terça-feira, 30 de junho de 2009

cacoete

Sei que estes vícios de linguagem são como ondas, começam em um lugar, reaparecem em outros, vão e voltam, mas atualmente é difícil ter uma conversa em Salvador com mais de três frases que não inclua um famigerado "na verdade". Eu sempre tenho a impressão de que a última frase dita antes da expressão foi uma grande mentira e a conversa assume ares de quadros humorísticos da tv, onde parodiando novelas latino-americanas de língua espanhola, um personagem vai tirando uma sequência de máscaras, revelando identidades em cascata. Cascata é aliás sinônimo de inverdade.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

ladrão que rouba ladrão....

Segundo a Folha de São Paulo, "Em 24 de maio de 2007, Zelaya (o presidente deposto da Honduras) ordenou que todos os canais de rádio e televisão de Honduras passassem 2 horas diárias de propaganda do governo."
Ele queria de qualquer jeito impor um referendo, considerado ilegal pela Suprema Corte do país, dedicado a mudar a constituição para que ele se re-elegesse. Assim, tipo Chavez.
Eu até agora não sei quem não é golpista nesta história hondurenha.......

domingo, 28 de junho de 2009

escolha estranha

Entre as capas de jornais mundo afora, a do Jornal A Tarde talvez tenha sido a única que estampava a imagem, de péssima qualidade, que mostrava Michael Jackson sendo atendido na ambulância para noticiar na sexta-feira a sua morte. Os outros jornais ilustraram o cantor dançando ou cantando, ou através de uma de suas milhões de fotos promocionais. Provavelmente isso deve ter alguma relação com o sucesso absurdo na Bahia dos programas de meio-dia na TV destinados a divulgar imagens de gente agonizando depois de terem sido atingidas por algum tipo de violência. Questão de cotidiano. E de como tratar com ele.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

morreu Michael Jackson

Quando Thriller foi lançado eu já estava programado para nao gostar das suas cançoes. Em parte, uma pequena parte provavelmente, porque eu estava naquele grupo de adolescentes que achava o surf uma besteira, lia livros de Garcia Marquez e só escutava música brasileira (é, ainda existia disso na primeira metade dos anos 80). Madonna e Michael Jackson eram os grandes exemplos do que poderia haver de pior da cultura norte-americana.
A maior razão no entanto residia no fato de que o maior fã de Michael Jackson que eu já conheci pessoalmente era um garoto da vizinhança que também era a figura mais chata e antipática de todo o bairro (para mim, pelo menos). Ninguém no colégio, ninguém que eu tivesse conhecido até então era tão alucinadamente obstinado em se tornar o chefe de tudo, o líder de todos e todas as brincadeiras da vizinhança. Ele tinha o nome de Pelé (Edson, aliás nunca usado) e o apelido - cujas razoes até hoje não posso imaginar - de paizinho. Sabia todas as coreografias dos clips de MJ e por um bom tempo não abria mão da terrível combinacão michaeljacksoniana de sapato preto com meia branca. Nao lembro quanto tempo depois ou mesmo antes de Thriller (A.T. ou D. T., no tempo infinito de quem não era adulto esta é a divisão básica dos anos 80), deixei de falar com aquele cara, mas também era uma época em que os amigos do Colégio já haviam se tornado mais importantes no meu cotidiano do que os da vizinhança. De qualquer maneira para mim, Michael Jackson estava associado definitivamente à imagem deste vizinho, daí era difícil ter alguma simpatia por ele.
Mas tão presente quanto esta associacão, está na memória o inevitável fascínio pelo videoclip de Thriller. Da primeira vez que vi, deve ter sido no Fantástico, onde na época se viam vídeos de música, tenho uma lembrança clara de êxtase. A sensação de estar diante de algo completamente novo e radical, uma sensação que correspondia à transformação definitiva da música pop que dali sairia. A recepção de Thriller era proporcional - e inconsciente, e daí mais forte - ao reconhecimento da pontente inversão da relação entre imagem cinematográfica e música que aquele vídeo realizava. Não lembro quantas vezes o revi, ali entre 1982 e 1983, todos nós o fizemos. E gracas a Thriller guardo uma outra memória, esta muito afetiva, desta mesma época. Lela tinha por volta de 2 anos e morava na Pituba. Morria de medo dos monstros que, esfarrapados, abandonavam os túmulos para dançar com Michael Jackson. Primeiro, somente diante das imagens, depois apenas ao ouvir a canção na rádio, Lela saía de onde estivesse conrrendo em direção à mãe, pedindo "Macunjécsu não, mainha, que eu tenho medo!" Nós, adolescentes, ríamos com a sua pronúncia infantil do nome, mas Lela chegava a chorar e trocávamos logo de estação. Às vezes, só funcionava mesmo desligando a rádio, pois ele estava em todas.
Depois disso, Michael Jackson veio me emocionar ao trazer repetidas vezes para a televisão em Viena as imagens do Pelourinho e Olodum. Acho que até hoje esta deve ter sido a única ocasião para isto na TV na Europa Central. Eu lembro que, na época, um VJ da emissora de clips alemães Vivo chegou a comentar: "veja só, eu nunca soube que no Rio de Janeiro tinha estas casas históricas tão bonitas e coloridas."
Acho que temos que escolher uma canção dos Jackson Five para tocar no sábado. Lembro da infância e dos desenhos animados da banda. Homenagem musical.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

alívio

Ontem ao entrar no supermercado dei de cara com a capa de Veja desta semana. Fiquei aliviado. Até agora tinha achado muito fraca a reação da imprensa à defesa do Presidente da República de uma sociedade formada de cidadãos especiais e outros comuns. Ainda acho que em uma democracia decente a tal frase seria motivo da saída do cargo de um presidente ou primeiro-ministro. Mas com certeza este não é o caso do Brasil.

EUA 2 X 0 Espanha

The football is a tiny box full of surprises :)

sexta-feira, 19 de junho de 2009

a caminho da índia

Ontem, frente às denúncias de irregularidades no Senado, o presidente do Brasil disse que o senador Sarney deveria ser tratado de maneira diferente, que ele não era gente comum. Lembrei de um refrão bom de uma canção de sucesso de uma banda chata dos anos 80: "todos iguais, mas uns mais iguais que outros". Há gente que votava no partido do presidente por achar que coisas como estas deveriam ser mudadas... mas isso já é um passado distante. Eu fiquei achando que o presidente deve estar acompanhando com grande assiduidade a atual novela das oito da rede globo de televisão.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

entre a liberdade e o populismo

Artigo de Vargas Llosa em El Pais sobre a participação dele no famoso fórum na Venezuela há alguns dias. Poderia encerrar aqui, sem comentários. Mas fiquei pensando nas possibilidades que o Brasil hoje oferece aos governantes de fazer uma conexão entre os dados das eleições e aqueles de programas sociais.... dá medo.
O artigo de Vargas Llosa:
http://www.elpais.com/articulo/opinion/libertad/Hugo/Chavez/elpepiopi/20090614elpepiopi_13/Tes

terça-feira, 9 de junho de 2009

língua viva

Acabo de ler numa reportagem do Jornal do Brasil on line que o robô que irá procurar a caixa-preta do avião acidentado da Air France "circula em triângulos" !