do que escutei, assisti, li (li muito) decidi escolher mais de um em cada categoria, já que o ano foi intenso e diverso (assim se constrói a argumentação para aliviar a indecisão)
1. personalidade: Edith Windsor
2. hashtag: #wealreadyliveinvenezuelabutwewanttoleaveit #vemprarua (a constatação e a ação; e como a segunda teve efeitos bastante dúbios, a primeira termina o ano mais válida que nunca)
3. disco: Electric, Pet Shop Boys e Fade Away, Best Coast
4. canção: Summer is Over, Dent May; Fear of my Identity, Best Coast e Love is a Bourgeois Contract, Pet Shop Boys (esta, a canção do Brasil de 2013)
5. leitura: a) em um ano de muita leitura, fiquei muito impressionado com a forma elegante e decisiva com que Tolokonnikova, do Pussy Riot, arrasou com Zizek, aquele filósofo-marxista-verborrágico-completamente-vazio-de-conteúdo. O The Guardian publicou trechos, em matéria com o link para o texto completo em alemão; b) Morrissey's Autobiography (oh manchester, so much to do answer for!)
6. exposição: Eastern Promises: zeitgenössische Architektur und Raumproduktion in Ostasien, no MAK-Vienna e Reading Andy Wahrol, no Brandhorst Museum, em Munique.
7. cinema: Amour, Haneke e Inside Llewyn Davis, irmãos Coen (mas fui muito pouco ao cinema)
8. concerto erudito: Liszt e Messian, por Pierre-Laurent Aimard e Tamara Stefanovich, julho em Salzburgo
9. concerto pop: Dent May, novembro em Viena (pelo som da banda, pelo repertório, pela raça de ele ter enfrentado o show com uma bronquite)
10. arquitetura: as catedrais tatuadas na viagem de bicicleta, camposanto monumentale em Pisa, o Wiener Hauptbahnhof e o novo campus da WU-Wien
11. desafio cumprido: atravessar os apeninos, pelo passo delle radici (1529m), de bicicleta.
12. produção: coluna cultura e cidade, Teatro NU
sábado, 28 de dezembro de 2013
quarta-feira, 18 de dezembro de 2013
poema da desilusão
parou de girar, cheia estava
aberta a porta, as peças menores
foram as primeiras a serem retiradas;
por estar muito cheia
deixou as roupas molhadas
e assim o colarinho da camisa
parecia brilhar de úmido, primeiro,
ou por causa do que pudesse ter sobrado
de espuma do amaciante, depois.
Mas um terceiro exame, um olhar mais preciso
e o tato para não deixar dúvida:
puída, a camisa se despede.
aberta a porta, as peças menores
foram as primeiras a serem retiradas;
por estar muito cheia
deixou as roupas molhadas
e assim o colarinho da camisa
parecia brilhar de úmido, primeiro,
ou por causa do que pudesse ter sobrado
de espuma do amaciante, depois.
Mas um terceiro exame, um olhar mais preciso
e o tato para não deixar dúvida:
puída, a camisa se despede.
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segunda-feira, 2 de dezembro de 2013
coerência, please
A FIFA é aquela organização internacional que, em associação com o governo brasileiro, irá promover a copa do mundo no Brasil em 2014. A FIFA tem uma história marcada por corrupção, escândalos financeiros, autoritarismo e uma fama para lá de ruim no que diz respeito às relações de influência entre os direitos de transmissão de TV, patrocínios de grandes marcas relacionadas ao esporte, políticos e federações nacionais. Ou seja, ao redor dela localiza-se uma série de "problemas" relacionados ao esporte profissional.
As demonstrações de junho de 2013 no Brasil dirigiram-se, entre outras coisas, contra a nefasta associação entre esta organização e o governo brasileiro, que deixará para a população um dívida financeira imensa e nenhuma "contrapartida", como foram denominados os objetos dos gastos previstos além dos estádios. E sem que ninguém tivesse sido consultado.
Então está no ar, há duas semanas pelo menos, uma campanha que insiste que a FIFA deveria escolher dois atores para uma cerimônia, em detrimento de outros dois, que vêm sendo agora alvo de acusações que chegam a transferir para os escolhidos todas as mazelas da nação brasileira, históricas e contemporâneas. Ora, sendo a FIFA o que é, porque as pessoas acham uma coisa tão legal, massa e bacana trabalhar para ela? O lógico não seria sentir-se orgulhoso de não ceder a mais valia para organismo tão nefasto?
Eu acho que as pessoas têm que se decidir: ou brigam para ter A ou B na festa da FIFA, reconhecendo com isso um valor positivo em tal organização, e esquecem tudo o que aconteceu em junho de 2013 e não reclamam mais de nenhum engarrafamento em cidades brasileiras, ou guardam o direito de ter alguma coerência crítica em relação a tal organização. Afinal, os escolhidos para a tal da festa serão seus representantes.
As demonstrações de junho de 2013 no Brasil dirigiram-se, entre outras coisas, contra a nefasta associação entre esta organização e o governo brasileiro, que deixará para a população um dívida financeira imensa e nenhuma "contrapartida", como foram denominados os objetos dos gastos previstos além dos estádios. E sem que ninguém tivesse sido consultado.
Então está no ar, há duas semanas pelo menos, uma campanha que insiste que a FIFA deveria escolher dois atores para uma cerimônia, em detrimento de outros dois, que vêm sendo agora alvo de acusações que chegam a transferir para os escolhidos todas as mazelas da nação brasileira, históricas e contemporâneas. Ora, sendo a FIFA o que é, porque as pessoas acham uma coisa tão legal, massa e bacana trabalhar para ela? O lógico não seria sentir-se orgulhoso de não ceder a mais valia para organismo tão nefasto?
