foto emoldurada?

terça-feira, 30 de junho de 2009

cacoete

Sei que estes vícios de linguagem são como ondas, começam em um lugar, reaparecem em outros, vão e voltam, mas atualmente é difícil ter uma conversa em Salvador com mais de três frases que não inclua um famigerado "na verdade". Eu sempre tenho a impressão de que a última frase dita antes da expressão foi uma grande mentira e a conversa assume ares de quadros humorísticos da tv, onde parodiando novelas latino-americanas de língua espanhola, um personagem vai tirando uma sequência de máscaras, revelando identidades em cascata. Cascata é aliás sinônimo de inverdade.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

ladrão que rouba ladrão....

Segundo a Folha de São Paulo, "Em 24 de maio de 2007, Zelaya (o presidente deposto da Honduras) ordenou que todos os canais de rádio e televisão de Honduras passassem 2 horas diárias de propaganda do governo."
Ele queria de qualquer jeito impor um referendo, considerado ilegal pela Suprema Corte do país, dedicado a mudar a constituição para que ele se re-elegesse. Assim, tipo Chavez.
Eu até agora não sei quem não é golpista nesta história hondurenha.......

domingo, 28 de junho de 2009

escolha estranha

Entre as capas de jornais mundo afora, a do Jornal A Tarde talvez tenha sido a única que estampava a imagem, de péssima qualidade, que mostrava Michael Jackson sendo atendido na ambulância para noticiar na sexta-feira a sua morte. Os outros jornais ilustraram o cantor dançando ou cantando, ou através de uma de suas milhões de fotos promocionais. Provavelmente isso deve ter alguma relação com o sucesso absurdo na Bahia dos programas de meio-dia na TV destinados a divulgar imagens de gente agonizando depois de terem sido atingidas por algum tipo de violência. Questão de cotidiano. E de como tratar com ele.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

morreu Michael Jackson

Quando Thriller foi lançado eu já estava programado para nao gostar das suas cançoes. Em parte, uma pequena parte provavelmente, porque eu estava naquele grupo de adolescentes que achava o surf uma besteira, lia livros de Garcia Marquez e só escutava música brasileira (é, ainda existia disso na primeira metade dos anos 80). Madonna e Michael Jackson eram os grandes exemplos do que poderia haver de pior da cultura norte-americana.
A maior razão no entanto residia no fato de que o maior fã de Michael Jackson que eu já conheci pessoalmente era um garoto da vizinhança que também era a figura mais chata e antipática de todo o bairro (para mim, pelo menos). Ninguém no colégio, ninguém que eu tivesse conhecido até então era tão alucinadamente obstinado em se tornar o chefe de tudo, o líder de todos e todas as brincadeiras da vizinhança. Ele tinha o nome de Pelé (Edson, aliás nunca usado) e o apelido - cujas razoes até hoje não posso imaginar - de paizinho. Sabia todas as coreografias dos clips de MJ e por um bom tempo não abria mão da terrível combinacão michaeljacksoniana de sapato preto com meia branca. Nao lembro quanto tempo depois ou mesmo antes de Thriller (A.T. ou D. T., no tempo infinito de quem não era adulto esta é a divisão básica dos anos 80), deixei de falar com aquele cara, mas também era uma época em que os amigos do Colégio já haviam se tornado mais importantes no meu cotidiano do que os da vizinhança. De qualquer maneira para mim, Michael Jackson estava associado definitivamente à imagem deste vizinho, daí era difícil ter alguma simpatia por ele.
Mas tão presente quanto esta associacão, está na memória o inevitável fascínio pelo videoclip de Thriller. Da primeira vez que vi, deve ter sido no Fantástico, onde na época se viam vídeos de música, tenho uma lembrança clara de êxtase. A sensação de estar diante de algo completamente novo e radical, uma sensação que correspondia à transformação definitiva da música pop que dali sairia. A recepção de Thriller era proporcional - e inconsciente, e daí mais forte - ao reconhecimento da pontente inversão da relação entre imagem cinematográfica e música que aquele vídeo realizava. Não lembro quantas vezes o revi, ali entre 1982 e 1983, todos nós o fizemos. E gracas a Thriller guardo uma outra memória, esta muito afetiva, desta mesma época. Lela tinha por volta de 2 anos e morava na Pituba. Morria de medo dos monstros que, esfarrapados, abandonavam os túmulos para dançar com Michael Jackson. Primeiro, somente diante das imagens, depois apenas ao ouvir a canção na rádio, Lela saía de onde estivesse conrrendo em direção à mãe, pedindo "Macunjécsu não, mainha, que eu tenho medo!" Nós, adolescentes, ríamos com a sua pronúncia infantil do nome, mas Lela chegava a chorar e trocávamos logo de estação. Às vezes, só funcionava mesmo desligando a rádio, pois ele estava em todas.
Depois disso, Michael Jackson veio me emocionar ao trazer repetidas vezes para a televisão em Viena as imagens do Pelourinho e Olodum. Acho que até hoje esta deve ter sido a única ocasião para isto na TV na Europa Central. Eu lembro que, na época, um VJ da emissora de clips alemães Vivo chegou a comentar: "veja só, eu nunca soube que no Rio de Janeiro tinha estas casas históricas tão bonitas e coloridas."
Acho que temos que escolher uma canção dos Jackson Five para tocar no sábado. Lembro da infância e dos desenhos animados da banda. Homenagem musical.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

