domingo, 30 de setembro de 2012

Jorge Amado no MAM

Fui este fim de semana à exposição em homenagem aos 100 anos de Jorge Amado, em cartaz no MAM - Solar do Unhão até 14 de outubro. Não tinha lido nada antes, apenas ouvi comentários ligeiros não tão elogiosos. Bem, à exceção da tão-repetida-que-ninugém-aguenta-mais parede feita de garrafas de azeite de dendê (algum candidato a prefeito poderia prometer a proibição de tal emprego por artistas de garrafas de vidro preenchidas de dendê, quem sabe conseguiria alguns votos...), a exposição é muito agradável e mesmo interessante.
Como é difícil fazer uma exposição sobre a obra de um escritor - ainda mais quando a exposição está na cidade que abriga um centro cultural sobre o autor - o conceito já consolidado das exposições do Museu da Língua Portuguesa-SP, o de uma instalação didática, parace funcionar bem.
Ao lado das inevitáveis mesa com exemplares para manuseio e vitrines com edições em línguas estrangeiras (embora com exemplares limitados) e dos guarda-chuvas sonoros (não tão eficientes), a exposição tem uma sala de fotografias e documentos históricos muito bonita, acompanhada da interessante substituição do nome do senhor do bomfim nas fitinhas pelos nomes dos personagens dos livros de Jorge Amado e de uma inodora porém visualmente vigorosa parede de cacau (em estantes-simulações-de-gabião).
Talvez o fim de semana com o elevado número de visitantes não seja o momento ideal para visitar uma mostra baseada em vídeo, como é o caso da parte da exposição alojada no solar. O ponto alto por isso talvez sejam as três salas na igreja, uma sobre as passagens relativas a sexo nos livros, outra sobre os escritos de jornal, com a simulação das máquinas de impressão, e a terceira sobre as denominações múltiplas das múltiplas cores de pele no Brasil na obra do autor, confrontadas com aquelas citadas espontaneamente em um censo nos anos 70. Nos dias de hoje, quase uma provocação. Isso é muito bom.