Eu acho que as pessoas têm que se decidir: ou brigam para ter A ou B na festa da FIFA, reconhecendo com isso um valor positivo em tal organização, e esquecem tudo o que aconteceu em junho de 2013 e não reclamam mais de nenhum engarrafamento em cidades brasileiras, ou guardam o direito de ter alguma coerência crítica em relação a tal organização. Afinal, os escolhidos para a tal da festa serão seus representantes.
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quinta-feira, 28 de novembro de 2013
interrupted, ciclovia na Itália
Os centros históricos das cidades do norte da Itália são provavelmente o melhor exemplo de como pedestres e ciclistas podem compartilhar ruas e praças livres do trânsito do automóvel. Sem ciclovias e sem stress de conflitos recorrentes devido a velocidades distintas entre os dois grupos, os italianos articulam o seu bem viver de maneira exemplar nesta modalidade de convivência.
Entretanto, saindo dos centros, a relativamente nova implantação de uma rede de ciclovias em ruas de tráfego predominante de automóveis tem sido acompanhada de decisões esdrúxulas quanto a definição de prioridade de uso do espaço.
Esta foto fiz em setembro deste ano, em um estrada local a nordeste de Piacenza, que ganhou uma faixa destinada aos ciclistas, mas já tinha visto tais "soluções" no ano passado algumas vezes, como na longa avenida de acesso ao centro de Pádua.
O que pode parecer de longe uma instalação artística ou mais um caso de gastos absurdos de dinheiro público, é uma contraditória decisão de interromper a proridade de uso da bicicleta toda vez que há um acesso transversal de automóvel, seja uma esquina de uma rua secundária ou simplesmente um portão. Com isso, legalmente, o automóvel tem naquele trecho prioridade sobre a bicicleta e retiram-se do motorista as responsabilidades sobre eventuais acidentes.
Mas se a ciclovia foi implantada para proteger o ciclista do tráfego de automóveis, que saldo ainda resta de vantagem para o uso da bicicleta se de tantos em tantos metros é acrescentado um fator de risco ao percurso?
Entretanto, saindo dos centros, a relativamente nova implantação de uma rede de ciclovias em ruas de tráfego predominante de automóveis tem sido acompanhada de decisões esdrúxulas quanto a definição de prioridade de uso do espaço.
Esta foto fiz em setembro deste ano, em um estrada local a nordeste de Piacenza, que ganhou uma faixa destinada aos ciclistas, mas já tinha visto tais "soluções" no ano passado algumas vezes, como na longa avenida de acesso ao centro de Pádua.
O que pode parecer de longe uma instalação artística ou mais um caso de gastos absurdos de dinheiro público, é uma contraditória decisão de interromper a proridade de uso da bicicleta toda vez que há um acesso transversal de automóvel, seja uma esquina de uma rua secundária ou simplesmente um portão. Com isso, legalmente, o automóvel tem naquele trecho prioridade sobre a bicicleta e retiram-se do motorista as responsabilidades sobre eventuais acidentes.
Mas se a ciclovia foi implantada para proteger o ciclista do tráfego de automóveis, que saldo ainda resta de vantagem para o uso da bicicleta se de tantos em tantos metros é acrescentado um fator de risco ao percurso?
quarta-feira, 27 de novembro de 2013
pequeno desabafo arquitetônico
Faz quinze anos que a arquitetura contemporânea brasileira é uma repetição de clichês de si própria. Nos dez anos anteriores, ela elaborou estes clichês a partir da arquitetura brasileira dos anos 50. É claro que há exceções (apenas como em tudo neste mundo).
Este é um pequeno desabafo.
Este é um pequeno desabafo.
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quinta-feira, 31 de outubro de 2013
do assistencialismo, da meritocracia e da cópia autenticada
Assistencialismo e Meritocracia sao dois lados da mesma moeda.
Assistencialismo foi a palavra mais recorrente usada para criticar frontalmente os programas de transferência de renda muitas vezes denominado de "programas sociais" pelo Estado brasileiro. A negatividade do sufixo -ismo é a mesma contida no uso da palavra homossexualismo para designar homossexualidade.
Não consigo imaginar que alguém de sã consciência seja contra a ideia de assistência, ainda mais em uma sociedade. Em casos de catástrofes, prestamos assistência aos necessitados: seja um incêndio, uma enchente, um furacão. Uma pessoa doente ou acidentada precisa de assistência médica, e para verificar como o termo foi "pejorativizado", hoje no Brasil só se usa Plano de Saúde para designar o que há 20 anos se chamava Assistência Médica. Então a ideia de que uma sociedade resolva prestar assistência social (sim, existe inlcusive uma profissão com este nome) às pessoas em condições de vida abaixo da dignidade humana e oferecer a estas pessoas alguma possibilidade de sair desta condição não deveria ser difícil de ser amplamente aceita.
Como nada é muito simples, oferecer o peixe sem ensinar como pescar não pode durar muito tempo, esta é uma medida que só pode ter caráter emergencial. Então há problema sim, com o que uma sociedade faz daquilo que deveria ser assistência social: se a meta social é comprar eletrodomésticos da linha branca, carros e carros e calças de 300 reais e se professores em busca de melhores condições de trabalho são espancados nas ruas pelas polícias, há que se reconhecer que algo de errado está em curso nesta noção de "assistência". Das chantagens eleitorais eu nem pretendo falar.
Bem, o outro lado da moeda é tentar desqualificar toda e qualquer noção de mérito através da palavra meritocracia. O sufixo aqui age de uma maneira mais sutil: com a última sílaba da palavra mérito, a associação é feita imediatamente com aristocracia e nao com democracia. As consequências são as mesmas: da mesma maneira que toda e qualquer assistência torna-se alvo de ódio e incompreensão, aqui o mérito em si passa a ser questionado: em defesa do que é chamado em geral de "reparação" não se pode mais reconhecer mérito algum em ninguém.
