Pelo visto pouca gente leu os livros de Koolhaas, para tanta indignação ou incômodo por conta da semelhança apontada pelo arquiteto entre São Paulo, Lagos, Jacarta e Manila.
Deve ter muita gente mesmo acreditando neste papo de que o crescimento do PIB resolverá todos os problemas da nação, mesmo que boa parte desta crença cada vez mais me pareça uma maneira de tentar recalcar a culpa de quem parou a reflexão antes da hora. Refletindo só um pouquinho, qualquer um pode ver que isso não vai dar certo.
Lagos é algo mais que a Feira de São Joaquim, certo?
Porque se o incômodo ou a indignação é com o conteúdo do livro, porque então trazer Koolhaas ao Brasil se não queriam escutar a constatação mais óbvia que ele podia ter feito?
Caetano disse há muito tempo atrás, na canção que fala da cidade, que narciso acha feio o que não é espelho; o brasil de hoje insiste em não enfrentar o espelho, achando ruim quando alguém o obriga. Recusa feia.
Uma das piores coisas que há é exatamente isso, arrogância sem motivo. Ignorância, bobagem.
sexta-feira, 26 de agosto de 2011
sexta-feira, 12 de agosto de 2011
inglaterra X brasil, a semana
Nas redes sociais circulou esta semana um pequeno parágrafo que dizia que os acontecimentos em londres, nas bolsas européias e o rebaixamento da credibilidade financeira dos EUA eram os grandes sinais de como o mundo se torna cada vez mais brasileiro.
Nesta mesma semana assistimos a como os policiais do Rio de Janeiro atiraram contra um ônibus sequestrado, ferindo gravemente cidadãos reféns sem que os sequestradores tivessem disparado uma única bala. Hoje acordamos com a notícia do assassinato brutal da juíza que combatia os grupos de extermínio na região metropolitana do Rio.
Enquanto isso, na Inglaterra, depois de 4 dias de incêndios e depedraçoes, o congresso discutia se à polícia seria liberado o uso de balas de borracha (!) contra os saqueadores. Mesmo sem atirar em ninguém, foram presas centenas de pessoas e contra a maioria delas a justiça já está trabalhando, inclusive contra aqueles menores de idade.
Ah, doce ilusão que tudo seria assim tão fácil.... para chegar ao brasil, a ladeira íngrime ainda é muito, muito longa e os freios ainda estão funcionando muito bem. Mesmo com os brasileiros tentando por tachinhas no meio da rua.
Nesta mesma semana assistimos a como os policiais do Rio de Janeiro atiraram contra um ônibus sequestrado, ferindo gravemente cidadãos reféns sem que os sequestradores tivessem disparado uma única bala. Hoje acordamos com a notícia do assassinato brutal da juíza que combatia os grupos de extermínio na região metropolitana do Rio.
Enquanto isso, na Inglaterra, depois de 4 dias de incêndios e depedraçoes, o congresso discutia se à polícia seria liberado o uso de balas de borracha (!) contra os saqueadores. Mesmo sem atirar em ninguém, foram presas centenas de pessoas e contra a maioria delas a justiça já está trabalhando, inclusive contra aqueles menores de idade.
Ah, doce ilusão que tudo seria assim tão fácil.... para chegar ao brasil, a ladeira íngrime ainda é muito, muito longa e os freios ainda estão funcionando muito bem. Mesmo com os brasileiros tentando por tachinhas no meio da rua.
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sexta-feira, 5 de agosto de 2011
SPAN, uma (muito) pequena exposicao de arquitetura
Em cartaz no MAK, em Viena, uma exposição sobre o trabalho de SPAN, o escritório de arquitetura que assinou o pavilhão austríaco, muito bom por sinal, na exposição mundial de Xangai no ano passado. A foto da galeria no flyer do museu prometia muito, chegando lá a surpresa foi grande: o forro plotado, em forma de concha, que domina todo o espaço reservado para a exposição, abriga quase nada: duas tvs e uma plotagem 3D. A plotagem 3D é bem interessante, apresentada na altura de uma cama e com padroes naturais, pode ser lida como uma colcha cujos padroes florais ganharam tridimensionalidade ou um relevo de uma planeta distante representado em escala: legal mesmo é ver a sequência linear de ação do equipamento de fresagem sobre o material.
Nas TVs sao apresentadas em forma de loop contínuo duas animaçoes: uma delas mostra uma estrutura para lá de orgânica, extremamente próxima esteticamente ao Alien dos filmes, que vai sofrendo uma metamorfose contínua. A outra animação parte de imagens aéreas de cidades - uma delas Barcelona (afff......) - para descrever a metamorfose da estrtura urbana contaminada por um desenho como o mostrado na primeira animação.
Muito estranho na estrutura alienígena é a sua simetria, absoluta, que leva inclusive cada imagem parada a parecer uma prancha do teste de rorschach: porque algo tão assumidamente orgânico não pode ser mais adaptável, menos ligado a um eixo rotacional de movimento e um eixo de simetria de composição?
Na segunda animação, a metamorfose, que surge como um vento sobre as cidades, acaba gerando uma associação maior de destruição cancerígena do que de uma alternativa não racionalizada para o espaço urbano.
Sim, as perspectivas do mundo não são mesmo muito boas atualmente. Mas eu nunca vi com tão pouco se montar uma exposição de arquitetura.
Nas TVs sao apresentadas em forma de loop contínuo duas animaçoes: uma delas mostra uma estrutura para lá de orgânica, extremamente próxima esteticamente ao Alien dos filmes, que vai sofrendo uma metamorfose contínua. A outra animação parte de imagens aéreas de cidades - uma delas Barcelona (afff......) - para descrever a metamorfose da estrtura urbana contaminada por um desenho como o mostrado na primeira animação.
Muito estranho na estrutura alienígena é a sua simetria, absoluta, que leva inclusive cada imagem parada a parecer uma prancha do teste de rorschach: porque algo tão assumidamente orgânico não pode ser mais adaptável, menos ligado a um eixo rotacional de movimento e um eixo de simetria de composição?
Na segunda animação, a metamorfose, que surge como um vento sobre as cidades, acaba gerando uma associação maior de destruição cancerígena do que de uma alternativa não racionalizada para o espaço urbano.
Sim, as perspectivas do mundo não são mesmo muito boas atualmente. Mas eu nunca vi com tão pouco se montar uma exposição de arquitetura.
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