sexta-feira, 3 de setembro de 2010

impressoes de sao carlos

"hoje em dia você pode ser somente 60% marxista": esta frase de Edward Soja, na conferência de encerramento do Silacc2010 na USP-Sao Carlos foi talvez o posicionamento mais liberal, menos marxista-contra-o-capitalismo que escutei nos últimos dias; minto, entre os palestrantes, Roberto Fernandez fez uma exposicao muito boa sobre a arquitetura latino-americana das últimas décadas, mas como foi sobre arquitetura já estava quase fora do evento.
O campus da USP-Sao Carlos é de dar inveja, tao vivo e tao denso, com prédios e jardins bem cuidados, mas como lugar do seminário ele passou a adquirir um aspecto de mundo irreal desconectado do mundo lá fora. Mesmo que o lá fora - a cidade - seja tao bem equipado como Sao Carlos parece ser assim à primeira vista. A coisa mais bonita da cidade sao os vitrais da esquisita catedral; a arquitetura mais interessante que vi foi a da Rodoviária, concreto armado e grandes vaos na melhor tradicao daquilo que os paulistas fazem de melhor.
Fazia tempo que nao ouvia tantas vezes a palavra capitalismo (acho que nunca a tinha escutado tanto em tao pouco tempo). Os limites entre a funcao denúncia (longe da elaboracao de modelos explicativos com capacidade de generalizacao, como apresentou Soja) e a capacidade de articulacao de acao ficaram tao evidentes, que a ausência completa da segunda aniquilava qualquer potência virtual da primeira. Palavras-chave: encastelamento, ilhamento, olhos vendados. Longe da vida, acima de tudo.

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