Em mérito existe uma noção tão simples como a de assistência: não tem porque entregar o seu computador ao seu dentista para consertar se ele não tem o mérito para isso (no sentido de ele não ter conseguido alcançar o patamar necessário para tal conserto) e, da mesma forma, não se faria o contrário, ou seja, um tratamento de canal com o técnico de informática.
O discurso contra o mérito por trás do uso da palavra meritocracia adora usar o exemplo do acesso às universidades via vestibular. Por este raciocínio, é um erro a universidade ter a chance de escolher os candidatos a estudantes mais bem preparados, porque quem deveria preparar os estudantes o fez de maneira ruim, se o fez. Outro exemplo pode ser visto nos efeitos da transformação da luta feminista em política de cotas em alguns países da Europa Central: a prática deste sistema levou com os anos a uma situação na prática onde em um concurso para uma vaga de professor catedrático nas universidades, caso haja uma mulher inscrita, ela será automaticamente a escolhida, independente mesmo do currículo. As consequências de não escolher o/a/x melhxr professxr pesquisadxr tem efeitos sociais muito maiores do que aqueles para a candidata escolhida.
No Brasil, a falência da capacidade de gerar iguais oportunidades agora é combatida com o ataque a quem tem algum mérito; pela lógica absurda, se você tem algum mérito, você é culpado de alguém não ter, não importa o esforço que você tenha feito para isso. Mérito se tornou xingamento. Tenho a impressão que a única coisa a substituir a ideia de mérito no Brasil é o jeitinho, a lei de Gerson. Até cair o primeiro prédio mal calculado.
Porque afinal enquanto a socidade brasileira for aquela da cópia autenticada, pode-se ir para um lado e para o outro, pouca coisa muda substancialmente. A cópia autenticada é a medida que demonstra a desconfiança como um dos principais elementos de coesão social do país. Por princípio, cada brasileiro vê no outro um Gerson pior. Cada vez mais, com exemplos que demonstram ter bastante mérito para isso.
Assistencialismo foi a palavra mais recorrente usada para criticar frontalmente os programas de transferência de renda muitas vezes denominado de "programas sociais" pelo Estado brasileiro. A negatividade do sufixo -ismo é a mesma contida no uso da palavra homossexualismo para designar homossexualidade.
Não consigo imaginar que alguém de sã consciência seja contra a ideia de assistência, ainda mais em uma sociedade. Em casos de catástrofes, prestamos assistência aos necessitados: seja um incêndio, uma enchente, um furacão. Uma pessoa doente ou acidentada precisa de assistência médica, e para verificar como o termo foi "pejorativizado", hoje no Brasil só se usa Plano de Saúde para designar o que há 20 anos se chamava Assistência Médica. Então a ideia de que uma sociedade resolva prestar assistência social (sim, existe inlcusive uma profissão com este nome) às pessoas em condições de vida abaixo da dignidade humana e oferecer a estas pessoas alguma possibilidade de sair desta condição não deveria ser difícil de ser amplamente aceita.
Como nada é muito simples, oferecer o peixe sem ensinar como pescar não pode durar muito tempo, esta é uma medida que só pode ter caráter emergencial. Então há problema sim, com o que uma sociedade faz daquilo que deveria ser assistência social: se a meta social é comprar eletrodomésticos da linha branca, carros e carros e calças de 300 reais e se professores em busca de melhores condições de trabalho são espancados nas ruas pelas polícias, há que se reconhecer que algo de errado está em curso nesta noção de "assistência". Das chantagens eleitorais eu nem pretendo falar.
Bem, o outro lado da moeda é tentar desqualificar toda e qualquer noção de mérito através da palavra meritocracia. O sufixo aqui age de uma maneira mais sutil: com a última sílaba da palavra mérito, a associação é feita imediatamente com aristocracia e nao com democracia. As consequências são as mesmas: da mesma maneira que toda e qualquer assistência torna-se alvo de ódio e incompreensão, aqui o mérito em si passa a ser questionado: em defesa do que é chamado em geral de "reparação" não se pode mais reconhecer mérito algum em ninguém.
Em mérito existe uma noção tão simples como a de assistência: não tem porque entregar o seu computador ao seu dentista para consertar se ele não tem o mérito para isso (no sentido de ele não ter conseguido alcançar o patamar necessário para tal conserto) e, da mesma forma, não se faria o contrário, ou seja, um tratamento de canal com o técnico de informática.
O discurso contra o mérito por trás do uso da palavra meritocracia adora usar o exemplo do acesso às universidades via vestibular. Por este raciocínio, é um erro a universidade ter a chance de escolher os candidatos a estudantes mais bem preparados, porque quem deveria preparar os estudantes o fez de maneira ruim, se o fez. Outro exemplo pode ser visto nos efeitos da transformação da luta feminista em política de cotas em alguns países da Europa Central: a prática deste sistema levou com os anos a uma situação na prática onde em um concurso para uma vaga de professor catedrático nas universidades, caso haja uma mulher inscrita, ela será automaticamente a escolhida, independente mesmo do currículo. As consequências de não escolher o/a/x melhxr professxr pesquisadxr tem efeitos sociais muito maiores do que aqueles para a candidata escolhida.
No Brasil, a falência da capacidade de gerar iguais oportunidades agora é combatida com o ataque a quem tem algum mérito; pela lógica absurda, se você tem algum mérito, você é culpado de alguém não ter, não importa o esforço que você tenha feito para isso. Mérito se tornou xingamento. Tenho a impressão que a única coisa a substituir a ideia de mérito no Brasil é o jeitinho, a lei de Gerson. Até cair o primeiro prédio mal calculado.
Porque afinal enquanto a socidade brasileira for aquela da cópia autenticada, pode-se ir para um lado e para o outro, pouca coisa muda substancialmente. A cópia autenticada é a medida que demonstra a desconfiança como um dos principais elementos de coesão social do país. Por princípio, cada brasileiro vê no outro um Gerson pior. Cada vez mais, com exemplos que demonstram ter bastante mérito para isso.
