Conhecer a Suíça é confirmar preços altos, queijo gratinado mesmo no verão, tudo exageradamente bem cuidado e limpo, um altíssimo padrão de vida, montanhas e lagos - imensos e lindos -, pontes muito bem desenhadas; é descobrir cidades com um encanto arrebatador por não terem sido bombardeadas na 2a guerra mundial, além de verdadeiramente bonitas (quem nunca foi a Solothurn, então vá).
De bicicleta de Genebra a Bregenz, no extremo leste do lago de Constança, já na Áustria, foram sete dias e 565 km atravessando a Suíça de oeste a leste, com temperaturas baixas, ameaça de chuva constante, pouco sol e muito vento a favor (ainda bem).
As primeiras surpresas foram percerber que apenas os suíços de língua alemã têm bigode, que Genebra está cheia de batedores de carteira e que deve ser muito difícil haver mais bandeiras nacionais nos EUA que as da Suíça nos jardins e fachadas das casas de seus cidadãos.
A paisagem de urbanização contínua e altíssima densidade, acompanhando lagos e montanhas e plantaçoes de todo tipo de produtos agrícolas, deve ser o atestado maior (ou o mais luxuoso) de nossa incompetência política e urbanística.
Impressionante, mesmo para quem conhece bem um país como a Áustria, a fartura de infra-estrutura social em forma de instalaçoes esportivas, centros sociais, banheiros públicos, fontes de água potável, em cada povoado por menor que seja. Também em cada povoado, arquitetura habitacional multifamiliar da mais alta qualidade. E a arquitetura dos ricos também é boa! Além disso, uma excelente rede de ciclovias, com uma hierarquia clara, pistas muito bem cuidadas e sinalizadas, não conheço melhor.
As cataratas do Reno foram uma experiência à parte, impressionantes, ao fim do bonito e rico trecho do vale do rio desde a confluência do rio Aare.
Em Bregenz, a Kunsthalle de Zumthor é tudo e algo mais que promete ser (com exposição de Ai Weiwei!), em Aarau a extensão da galeria de arte assinada por H & dM, apesar de toda a ironia, mostra o quanto da arquitetura da dupla estava ali ao redor (não é preciso usar a palavra regional, isso eles não merecem), mas o
ponto alto em termos arquitetônicos foi o Rolex Learning Center, no campus da universidade em Lausanne (o primeiro Sejima que conheço).
Diante de tal arquitetura em estado puro como poucos edifícios, não consigo compreender como alguém pode ter dúvida do Pritzker conferido ao Sanaa; muito além de todas as influências que podem ser enumeradas, é uma obra para deixar qualquer fã feliz.
Por fim, em Bregenz assistimos à Ópera André Chenier, nova montagem do famoso palco à beira do lago: como em poucas vezes, o uso da palavra espetáculo é justificável: para uma ópera por demais italiana, um cenário e direção que arriscam o sublime beirando o kitsch. Conseguem (além do mais, com excelentes cantores).
Na volta, pausa prolongada à espera do segundo trem em Lindau, uma versão bávara de Veneza no lago de Constança.
Estou seguro que há dois tipos de pessoas, os que conhecem o Japão e os outros.
sexta-feira, 29 de julho de 2011
quinta-feira, 14 de julho de 2011
novelinha ou macrossérie? 2° capítulo de O Astro
Acabo de assistir ao segundo capítulo de O Astro sem ter visto o primeiro: Carolina Ferraz fantasiada de Ivete Sangalo em uma sucessão de continuidades espaciais esotéricas de gosto duvidoso. O Astro é uma novela de uma época quando o esoterismo dominava o Brasil (as letras de Paulo Coelho & Raul Seixas o comprovam) e a abertura - em seu estilo breguíssimo da rede globo parece tentar nos ensinar que tudo dos anos 70 correspondia ao supra-sumo da elegância e que hoje somos um bando de gente de mau gosto - deve concorrer com a de O Clone pelo título de a pior de todos os tempos do mundo mundial.
Francisco Cuoco parecia um remake de Mister M. Mas ruim mesmo é o texto e as interpretacoes dos atores: a cena inicial, do filho nu no meio da festa, e a saída dele ao final, dominado por médicos a serviço do mal, são tão anacrônicas, tão carregadas e desproporcionais, que parece que os autores não retiraram nem um pouquinho do patos bolerístico dos textos de novelas de quase quarenta anos atrás: logo, logo, vai ter personagem chocado ao ouvir alguém dizer que fulana é desquitada! OHHHHHH!!!!!!!!!!!! E no meio disso tudo uma cena de botequim típica de novela das oito, nada a ver.
Muito ruim, só não é completamente ruim o fato de não terem feito outra gravação da música de abertura. Porque já me imagino a. c., a pior cantora do mundo mundial, de microfone em punho. Seria adequado.
Francisco Cuoco parecia um remake de Mister M. Mas ruim mesmo é o texto e as interpretacoes dos atores: a cena inicial, do filho nu no meio da festa, e a saída dele ao final, dominado por médicos a serviço do mal, são tão anacrônicas, tão carregadas e desproporcionais, que parece que os autores não retiraram nem um pouquinho do patos bolerístico dos textos de novelas de quase quarenta anos atrás: logo, logo, vai ter personagem chocado ao ouvir alguém dizer que fulana é desquitada! OHHHHHH!!!!!!!!!!!! E no meio disso tudo uma cena de botequim típica de novela das oito, nada a ver.
Muito ruim, só não é completamente ruim o fato de não terem feito outra gravação da música de abertura. Porque já me imagino a. c., a pior cantora do mundo mundial, de microfone em punho. Seria adequado.
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