sábado, 31 de janeiro de 2009

do samba na tv ao fim do verao......

Observar as vinhetas da Rede Globo que ilustram os sambas-enredo do carnaval carioca com pessoas vestidas com as fantasias permite-me ter uma noção de alteridade de uma clareza tal que não seria diferente se elas mostrassem música de gaúchos em seus bombachos ou de peruanos em suas roupas de padrões coloridos. Isto e aquilo é o Outro. Pelo menos para quem nasceu em Salvador e tinha mais ou menos vinte anos quando no carnaval só ia sair da rua quando o Ilê passasse.


Não sei porquê a rede globo de televisão ainda acredita que o carnaval do Rio ou sambas-enredo são apreciados dentro do Brasil para fora do território fluminense. Penso que um turista alemão ou francês assistindo ao desfile no sambódromo terá como diferença em relação a um baiano que ao seu lado tente acompanhar a música e o espetáculo apenas a dificuldade da língua. E o rebolado. Pior ainda, este ano, vi um vinheta que tenta unir a ideia de globalização ao nome rede globo através de um sambinha bem carioca.... mais equivocado não poderia ser.


Mas passando ao samba de verdade – não o da televisão – estive, outra vez, há mais de uma semana no Circo e no ensaio de Mariene de Castro. O Circo foi bem decepcionante, parecia que eles queriam desdizer tudo que escrevi antes do verão do samba (rolou axé, forró, e pouco samba). Já na festa de Mariene de Castro o som melhorou muito. Foi novamente muito divertido. Pena que ontem não teve...


E o verão já foi embora.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

inatingível

"Only when the goal is unattainable
Do I start to feel like I'm losing myself"
Little Joy

domingo, 18 de janeiro de 2009

Verão do samba

"Take advantage of the season..."

Little Joy, Brand new start


Um dia depois da lavagem do Bomfim, fui com Carolina ao ensaio da cantora Mariene de Castro, tomei todas, mas este não é o assunto; ou melhor, apesar de ter tomado todas, pude confirmar o verão do samba (corrijam-me se no verão passado já era assim, mas é que aqui não estive). O som de Mariene é finalmente uma versão pop daquele resgate do samba do Recôncavo que vinha sendo articulado há uns dez anos por alguns músicos que vinham sendo ou de raiz demais, ou jazzísticos demais, ou intelectuais-ligados-ao-chorinho, samba da Lapa demais (daí que nada efetivamente dançante). Mariene acerta na fórmula, provando ao tocar Secos e Molhados. O povo adora.


O espaço onde ela se apresenta é muito arrumado (para usar uma palavra com a intenção da língua falada), e apenas lá entendi um comercial que vi recentemente de um camarote de carnaval que anuncia com orgulho ar condicionado em todos os sanitários. Lá também tem. Ainda que continue achando que apenas isso já seria um despropósito ecológico, tenho que dizer que as instalações onde Mariene se apresenta primam pelo absurdo energético: tudo aberto, com inúmeras máquinas de ar condicionado em sistema split associadas a ventiladores: será que o álcool me ajudou a curtir o som ao me permitir esquecer isto enquanto estava lá? Bem, o serviço é execelente, não havia filas no caixa, nem no bar. E os sanitários são ótimos, grandes e limpos, e têm ar condiconado... (não sei se este têm ainda tem acento)


Mas Carolina, super antenada, já havia me levado a outros dois sambas do verão, o do circo Picolino às terças e o samba das moças aos domingos no Babalotim. Enquanto o som de Mariene está empacotado em um espaço a ser transcrito diretamente para um trio elétrico tocando voltado para um camarote que também tenha ar condicionado nos banheiros (aliás a ideía de camarote é bem estranha ali onde ela tem ensaiado), os outros dois são espaços realmente alternativos. O Circo parece ter a mesma lona do circo Relâmpago, a apresentação no bar acontece na verdade no terreno ao lado, esvaziado de automóveis para a ocasião. Mas não é isso exatamente o que importa – ainda que eu e Carol, a caminho do Rio Vermelho, tenhamos nos divertido muito sobre a dobra deleuziana que seria necessário para que uma banda se apresentasse em um bar cujas mesas ficam na calçada.