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domingo, 27 de outubro de 2013
Yoanny, a blogueira cubana, reloaded
O que se viu ontem em Cachoeira, com a agressão ao convidado da Flica ao ponto de um debate sobre livros e ideias ter sido cancelado, foi a repetição do que fizeram com a blogueira cubana Yoanny em Feira de Santana.
O brasil nos últimos anos recrudesceu sua cultura autoritária, mas a bahia dos últimos anos parece ser o berço e a fonte do que há de pior em envenenar a democracia.Nao entendo o debate nao ter acontecido, a Flica deveria ter feito de tudo para garantir a liberdade de opinião, afinal se trata de um evento literário, um evento que alem da liberdade de expressão artística so tem sentido de existir em um campo de liberdade de pensamento. Senão passa a ser apenas palco de propaganda política. Que foi o que aconteceu ontem.
O brasil nos últimos anos recrudesceu sua cultura autoritária, mas a bahia dos últimos anos parece ser o berço e a fonte do que há de pior em envenenar a democracia.Nao entendo o debate nao ter acontecido, a Flica deveria ter feito de tudo para garantir a liberdade de opinião, afinal se trata de um evento literário, um evento que alem da liberdade de expressão artística so tem sentido de existir em um campo de liberdade de pensamento. Senão passa a ser apenas palco de propaganda política. Que foi o que aconteceu ontem.
segunda-feira, 21 de outubro de 2013
Primeiro Campeonato Acriano de Natação, uma ficção
O clube de natação Boto Amazonino, com sede em Rio Branco, fazia tempo não conseguia novos sócios. Ainda que fosse o maior do Estado, com cerca de 290 nadadores em suas aulas para todas as idades, e que possuísse a melhor piscina, ele não era o único; além de existirem clubes menores tanto na capital como em outras cidades, as pessoas do Estado ainda usavam os rios pouco volumosos para treinar, fazendo com que o número aproximado de nadadores registrado na Federação Acriana de Natação fosse de aproximadamente 450 esportistas, vinculados ou não a clubes.
Além de ser o maior, o Clube do Boto Amazonino foi fundado décadas antes de ter sido estabelecida a Federação Acriana de Natação, sobre a qual ele exercia grande influência política. Inspirada então por jogos de pirâmide e estratégias de marketing de massas italianas, a direção do Clube teve uma ideia genial: resolveu convocar, independente da Federação, o inédito Campeonato Acriano de Natação, para todas as idades e modalidades. Para atrair novos sócios para o clube, a estratégia elaborada foi a de cobrar uma taxa para inscrição de não-sócios que fosse o equivalente ao que um sócio paga em mensalidades por 6 meses e, ao mesmo tempo, declarar grátis a inscrição para sócios. Era claro que até um dia antes do certame as pessoas podiam se tornar sócias do clube. Nem precisa dizer que a Federação Acriana de Natação publicou uma declaração em todos os jornais do Estado parabenizando a iniciativa e convocando todos os nadadores a participarem.
O Clube do Boto Amazonino ganhou vários sócios novos. Dois clubes de bairro quase tiveram que fechar as suas portas, pois 50% dos alunos de suas escolinhas se transferiram para o Boto Amazonino, sem nem perceber que com os gastos de transporte coletivo iria sair mais caro passar a frequentar o maior dos clubes do Acre. O rios continuam lá. E teve gente que se recusou a participar da Competição, pois não tinha sido convocada pela Federação. Os Estados de Amazonas e Rondônia, que não são nada bobos, perceberam a jogada e a situação criada e convocaram um Campeonato Amazonense de Natação através de suas Federações, com inscrição grátis. Como porém este outro campeonato só foi lançado dois meses depois daquele promovido pelo Clube do Boto Amazonino, ninguém se queixou. Mas os melhores atletas, depois disso, foram embora do Acre. Fim da História.
PS Esta é uma obra de ficção. Qualquer semelhança com fatos ou pessoas ou nomes ou situações da vida real terá sido mera coincidência
Além de ser o maior, o Clube do Boto Amazonino foi fundado décadas antes de ter sido estabelecida a Federação Acriana de Natação, sobre a qual ele exercia grande influência política. Inspirada então por jogos de pirâmide e estratégias de marketing de massas italianas, a direção do Clube teve uma ideia genial: resolveu convocar, independente da Federação, o inédito Campeonato Acriano de Natação, para todas as idades e modalidades. Para atrair novos sócios para o clube, a estratégia elaborada foi a de cobrar uma taxa para inscrição de não-sócios que fosse o equivalente ao que um sócio paga em mensalidades por 6 meses e, ao mesmo tempo, declarar grátis a inscrição para sócios. Era claro que até um dia antes do certame as pessoas podiam se tornar sócias do clube. Nem precisa dizer que a Federação Acriana de Natação publicou uma declaração em todos os jornais do Estado parabenizando a iniciativa e convocando todos os nadadores a participarem.
O Clube do Boto Amazonino ganhou vários sócios novos. Dois clubes de bairro quase tiveram que fechar as suas portas, pois 50% dos alunos de suas escolinhas se transferiram para o Boto Amazonino, sem nem perceber que com os gastos de transporte coletivo iria sair mais caro passar a frequentar o maior dos clubes do Acre. O rios continuam lá. E teve gente que se recusou a participar da Competição, pois não tinha sido convocada pela Federação. Os Estados de Amazonas e Rondônia, que não são nada bobos, perceberam a jogada e a situação criada e convocaram um Campeonato Amazonense de Natação através de suas Federações, com inscrição grátis. Como porém este outro campeonato só foi lançado dois meses depois daquele promovido pelo Clube do Boto Amazonino, ninguém se queixou. Mas os melhores atletas, depois disso, foram embora do Acre. Fim da História.
PS Esta é uma obra de ficção. Qualquer semelhança com fatos ou pessoas ou nomes ou situações da vida real terá sido mera coincidência
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sexta-feira, 11 de outubro de 2013
uma loja de impressoras 3D... aqui no quarteirão!