alívio

Ontem ao entrar no supermercado dei de cara com a capa de Veja desta semana. Fiquei aliviado. Até agora tinha achado muito fraca a reação da imprensa à defesa do Presidente da República de uma sociedade formada de cidadãos especiais e outros comuns. Ainda acho que em uma democracia decente a tal frase seria motivo da saída do cargo de um presidente ou primeiro-ministro. Mas com certeza este não é o caso do Brasil.

EUA 2 X 0 Espanha

The football is a tiny box full of surprises :)

sexta-feira, 19 de junho de 2009

a caminho da índia

Ontem, frente às denúncias de irregularidades no Senado, o presidente do Brasil disse que o senador Sarney deveria ser tratado de maneira diferente, que ele não era gente comum. Lembrei de um refrão bom de uma canção de sucesso de uma banda chata dos anos 80: "todos iguais, mas uns mais iguais que outros". Há gente que votava no partido do presidente por achar que coisas como estas deveriam ser mudadas... mas isso já é um passado distante. Eu fiquei achando que o presidente deve estar acompanhando com grande assiduidade a atual novela das oito da rede globo de televisão.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

entre a liberdade e o populismo

Artigo de Vargas Llosa em El Pais sobre a participação dele no famoso fórum na Venezuela há alguns dias. Poderia encerrar aqui, sem comentários. Mas fiquei pensando nas possibilidades que o Brasil hoje oferece aos governantes de fazer uma conexão entre os dados das eleições e aqueles de programas sociais.... dá medo.
O artigo de Vargas Llosa:
http://www.elpais.com/articulo/opinion/libertad/Hugo/Chavez/elpepiopi/20090614elpepiopi_13/Tes

terça-feira, 9 de junho de 2009

língua viva

Acabo de ler numa reportagem do Jornal do Brasil on line que o robô que irá procurar a caixa-preta do avião acidentado da Air France "circula em triângulos" !

domingo, 31 de maio de 2009

faltou coragem

E quando as regras teriam garantido igualdade de tempo, o queria-ser-já-quase-definitivamente-sendo ditador recuou....

quinta-feira, 28 de maio de 2009

velhos tempos

Como pode alguém querer impedir de falar o autor de La Casa Verde?

domingo, 24 de maio de 2009

palma de ouro para um dos melhores

Haneke é há muito tempo um dos meus diretores preferidos e é um prazer a notícia da Palma de Ouro em Cannes para o seu novo filme. Para quem já tinha ganho o grande prêmio do júri e o prêmio de melhor diretor, esta é uma consagração de peso. O destaque alcançado pelo cinema austríaco nos últimos anos - e não somente a obra de Haneke - é fruto de uma densidade longe de ser conseguida com um mainstream como o da Globo Filmes. E o cinema poderia servir a um paralelo com a arquitetura, entre a Áustria e o Brasil: prêmios de importância mundial dados a obras individuais têm nos dois países uma relação completamente diferente com o que é produzido em grande escala. Na Áustria há comunicação entre as duas instâncias, no Brasil elas permanecem isoladas.

