quinta-feira, 29 de julho de 2010

histórias vienenses ou efeito chaminé

O vizinho do térreo fuma muito desde ontem. Primeiro, o cheiro era perceptível somente nas escadas, nas proximidades de sua porta. Depois, subindo pelo poço estreito para onde dao as janelas dos sanitários, o mau cheiro do cigarro fumado chegou até aqui em cima, no terceiro andar. Agora à tarde acendi um incenso para poder tomar banho. No inverno é tudo diferente.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

de bicicleta pela áustria

Depois de três longas viagens de bicicleta pela França - cada uma com um percurso ao redor de 1.200 km - e de uma pequena viagem de três dias em bicicleta e um dia em barco e trem no ano passado pelo Tirol do Sul, já era tempo de viajar pela Áustria de bicicleta. Encerrada há uma semana, foram 300 km em cinco dias, começando na cidade de Spittal an der Drau, descendo o vale do rio Drau até Lavamünd, daí subindo o vale do rio Lavant e atravessando para o vale do rio Mur pelo passe de Obdach (quase mil metros de altitude), e subindo o vale do Mur até Scheifling. Até Spittal an der Drau fomos de trem, em um dia super quente, com o ar condicionado sem funcionar direito (isso foi moda este verao por aqui). E de trem concluímos a viagem até Viena, partindo de um lugar perto e um tanto maior que Scheifling, Unzmarkt. Sim, já ia me esquecendo, devido aos estragos do temporal que havia caído uma semana antes, tivemos que fazer o trecho de cerca de 15km entre Wolfsberg e Wiesenau em trem. Mas esta foi a única interrupção.
A infra-estrutura em termos de estradas para bicicletas, sinalização, lojas pelas cidades é às vezes até melhor que na França, não há do que se queixar. A paisagem é muito cuidada: diferente da França, na Áustria é possível ir em bicicleta sem estar confrontado com as estradas federais boa parte do tempo: os caminhos nos vales do Mur e do Drau são cuidadosamente articulados para deixar o ciclista perto da natureza (como também foi o caso no Tirol do Sul); o único senão é que às vezes, às margens dos rios, isso pode vir a ser um tanto monótono.
Não tomamos chuva, fez calor muitas vezes, mas nada exagerado. Muito legal conhecer melhor dois estados do país, que já tinha visitado de automóvel há muito tempo atrás. De bicicleta é sempre diferente. Pontos altos: a ponte para trens sobre o Jauntal, a mais alta do mundo, 96 metros acima do leito do rio, o museu projetado pelo querkraft em Neuhaus, o mosteiro benedetino de St. Paul e as obras ali expostas, Murau e o rei Lear em inglês na companhia de Michaela, Philip e Lorenz, as montanhas todas, um certo charme de Obdach, a simpatia dos outros ciclistas, quase sempre turistas alemães (viajando de bicicleta as pessoas se cumprimentam e conversam!), sorvete em Judenburg, com sua torre monumental, a vista desde Völkermarkt sobre o vale do Drau. E a tranquilidade de estar em território onde se fala a língua do lugar.
Minha bicicleta da Alemanha ainda está aqui em Viena, a daqui por sua vez já deu o que tinha que dar (bicicleta urbana, comprada de segunda mão e barata, como tem que ser).
As fotos da viagem vou publicar nos próximos dias no álbum do flickr http://www.flickr.com/photos/mcorreiacampos/sets/72157624478859411/
Ano que vem tem mais.

salvador, to leave

Faz dezessete anos que deixei Salvador, e ainda nao completaram dois anos que retornei. No início deste período da minha vida, estar em Salvador era rever os amigos, fugir do rigoroso inverno austríaco, e simplesmente estar na cidade. Depois passei um tempo maior, onde o trabalho foi muito interessante, apesar da cidade. Mas agora, a cidade está tao ruim, que, assim de longe, a partir de um lugar onde a qualidade de vida da coletividade é incomparável, sei que cada minuto fora de Salvador é um presente. A música, que cada semana me retira da cidade, é o que salva.

terça-feira, 27 de julho de 2010

papel higienico

para descobrir a qualidade de um hotel comece por verificar se o rolo de papel higiênico está posto corretamente, ou seja, se ele é desenrolado de maneira que o papel esteja distante da parede. Se nao for assim, desconfie dos móveis novinhos, da tv de lcd, da brancura das toalhas, de todo o resto enfim.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

11 horas sem energia elétrica

Ontem, às 18 horas do dia 30 de junho, faltou energia elétrica em parte dos bairros de rio vermelho e ondina, fornecimento que só foi restabelecido hoje, dia 1 de julho, depois das 5 horas da manha. Foram 11 horas sem energia elétrica.
Era como um apagao cubano, daqueles que a populacao da ilha caribenha tenta advinhar quando comeca se será longo ou pequeno. Ontem, depois da primeira das tentativas de conserto que foi notada através de alguns mínimos segundos com energia seguidos de um estrondo monumental, além de sair correndo para retirar todas as tomadas da parede, percebi que se tratava de um apagao padrao cubano (e nao de um apaguito). Mas nao imaginava que iria durar 11 horas.
Diferente de Cuba, o servico de energia elétrica no Brasil está a cargo de companhias privadas. Igual a Cuba, eu nao tenho opcao alguma de escolher de onde comprar minha energia elétrica. Na Bahia há um monopólio no setor. Depois de passar 11 horas sem energia elétrica eu nao posso cancelar o contrato e procurar uma outra empresa, porque se eu fizer isso, ficarei sem energia elétrica, pois nao há outra empresa.
Quem hoje está no poder em Brasilia fez campanhas acirradas contra as privatizacoes quando era oposicao. Sem desejar que Cuba seja aqui, sou contra a privatizacao dos servicos de água, luz, transporte público, educacao e saúde. E, no Brasil, decorrente da situacao absurda dos servicos e tarifas, do servico de telefonia também.
Mas depois de sete anos da República do Tênis Novo nao vi nada ser feito para por fim a Monopólios capitalistas absurdos como o do servico de energia elétrica na Bahia. As tais agências reguladoras de todas as áreas nao agem como deveriam (alguém me diz onde pode ser feita uma reclamacao contra o servico dos supermercados????). Eu creio que 7 anos é tempo mais do que suficiente para enfrentar um problema destes e, no caso da Bahia, os últimos anos com o governo do estado nas maos do mesmo partido do governo federal deveriam ter sido a situacao ideal para a solucao de tal problema. Mas pelo visto isso sequer é visto como um problema.
A República do Tênis Novo nao deixou de aprimorar o melhor capitalismo do mundo do ponto de vista das grandes empresas, tolerando e com isso estimulando monopólios, neste aspecto só sendo ultrapassada ultimamente pelo capitalismo chinês. Ou pela Venezuela, onde já estao à frente na construcao de um monopólio absoluto e estatal na área das comunicacoes. Neste momento, o futuro do Brasil dá mais medo do que nunca.

bahia profunda, coletânea 8

#bahiaprofunda: por minha parte encerro aqui a brincadeira que foi divertida durante alguns dias no twitter, com a última coletânea do que contribuí.
crianças vestidas de anjo sobre o altar escalonado da igreja de Brotas no ápice do mês de Maria
vassoura-de-bruxa
Pataxó Hã-hã-hãe
o viaduto da sé: o elemento urbanístico que define toda a cidade de salvador
; agora águas rasas.