Quem poderia pensar que a nova filial de uma rede de supermercados perderia tão rapidamente o posto de novidade mais interessante do quarteirão! Além de terem sido um tanto decepcionantes a oferta de produtos e especialmente a sempre estressante área dos caixas, o supermercado jamais teria condição de concorrer com a loja de impressoras 3D que abriu do outro lado da rua.
Nunca imaginei que tão rapidamente fosse ver impressoras 3D sendo vendidas em lojas não-virtuais, muito menos em uma dedicada exclusivamente ao produto. E aqui do lado!
Ainda que eu tenha conseguido fazer a foto com a vitrine livre, a grande novidade tem atraído público de todas as idades que param na frente da loja e observam uma impressora em funcionamento e as suas "impressões tridimensionais" já prontas. O fascínio é mesmo grande, tipo um brinquedão para toda a família, ainda que muitos devam se preguntar sobre a serventia da coisa, especialmente porque custa 1400 euros.
O que achei mais interessante é que a loja parece muito mais com um armarinho do que com uma papelaria ou loja de informática: ocupando toda a área da parede que não se vê nesta foto estão dispostos em várias cores os carretéis de plástico que servem de matéria-prima para a impressão. Ali na vitrine também estão alguns deles.
Nunca imaginei que tão rapidamente fosse ver impressoras 3D sendo vendidas em lojas não-virtuais, muito menos em uma dedicada exclusivamente ao produto. E aqui do lado!
Ainda que eu tenha conseguido fazer a foto com a vitrine livre, a grande novidade tem atraído público de todas as idades que param na frente da loja e observam uma impressora em funcionamento e as suas "impressões tridimensionais" já prontas. O fascínio é mesmo grande, tipo um brinquedão para toda a família, ainda que muitos devam se preguntar sobre a serventia da coisa, especialmente porque custa 1400 euros.
O que achei mais interessante é que a loja parece muito mais com um armarinho do que com uma papelaria ou loja de informática: ocupando toda a área da parede que não se vê nesta foto estão dispostos em várias cores os carretéis de plástico que servem de matéria-prima para a impressão. Ali na vitrine também estão alguns deles.
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domingo, 6 de outubro de 2013
De bicicleta por Viena, 02: Do Prater à Ilha do Danúbio
Vários caminhos ligam os distritos 2 e 20 de Viena à vizinha Ilha do Danúbio, a maior área de lazer da cidade. Entre eles e a Ilha, entretanto, está o Danúbio, com mais de 400 metros de largura de margem a margem. Para o ciclista que mora ao sul da cidade, existem duas importantes ligações: através da Ponte do Prater e por cima da barragem da usina hiderlétrica, construída no extremo sul da ilha.
A Ponte do Prater sobre o Danúbio corresponde ao trecho elevado da autopista urbana que corta Viena ao sul da cidade e que é uma das mais movimentadas em número de automóveis e caminhões de toda a Europa. Como ela passa por cima do jardim do Prater, ela se mantém ali elevada, sem interromper a continuidade espacial do parque.
Os ciclistas que vão em direção a Ilha do Danúbio alcançam a Ponte a partir de uma pequena ladeira, mas chegando na ponte, não trafegam no mesmo nível dos veículos automotores: na altura da estrutura, sob o nível da rua, foi fixada uma ciclovia, que desta maneira livra os ciclistas dos gases e ruídos dos carros e caminhões.
Interessante é a estrutura que foi construída para a descida da ciclovia, tanto na margem do rio ainda no 2° distrito como na chegada à Ilha: uma rampa em espiral, atirantada, sutentada por uma estrutura metálica no centro da circunferência. O raio da rampa é grande o suficiente para que a subida seja agradável e que a descida seja um prazer para o ciclista, especialmente se tiver a sorte de ninguém vir subindo na pista contrária. Descida a rampa, é só seguir pela Ilha.
A Ponte do Prater sobre o Danúbio corresponde ao trecho elevado da autopista urbana que corta Viena ao sul da cidade e que é uma das mais movimentadas em número de automóveis e caminhões de toda a Europa. Como ela passa por cima do jardim do Prater, ela se mantém ali elevada, sem interromper a continuidade espacial do parque.
Os ciclistas que vão em direção a Ilha do Danúbio alcançam a Ponte a partir de uma pequena ladeira, mas chegando na ponte, não trafegam no mesmo nível dos veículos automotores: na altura da estrutura, sob o nível da rua, foi fixada uma ciclovia, que desta maneira livra os ciclistas dos gases e ruídos dos carros e caminhões.
Interessante é a estrutura que foi construída para a descida da ciclovia, tanto na margem do rio ainda no 2° distrito como na chegada à Ilha: uma rampa em espiral, atirantada, sutentada por uma estrutura metálica no centro da circunferência. O raio da rampa é grande o suficiente para que a subida seja agradável e que a descida seja um prazer para o ciclista, especialmente se tiver a sorte de ninguém vir subindo na pista contrária. Descida a rampa, é só seguir pela Ilha.
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segunda-feira, 30 de setembro de 2013
como se não fosse nada.... semelhanças de uma nova era
Hoje pela manhã, por uma razão inexplicável, cliquei no link de um tweet do site dezeen magazine sobre o post mais visitado deles durante o fim-de-semana, que trata de um shopping center na Suécia, projeto do escritório Wingårdhs architects: http://www.dezeen.com/2013/09/27/emporia-shopping-centre-in-malmo-by-wingardhs/
O tamanho do edifício impressiona, assim como o desenho de sua cobertura, mas é a "semelhança formal" com o shopping center My Zeil, em Frankfurt, desenhado por Massimiliano Fuksas, que chama a atenção. Em ambos, a entrada principal do edifício, que têm o mesmo uso, é marcada por uma ruptura na fachada principal causada por uma deformação na malha de aço e vidro que se direciona ao topo do edifício e transforma pele e cobertura em um jogo formal vertiginoso.