terça-feira, 19 de maio de 2009

mudanca

sem que eu pudesse me programar, mudei bastante as minhas atividades profissionais na última semana, agora tenho um contrato em regime de DE com a Ufba. Logo retomarei o ritmo de atualização aqui no blog.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

o Enem e uma luz no fim do túnel para a bahia

Quando na semana passada foram divulgados os resultados do Enem, os jornais em geral repetiram os comentários de sempre: a diferença de desempenho entre as escolas privadas e públicas, as melhores escolas nacionais e em cada estado – e suas receitas de sucesso – e, no caso da Bahia, a constatação de ter o maior número de escolas entre as 50 piores do país e, o que parece mais significativo para o 4° estado mais populoso do país, apenas 3 (três)! escolas entre as 100 melhores.

Tais comentários ano a ano e o próprio Enem parecem-me não ter surtido efeito algum palpável na melhoria de ensino no Estado. O fato de universidades considerarem o resultado do Enem no seu processo seletivo tampouco fez elevar o nível geral, como atestado no último exame.

Mas se associarmos estes resultados à novidade anunciada pelo governo em relação à unificação a nível nacional dos processos seletivos através do Enem, então finalmente surge um mecanismo teoricamente capaz de elevar o nível de ensino no Estado através de uma concorrência verdadeira.

No Brasil até agora estudantes acabam sendo extremamente limitados na escolha da universidade em função do calendário dos exames vestibulares: a maioria já se dá por satisfeito se conseguir prestar todos os exames no seu Estado de origem. Em geral, torna-se muito difícil tentar no mesmo ano algum vestibular em outro Estado do país. E esta é uma das razões que permitem que, em um Estado como a Bahia, as escolas que formam os estudantes que ocuparão as vagas mais concorridas das Universidades no Estado estejam bem abaixo da média nacional.

A partir da constatação de que os outros três Estados com população maior do que a Bahia (São Paulo, Rio de Janeiro e Minas) tem juntos 73 escolas entre as 100 melhores do país – e que até agora a maioria destes estudantes esteve limitada pelos calendários de vestibulares – e que a mobilidade de estudantes hoje no país é muito maior do que há uma ou duas décadas, torna-se evidente que a unificação nacional do acesso à universidade através do Enem poderá trazer muitos cariocas, paulistas e mineiros para as universidades públicas da Bahia, aqueles que não tendo média para ingressar nas universidades públicas de seus estados, estarão muito à frente dos melhores estudantes baianos.

Em termos das classes média e média alta de Salvador que mantém seus filhos em escolas particulares caras, a situação é ainda pior: das três escolas entre as cem melhores do país, uma está em Feira de Santana, a outra é pública, o Colégio Militar de Salvador. Ou seja, há muita gente pagando muito caro por uma formação de base que, se tudo der certo para o bem do nível geral de educação no Estado, logo não irá garantir o acesso às melhores vagas de ensino superior na Bahia.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Nós, os vivos

Um comentário sobre o filme Vocês, os vivos, em cartaz em Salvador

Em estilo, poderia ser entendido como um filme à Jim Jamursch. A estrutura em episódios entremeados, o distanciamento entre o espectador e o que é contado, a seleção musical, um certo cuidado com a fotografia, que reluz o tempo todo. Mas "Vocês, os vivos", filme de Roy Andersson, vai bem além. Estocolmo apresentada como a essência do puritanismo, os ambientes com a decoração reduzida ao mínimo, brilhantemente situados dentro de uma arquitetura da época da reconstrução do pós-guerra e que marca as cidades da Europa do Norte e Central entre os anos 50 e 70 do século passado, um misto de vazio de objetos e um modernismo bege acinzentado de leves tons de azul esverdeado que serve como cena para vivos que estão entre a alcoólatra reclamona e o funcionário público carimbador padrão, assim umas figuras quase não vivas. A princípio.

Porque além de Jim Jamursch lembrei da luz com que Hopper ilumina as figuras de seus quadros, e então é como se os personagens do filme fossem as figuras de Hopper em movimento, com aquela mesma mistura de ansiedade e torpor no rosto. Este efeito, o de fazer lembrar da pintura, é reforçado pelo recurso estético central do filme, o de usar a câmera parada em quase todas as cenas.