O som nos dois lugares é surpreendentemente tradicional e rejuvenescedor. O samba é tocado com ênfase nos instrumentos de harmonia, sem a onipresença da percurssão. O repertório é de clássicos, para todo mundo cantar junto. E todo mundo pode dançar sem nenhum empurrão ou pisada no pé, é tudo elegante, uma experiência reconfortante na cidade. Depois do fim do axé e do pagode – enfim! – esta parece ser a saída lógica – ou mesmo a única que sobra - para a música de carnaval. E a abertura do show de Mariene, a cargo do Ilê Ayê, ficou mesmo com um ar de música para quarentões. Quem é jovem parece estar resgatando os carnavais do Jacu.


Recentemente li num blog (http://ultimobaile.com/) uma crítica ao Samba das moças que tratava o espaço onde elas se apresentam como cacete armado, unindo este aspecto a uma certa resistência do grupo em "sair do gueto". Pois é, na sexta-feira passada fui ao lugar com ar condicionado nos sanitários – o que deve ser bem o não-cacete-armado – e a acústica era péssima, de pior qualidade. Todo o "serviço" era uma espécie de paleativo para uma sonoridade para lá de ruim, realmente inacreditável. Há dinheiro para equipamentos, conta de luz, pessoal, mas não para acústica, e a música é dançável efetivamente só com muita cerveja. No circo e no Babalotim o espaço cacete-armado predomina (mas também não há filas) mas o som, ainda que não seja excelente, é infinitamente melhor. Neste aspecto, o cacete armado ou a cultura de gueto estão à frente no verão do samba. Mesmo porque (tem ou não tem acento?), se os tambores se calaram, é porque saíram muito apressadamente do gueto.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

dia de fazer 40 anos

Faz um céu pesado lá fora, com nuvens e lua quase cheia nesta madrugada quente da Bahia. Amanha/hoje deve ser tao úmido quanto ontem/ainda hoje. Já ganhei o maior presente de aniversário, vou dormir, mas querendo ficar acordado.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

para o ano que se inicia

se a trilha sonora do ano passado foi formada por Two Gallants e The Daredevil Christopher Wright, o ano novo começa com Little Joy. Do que já escutei gostei muito, e nao seria diferente de uma banda milagrosamente situada entre Los Hermanos e The Strokes, ainda que tenha que de uma maneira vaga concordar com um comentário em um dos vídeos do youtube, pois fica uma "sensação de traição" com os primeiros. "O rio fica lá/A água é que correu/Chega na maré/Ele vira mar" além disso tem alguma coisa de Adélia Prado. Fiquei somente na dúvida entre repetir o "ainda que" ou assumir o "mesmo porquê".
quero connhecer gente nova tão interessante como Silvinha, beijo. E encontrar mais com Anete!
vou ter menos gente para chamar de amigo, acho que o ano já começou assim.
continuar tentando realizar o sonho de escrever com a leveza e maestria de Sedaris, já que o humor de Will Self é inatingível..... Sedaris também é.........
mais música, a comecar pelo novo de Antony, e que venham coisas novas dos caras do 2GS, por favor!
tempo para pintar.
saúde para todos. Tin tin, prost.

ano novo, guerra antiga

Passei a virada do ano em Ilhéus. Uma das imagens mais impressionantes nestes quatro dias que estive por lá foi a da quantidade de automóveis, a maioria com placas de Goiás, Brasília e Minas, com o fundo tomado por caixas de som capazes de causar um barulho ensurdecedor. Fiquei na dúvida entre que atitude tomar: torcer inutilmente para que precisíssimos mísseis israelenses de alcance transatlântico pudessem ser desviados de suas rotas ou elaborar uma lista de supostos líderes do Hamas com sobrenomes Santos, Oliveira ou Sampaio, formada pelos nomes de proprietários de tais automóveis, e fazê-la chegar à terra santa.

ano novo, foto selecionada

O início do ano já me trouxe um email legal: uma foto do meu álbum no flickr foi selecionada para fazer parte de um guia de turismo online que também pode ser acessado por celular, o Schmap Salzburg Guide.
O link para a foto no guia é

www.schmap.com/salzburg/sights_churches/p=187620/i=187620_6.jpg

E para todas as outras no flickr

http://www.flickr.com/photos/mcorreiacampos/