É claro que pode-se dizer que este é só o início de um novo repertório arquitetônico construído. E é evidente que há um salto tecnológico entre a triangulação na malha do projeto de Fuksas e os quadriláteros do seu equivalente sueco. Mas é evidente mais uma vez, como em outros momentos da história da arquitetura, a dificuldade de se desvencilhar do poder do apelo formal da nova referência. Há limites culturais claros a serem vencidos, há também um maneirismo muito precoce no ar.
O tamanho do edifício impressiona, assim como o desenho de sua cobertura, mas é a "semelhança formal" com o shopping center My Zeil, em Frankfurt, desenhado por Massimiliano Fuksas, que chama a atenção. Em ambos, a entrada principal do edifício, que têm o mesmo uso, é marcada por uma ruptura na fachada principal causada por uma deformação na malha de aço e vidro que se direciona ao topo do edifício e transforma pele e cobertura em um jogo formal vertiginoso.
É claro que pode-se dizer que este é só o início de um novo repertório arquitetônico construído. E é evidente que há um salto tecnológico entre a triangulação na malha do projeto de Fuksas e os quadriláteros do seu equivalente sueco. Mas é evidente mais uma vez, como em outros momentos da história da arquitetura, a dificuldade de se desvencilhar do poder do apelo formal da nova referência. Há limites culturais claros a serem vencidos, há também um maneirismo muito precoce no ar.
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sexta-feira, 27 de setembro de 2013
opinião, liberdade de (primeira aula de curso introdutório)
A revista A representa e defende as ideias políticas X
O jornal B representa e defende as ideias políticas W
A rede de TV C representa e defende as ideias políticas Y
O portal da internet D defende e representa as ideias políticas Z
Estes são meios de comunicação e, portanto, formadores de opinião.
Se você faz uma "denúncia", acusando um deles de representar e defender as ideias que eles defendem e representam, existem três opções seguras para compreender o que você faz:
a) eles propagam ódio ou violência.
b) o seu discurso é tautológico e, por isso, vazio.
c) você faz parte de uma campanha que tenta estabelecer um clima para aniquilá-los. Você não está colaborando com a democracia.
O jornal B representa e defende as ideias políticas W
A rede de TV C representa e defende as ideias políticas Y
O portal da internet D defende e representa as ideias políticas Z
Estes são meios de comunicação e, portanto, formadores de opinião.
Se você faz uma "denúncia", acusando um deles de representar e defender as ideias que eles defendem e representam, existem três opções seguras para compreender o que você faz:
a) eles propagam ódio ou violência.
b) o seu discurso é tautológico e, por isso, vazio.
c) você faz parte de uma campanha que tenta estabelecer um clima para aniquilá-los. Você não está colaborando com a democracia.
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terça-feira, 20 de agosto de 2013
De bicicleta por Viena, 01: no Prater
Um parque urbano
imenso – que até o século XVIII era região de caça do Imperador – cortado
longitudinalmente por um eixo de 4,5km de extensão, sua grande alameda: o Prater, entre o Centro da
Cidade e o Danúbio, é um dos espaços mais interessantes de Viena. Ainda que o nome esteja
ligado ao Parque de Diversões que ocupa uma de suas extremidades e sua famosa
Roda Gigante, seus quase 6 km2 de área estão cobertos por árvores de grande
porte e vegetação ribeirinha típica. Dentro da área do Prater está o
principal estádio de futebol da cidade, por sua vez vizinho da piscina pública do Estádio,
um complexo de esporte e lazer de dimensões proporcionais às do parque. Tênis, rugbi, equitação estão entre os outros esportes que podem ser praticados no Prater. Em sua
imediata vizinhança estão ainda o Centro de Feiras e Convenções e o
recém-inaugurado Campus da Universidade de Economia, que virá trazer um público grande de universitários para o cotidiano da região.
A alameda do Prater conecta-se diretamente por
ciclovias tanto ao centro da cidade como à ilha do Danúbio, estando unidas assim as
duas mais importantes áreas de lazer sobre duas rodas da cidade. Enquanto o
Prater tem um público mais familiar, lugar onde muitas crianças aprendendo a andar de
bicicleta, a Ilha do Danúbio é o lugar dos que treinam com todo o equipamento
de competição (lá se tem a impressão de que muitos vienenses são ciclistas
profissionais, com suas bicicletas e indumentária de quem treina para bater recordes oficiais de velocidade). Não é à toa que os primeiros edifícios de habitação da cidade que forma construídos sem garagens e em vez disso com bicicletário com generosa oferta de vagas, estejam exatamente em suas imediações.
Voltando ao Prater, a velocidade é baixa, a sombra
das árvores, um luxo e o asfalto é de primeira. Só não pode se descuidar dos
que estão treinando para a próxima maratona. Mas sem neura, há espaço de sobra.
domingo, 4 de agosto de 2013
dias de cão
Ao sul de Viena, a grama e o que não foi cultivado nas plantações de milho ou trigo, tudo está seco depois de vários dias com temperaturas acima de 30°C.
São os dias de cão, imortalizados no filme homônimo de Ulrich Seidl, no original, Hundstage. Muito longe de qualquer brisa marinha, quando o calor do Saara chega aos Alpes, é preciso esperar que alguma potente frente fria vinda de longe cause um toró. Está tudo lá no filme.
Há muitos séculos estas semanas entre finais de julho e início de agosto são assim chamadas na Áustria por reunirem os dias mais quentes do ano, não por acaso, simetricamente, o período do ano onde com maior freqüencia acontecem no sul e suldeste do Brasil os dias mais frios do inverno.
Há alguns anos atrás, Anete e Paeta vieram me visitar exatamente em uma semana como esta de agora. Mal conseguíamos ir de sombra em sombra para ver as casas de Adolf Loos no 13° distrito. Paeta disse que ia voltar correndo para Aracaju para passar menos calor.