Os espaços estão apresentados em perspectivas cuidadosamente construídas, em planos paralelos ao observador ou em ângulos bem marcados, em todo caso com um equilíbrio pictórico super detalhado, e sempre a serviço de evidenciar a profundidade espacial: o espaço é tratado com um rigor geométrico como em poucos filmes, quase obsessivamente, e nunca é contido: portas e janelas se abrem para ampliá-lo, pátios e praças se conectam a outros, vários planos verticais indicam o que segue, o que continua. Entre o Renascimento e Le Corbusier.


E esta contraposição equilibrada (entre a câmera parada associada ao tratamento geométrico e pictórico da cena e a profundidade espacial) é tratada como unidade para formar outros dois pares de compensação compositiva: um com a natureza (o dia sem fim, os trovões e a chuva do verão sueco) e o outro com a música, que ao lado dos sonhos (que trazem risos ao filme), representa ali tudo o que é vivo. Prestem atenção no baterista da cena do enterro.


Por duas vezes a palavra é dirigida ao espectador, em um recurso literário que surge para que o título seja entendido. E para lembrar que o espaço da pintura também nos inclui.

domingo, 12 de abril de 2009

O Pruitt-Igoe do pós-modernismo tupiniquim?

Sobre a demolição do Obelisco e passarela de Ipanema


O prefeito do Rio de Janeiro decidiu, a partir do resultado da enquete realizada pelo Jornal do Brasil em sua versão online: passarela e obelisco de Ipanema devem ser demolidos.

Quem acompanhou o jornal durante a última semana foi testemunha de uma série de reportagens que apresentavam argumentos relativos à queda de vendas dos pontos comerciais da área, da falta de privacidade para os vizinhos, dos problemas de orientação no tráfego, mas acima de tudo de caráter estético.

Quando o conjunto habitacional Pruitt-Igoe, localizado em St. Louis, Estados Unidos, foi demolido em 1972, apenas 16 anos depois de ter sido construído, as razões eram de ordem social: crimes e vandalismo o assolavam. Ao menos nos países anglo-saxões, esta data passou a ser usada como o marco do fim do modernismo.

Naquele momento, por menos que pudessem ser evidenciadas filiações, tentava-se enterrar tanto o programa governamental de habitação popular norte-americano como todo o legado vindo da experiência dos grandes e bem sucedidos conjuntos do modernismo dos anos 20 na Europa, no fundo, toda a experiência de arquitetura moderna. Bem, o cenário da arquitetura internacional dos últimos 15 anos indica que o legado do Movimento Moderno está tão vivo quanto nunca. E que o Pruitt-Igoe deveria mesmo ser demolido.

Da mesma maneira que as razões para a demolição do problemático conjunto habitacional eram de ordem social, as que justificam a demolição do obelisco e passarela de Ipanema são acertadamente de ordem estética. É chegada a hora de nos livrarmos em todo o país desta idéia de que cabe ao arquiteto distribuir enfeites sobre as fachadas das construções ou pórticos, traves, qualquer coisa que saia do plano do chão sobre as praças e jardins, com ou sem argumentos (pseudo-)históricos.

E se há pouco no Pruitt-Igoe da arquitetura moderna dos anos 20 europeus, há tão pouco, ou talvez menos até, do trabalho de Robert Venturi ou Aldo Rossi em quase tudo aquilo que no Brasil recebeu o rótulo de pós-moderno: frontões e colunas de gesso aplicados sobre edifícios de apartamentos, shopping centers ou igrejas neo-petencostais, ruínas inventadas, pórticos e traves em praças públicas e jardins, para os quais ninguém nunca conseguiu perceber alguma utilidade prática. Tudo mais ou menos de mau gosto.

Em Salvador abundam exemplos: a Praça da Inglaterra, com suas vigas de concreto pesadíssimas, o jardim dos namorados na orla, com seu Stonehenge multicolorido, a Praça Jardim da Pituba, com sua sequência de traves tortas, e outras versões menos robustas no Largo do Papagaio e na Madragoa. Mas creio que tudo isso não tenha o impacto negativo dos absurdos passarela e obelisco de Ipanema, que felizmente deixarão de tornar feio o bairro 13 anos após terem sido erguidos.

