No fim de semana passado enfrentei uma hora e meia de fila para ver a exposição de Tarsila do Amaral no Centro Cultural do Banco do Brasil, no Rio de Janeiro, e não valeu a pena (todo este tempo de pé e a fila se desenvolvia por dois lances de escada estreita e em leque, algo bem desconfortável): além da multidão barulhenta - mesmo com o acesso controlado, a relação do número de pessoas com a pequena área da exposição é melhor descrita desta maneira - ver o conjunto das obras ali apresentado acaba por relativizar a importância da artista. Sem o Abaporu, a pequena mostra põe em destaque na primeira das duas salas o quadro Antropofagia, acompanhado de uma série de outros quadros famosos, correspondentes à estética naiv com a qual a pintora é reconhecida. Totens de base triangular no meio da sala atrapalham mais que colaboram com a exposição, pois eles não permitem que se tenha uma boa visão do conjunto, e os quadros dos anos 50 fazem com que toda a série adquira um tom (negativamente) decorativo.
Na segunda sala, que pela lógica deveria ser a primeira, estão obras que fogem ao cânone, obras do início da carreira (sem faltar a "representação do processo de modernização da arte de Tarsila"), fotografias e desenhos. Aqui dois destaques positivos: o geometrizado Procissão, muito bom, e a série de desenhos lindos, contornos de paisagens e cenas, que deixam uma impressão de que a artista foi melhor desenhista que pintora.
Já a exposição do trabalho dos irmãos Fernando e Humberto Campana é sem dúvida recomendável: uma grande panorâmica por todas as fases e expressões dos mais famosos designers brasileiros, muito bem documentada e com todos os seus ícones: já no centro da primeira grande sala, a cadeira favela. O percurso é extremamente bem cuidado sem ser excessivamente pedagógico e onde só foi possível ilustrar partes de uma obra maior através de um ou dois objetos, há fotografias que dão uma noção muito boa do conjunto.
Mas para alguém que passe pela exposição com uma certa velocidade talvez fique a impressão de que há três ou quatro idéias, no máximo, experimentadas em diferentes materiais e contextos. Sem comprometer em nada, é claro.
Imperdível de qulaquer jeito é a obra de José Rufino, DivortiumAquarum, 2012, exposta na sala Arte Contemporânea. Simplesmente linda (e nem precisava de todo aquele texto explicando-a).
sábado, 28 de abril de 2012
tarsila do amaral e os irmãos campana no CCBB-RJ
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