Este foi um domingo no meio dos dias de cão, que este ano vieram com toda força (já so sábado, foram batidos todos os recordes históricos de medidas de temperatura). Um dia com direito a trovão, raio e chuva depois do por-do-sol.
São os dias de cão, imortalizados no filme homônimo de Ulrich Seidl, no original, Hundstage. Muito longe de qualquer brisa marinha, quando o calor do Saara chega aos Alpes, é preciso esperar que alguma potente frente fria vinda de longe cause um toró. Está tudo lá no filme.
Há muitos séculos estas semanas entre finais de julho e início de agosto são assim chamadas na Áustria por reunirem os dias mais quentes do ano, não por acaso, simetricamente, o período do ano onde com maior freqüencia acontecem no sul e suldeste do Brasil os dias mais frios do inverno.
Há alguns anos atrás, Anete e Paeta vieram me visitar exatamente em uma semana como esta de agora. Mal conseguíamos ir de sombra em sombra para ver as casas de Adolf Loos no 13° distrito. Paeta disse que ia voltar correndo para Aracaju para passar menos calor.
Este foi um domingo no meio dos dias de cão, que este ano vieram com toda força (já so sábado, foram batidos todos os recordes históricos de medidas de temperatura). Um dia com direito a trovão, raio e chuva depois do por-do-sol.
Agora pela manhã, os jornais falam da grande destruição que este toró causou ontem em várias partes da Áustria e sul da Alemanha. Neste momento, o sol está de volta, como se nada tivesse acontecido: previsão do dia: 36°C!
quinta-feira, 18 de julho de 2013
falta médico no interior.... da Áustria!
Um dos temas deste ano na Áustria é a falta de médicos em alguns estados do país e, em especial, nas regiões com maior taxa de população rural.
Ainda que os índices de urbanização da Áustria sejam comparativamente baixos, os médicos acompanham uma tendência dos útlimos anos de concentração nas grandes cidades.
Antes de qualquer parelelo com o Brasil é preciso dizer que a Áustria tem uma área cem vezes menor, sendo boa parte dela ocupada pelos Alpes. A outra parte, que não é montanha, é muito bem servida de infra-estrutura de transporte e de serviços em geral, incluindo hospitais. É preciso dizer também que toda a medicina na Áustria é pública: o presidente do país, o cantor George Michael - quando há um ano teve uma série crise de pneumonia quando estava em Viena para um show - ou qualquer trabalhador comum usam o mesmo hospital central de Viena, o AKH. Ter um plano privado de saúde neste país significa que em vez de estar numa enfermaria, a pessoa tem direito a um quarto individual. No mesmo hospital.
A Áustria tem 4,8 médicos por mil habitantes (Brasil: aprox. 2 por mil) e a Universidade de Medicina de Viena é o maior centro de formação em medicina do mundo, com 8.500 estudantes. Mesmo assim faltam médicos no estado mais ocidental da Áustria, o Voralberg, e faltam médicos para atender famílias em pequenos povoados.
A formação de medicina na Áustria passa por uma pressão imensa: como a Alemanha, com dez vezes mais habitantes e a mesma língua, forma muito menos médicos do que o necessário, a Áustria acaba formando médicos para a Alemanha, em um custo pago exclusivamente pelo cidadão austríaco. Foi necessário nos útlimos anos tentar de alguma maneira proteger vagas para austríacos, pois a presença dos alemães tomou dimensões esmagadoras.
A estrutura do curso de medicina é diferente tanto do atual modelo no Brasil como da proposta de dois anos de serviços obrigatórios sem plano de carreira e sem autonomia de escolha constante da medida provisória do governo brasileiro atualmente em debate. Um médico na Áustria estuda 6 anos (12 semestres) na Universidade, em tempo mínimo. Concluídos os estudos universitários, ele tem duas opções gerais a seguir em sua formação prática, sendo esta uma etapa tão essencial quantos os estudos na universidade para o exercício da profissão: a) a formação de médico clínico geral ou b) a formação de especialista.
Optando pela formação de clínico geral, o médico em formação trabalha durante no mínimo 3 anos em um hospital, sob orientação dos médicos ali empregados, ou seja sem nenhuma autonomia, tendo que obrigatoriamente passar por clínica geral, otorrinolaringologia, ginecologia e obstetricia, cirurgia, pediatria e medicina dos órgãos internos (assim é chamada na Áustria), estando um tempo mínimo previsto para cada uma destas especialidades. Após este tempo mínimo de três anos, o médico precisa se submeter a um exame do Conselho de Medicina, e somente após aprovação ele pode exercer de maneira autônoma a sua profissão. Então, para aqueles que seguirem este caminho, a formação dura no mínimo 9 anos, caso a pessoa não se atrase nem um semestre na universidade.
Optando pela formação de especialista, o médico em formação escolhe uma das quarenta e cinco especializações, que em alguns casos exigem especializações complementares obrigatórias, e terá que trabalhar em hospital sob orientação de médicos formados, no mínimo 6 anos, para depois ser submetido a uma prova do Conselho de Medicina. Então, para os médicos especialistas a formação em medicina dura na Áustria no minimo 12 anos.
O estado de Voralberg tomou algumas medidas para atrair médicos que concluíram os estudos na universidade e precisam ingressar na formação prática, entre elas um aumento do salário inicial (65 mil euros por ano, bruto) e melhores condições de trabalho. A carreira dos médicos no país é claramente estruturada, então nesta frente há pouco o que fazer.
Apenas três cidades oferecem curso de medicina e há obviamente uma tendência de o médico continuar nas grandes cidades após a formação. Ainda que uma parte do diagnóstico indique que uma das soluções seria investir mais na formação de profissionais não-médicos na área de saúde, para cumprir uma série de tarefas que na Áustria somente um médico está autorizado a fazer (como por exemplo retirar sangue de alguém para um exame), o governo insiste em abrir mais uma universidade de medicina, o que vem sendo muito criticado em várias frentes.