Que este debate, aberto pelo Jornal do Brasil, se estenda por todo o país e que o fim da passarela e obelisco de Ipanema se tornem um marco nosso, tupiniquim. Estamos precisando. Por razões de ordem estética.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

deu em A Tarde

Na edição de hoje, 10 de abril de 2009, a jornalista Mary Weinstein publicou um artigo sobre a demolição da casa modernista na Pituba, que eu havia comentado aqui. Para o novo proprietário do imóvel, boa edificação é aquela revestida de pastilha. Parece uma ode ao Júlio Cesar, ali no mesmo bairro.
Na mesma edição do jornal, o Sr. Amando Avena defende as últimas intervenções propostas e realizadas pelo prefeito de Salvador chamando-as de modernização, comparando-as inclusive com o Elevador Lacerda e as avenidas de Vale. Pelos exemplos locais que cita, o autor sugere modernização como o oposto de preservação. Estranho que ele não perceba que para a construção da pirâmide do Louvre, exemplo citado pelo Sr. Avena, não foi necessário por abaixo o edifício histórico.
Acontece que a já velha idéia de modernização também se moderniza e uma das suas forcas mais revigorantes foi a ecologia. Modernizar a Pituba não significa necessariamente verticalizar a sua orla. Enquanto as grandes cidades europeias, grandes mesmo ao lado de Salvador, orgulham-se de terem tornado limpos os rios que as atravessam, Salvador ainda "tapa" os seus, para esconder o fato de eles terem se tornado canais de esgoto a céu aberto. Moderno hoje seria tratar os rios.
Pois é, antes de Londres construir a roda gigante à beira do Tâmisa, outro exemplo citado no referido artigo, este foi saneado em um trabalho que levou anos. É que n
ão haveria público para uma atração destas ao lado de um rio fétido. E para saber que cobrir um rio com superfície impermeável não é a solução indicada, nem seria necessário observar o que europeus fizeram com os seus rios, basta olhar a cada ano no período de chuvas para o vale do Anhagabaú em São Paulo e ter um exemplo do que não deve ser feito.
Eu também gostaria de ver todas as barracas de praia retiradas da orla, mas também todos os restaurantes de alvenaria que querem sucedê-las. Eu também gostaria de ver as praias da cidade limpas, não só as da Cidade Baixa, senão também a Pituba, Armação, Boca do Rio, e sei que quanto mais moradores forem convidados a se instalarem na faixa imediatamente vizinha à orla, mais distante estará a possibilidade de que isso venha a acontecer. Hoje toda a drenagem de águas pluviais sem qualquer tratamento aparente - espero que sejam somente estas... - de toda a Pituba é despejada na areia da praia...
Continuo aguardando ansiosamente a grande época das demolições. Aquelas que atingirão os edifícios construídos e a construir depois da recente liberação do gabarito da orla.
E creio que a atual gestão já entrou para a história da cidade, ao menos pelo que fez com o calçadão do Porto da Barra. Minha opiniao sobre isto e sobre a Av. Centenário já escrevi neste blog.

domingo, 5 de abril de 2009

adeus ao moderno

Nesta segunda-feira, dia 6 de abril de 2009, esta casa na Pituba será demolida. Depois do abandono e demolição do Clube Português, este era o último exemplar de arquitetura de uma determinada época na orla do bairro. Nao era qualquer casa: sua varanda é/era (enquanto escrevo ela ainda está lá) icônica. No bairro como um todo, e mesmo em toda a cidade, resta quase nada agora. Vítima por último do novo plano diretor da cidade, seus vizinhos mais recentes já haviam tornado inviável seu uso como residência. Será que um dia a arquitetura desta cidade poderá retomar algum sentido de leveza ao seguir destruindo tudo que um dia tentou ser leve? Quando começarão a ser demolidas as coisas que realmente não deveriam nunca ter sido construídas?

quinta-feira, 2 de abril de 2009

we are all happy

Assisti a Happy Go Lucky (simplesmente feliz) no domingo passado. Fiquei pensando que, diferentemente de quase tudo o que já li sobre este filme, talvez o tema nao esteja tanto assim centrado na história de uma pessoa, há também uma leitura (ambígua), e com um ângulo de abertura maior, sobre a geração "convidada" a ser eternamente adolescente (até os trinta e poucos pelo menos). Tá na casa da irmã, está no final do filme, está nas reflexões ausentes, que nao reverberam. E o registro de como a música pop deu lugar aos videogames como objeto de identificação jovem é bem interessante. Gostei muito.

archigram disappointed

hoje dei aula sobre o archigram e as vanguardas arquitetônicas dos anos 60, e o grande, para nao dizer exclusivo, comentário dos estudantes foi sobre a exiquibilidade técnica do que foi apresentado.

sábado, 28 de março de 2009

fritzl e os outros fritzls

Quem acessar agora à tarde a Folha de Sao Paulo verá que Josef Fritzl, o chamado monstro de Amstetten, nao está sozinho: notícias de pais estupradores na Colômbia, na Itália e na Polônia, com filhos-netos em números semelhantes aos do austríaco, acumulam-se em uma seção própria do jornal.

É óbvio que a publicidade alcançada pelo crime cometido na Áustria colaborou para o vir à tona destas outras barbáries. No entanto, o fato em especial de uma pessoa ter sido mantida em um porão sem luz durante 24 anos foi definitivamente entendido como o cúmulo da crueldade e eu mesmo tive que ouvir piadas e comentários sobre possíveis porões da minha residência na Áustria e me vi muitas vezes coagido em defender o coletivo da sociedade austríaca de típicas extrapolações absurdas, daquelas que lidam com a imagem da Áustria como o país de Hitler e que tem o seu equivalente na do Brasil como o país das mulatas de Sargentelli doidas para dar.

Conheço a vida de um povoado na Áustria e, ainda que Amstetten não seja um povoado, os seus 22 mil habitantes não fazem dela nenhuma metrópole. Em cidades pequenas e povoados da Áustria ainda há um senso vivo de vizinhança e comunidade, há muito destruído no Brasil pela violência absurda que permeia as relações sociais. Além disso, austríacos em geral monitoram o tempo inteiro os seus vizinhos para que eles não incomodem o silêncio, tido ali como sagrado, com ruídos por mínimos que sejam.

Os outros Fritzl, na Itália ou na Colômbia, não precisaram construir porões, pelo visto havia uma tolerância coletiva para com o que eles faziam, gente que simplesmente sabia o que acontecia ou fingia não saber. Diante destes novos casos, o porão de Amstetten pode ser visto como talvez a única possibilidade estratégica de execução da bestialidade em uma sociedade que guarda alguma noção de coletivo social. Na Colômbia e na Itália, os mesmos crimes sociais aconteceram diante de uma indiferença e conivência social (de familiares, vizinhos, polícia, etc) provavelmente mais cruel e absurda – em termos da coletividade – do que o porão de Fritzl.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Esvaziado

Nunca vi um carnaval com tão pouca gente na rua. Primeiro, há alguns anos atrás a classe média da cidade deu espaço nos blocos aos turistas do sul do país, depois chegaram os turistas estrangeiros, depois eles tomaram também as ruas e neste carnaval definitivamente não havia nem mais os pobres nas ruas (somente aqueles que tem que trabalhar).

Sem os pobres na rua não há mais carnaval, e o outro lado disto é a escala desta vez definitivamente ultrapassada dos camarotes. O tamanho que eles assumiram dá conta do renascimento definitivo do carnaval dos clubes de antes do axé music, e parece não ser à toa que o mais representativo destes über-camarotes estivesse na área de um dos poucos clubes da cidade que ainda existem.

Eu não lembro de já ter estado num carnaval onde a passagem do ônibus fosse mais cara do que a cerveja, como foi no carnaval deste ano: enquanto uma cerveja em lata grande custava na rua 2 reais (uma do tamanho normal custava 1,50!), uma passagem de ônibus vale 2,20. Os ônibus além disso eram poucos. O farol da Barra esteve todo o tempo vazio, nas ruas de acesso nenhuma aglomeração, os dias que fui ao carnaval tinham cara de quartas-feiras de cinzas antecipadas.

Apenas a mídia propagandística pode falar de milhões de pessoas presentes. O que se viu é um resto triste de algo que um dia funcionou. Hoje Carlinhos Brown falou nesta direção, apenas com um certo grau de diplomacia. O problema é que nos últimos vinte anos o carnaval de Salvador havia se tornado plataforma para venda de discos, e como ninguém mais vende discos, ele tem que acabar como vem sendo para ser reinventado. Porque de minguado ele já passou.