O que efetivamente é parte deste problema é a nova distribuição populacional do país. Como em nenhum outro lugar, os bosques são o tipo de ocupação do solo que mais cresce na Áustria, tomando lugar antes ocupado por plantações. Boa parte da malha urbana rural do país vem sendo reutilizada como casa de fim de semana, deixando de ser moradia permanente de famílias, que passam a morar cada vez mais ao redor e dentro dos grandes centros.
A questão da falta de médicos é grave porque existe uma infra-estrutura instalada e de alta qualidade que precisa ser mantida em funcionamento. Os profissionais são, dentro desta infra-estrutura, os elementos mais móveis, mais instáveis, porque afinal são seres humanos. E eles também estão interessados em morar nas cidades. Efetivamente a falta de médicos na Áustria é uma sinalização de um provável redesenho em um futuro próximo de toda a rede de infra-estrutura social no país. Mas ninguém por aqui pensa em obrigá-los a nada.
Ainda que os índices de urbanização da Áustria sejam comparativamente baixos, os médicos acompanham uma tendência dos útlimos anos de concentração nas grandes cidades.
Antes de qualquer parelelo com o Brasil é preciso dizer que a Áustria tem uma área cem vezes menor, sendo boa parte dela ocupada pelos Alpes. A outra parte, que não é montanha, é muito bem servida de infra-estrutura de transporte e de serviços em geral, incluindo hospitais. É preciso dizer também que toda a medicina na Áustria é pública: o presidente do país, o cantor George Michael - quando há um ano teve uma série crise de pneumonia quando estava em Viena para um show - ou qualquer trabalhador comum usam o mesmo hospital central de Viena, o AKH. Ter um plano privado de saúde neste país significa que em vez de estar numa enfermaria, a pessoa tem direito a um quarto individual. No mesmo hospital.
A Áustria tem 4,8 médicos por mil habitantes (Brasil: aprox. 2 por mil) e a Universidade de Medicina de Viena é o maior centro de formação em medicina do mundo, com 8.500 estudantes. Mesmo assim faltam médicos no estado mais ocidental da Áustria, o Voralberg, e faltam médicos para atender famílias em pequenos povoados.
A formação de medicina na Áustria passa por uma pressão imensa: como a Alemanha, com dez vezes mais habitantes e a mesma língua, forma muito menos médicos do que o necessário, a Áustria acaba formando médicos para a Alemanha, em um custo pago exclusivamente pelo cidadão austríaco. Foi necessário nos útlimos anos tentar de alguma maneira proteger vagas para austríacos, pois a presença dos alemães tomou dimensões esmagadoras.
A estrutura do curso de medicina é diferente tanto do atual modelo no Brasil como da proposta de dois anos de serviços obrigatórios sem plano de carreira e sem autonomia de escolha constante da medida provisória do governo brasileiro atualmente em debate. Um médico na Áustria estuda 6 anos (12 semestres) na Universidade, em tempo mínimo. Concluídos os estudos universitários, ele tem duas opções gerais a seguir em sua formação prática, sendo esta uma etapa tão essencial quantos os estudos na universidade para o exercício da profissão: a) a formação de médico clínico geral ou b) a formação de especialista.
Optando pela formação de clínico geral, o médico em formação trabalha durante no mínimo 3 anos em um hospital, sob orientação dos médicos ali empregados, ou seja sem nenhuma autonomia, tendo que obrigatoriamente passar por clínica geral, otorrinolaringologia, ginecologia e obstetricia, cirurgia, pediatria e medicina dos órgãos internos (assim é chamada na Áustria), estando um tempo mínimo previsto para cada uma destas especialidades. Após este tempo mínimo de três anos, o médico precisa se submeter a um exame do Conselho de Medicina, e somente após aprovação ele pode exercer de maneira autônoma a sua profissão. Então, para aqueles que seguirem este caminho, a formação dura no mínimo 9 anos, caso a pessoa não se atrase nem um semestre na universidade.
Optando pela formação de especialista, o médico em formação escolhe uma das quarenta e cinco especializações, que em alguns casos exigem especializações complementares obrigatórias, e terá que trabalhar em hospital sob orientação de médicos formados, no mínimo 6 anos, para depois ser submetido a uma prova do Conselho de Medicina. Então, para os médicos especialistas a formação em medicina dura na Áustria no minimo 12 anos.
O estado de Voralberg tomou algumas medidas para atrair médicos que concluíram os estudos na universidade e precisam ingressar na formação prática, entre elas um aumento do salário inicial (65 mil euros por ano, bruto) e melhores condições de trabalho. A carreira dos médicos no país é claramente estruturada, então nesta frente há pouco o que fazer.
Apenas três cidades oferecem curso de medicina e há obviamente uma tendência de o médico continuar nas grandes cidades após a formação. Ainda que uma parte do diagnóstico indique que uma das soluções seria investir mais na formação de profissionais não-médicos na área de saúde, para cumprir uma série de tarefas que na Áustria somente um médico está autorizado a fazer (como por exemplo retirar sangue de alguém para um exame), o governo insiste em abrir mais uma universidade de medicina, o que vem sendo muito criticado em várias frentes.
O que efetivamente é parte deste problema é a nova distribuição populacional do país. Como em nenhum outro lugar, os bosques são o tipo de ocupação do solo que mais cresce na Áustria, tomando lugar antes ocupado por plantações. Boa parte da malha urbana rural do país vem sendo reutilizada como casa de fim de semana, deixando de ser moradia permanente de famílias, que passam a morar cada vez mais ao redor e dentro dos grandes centros.
A questão da falta de médicos é grave porque existe uma infra-estrutura instalada e de alta qualidade que precisa ser mantida em funcionamento. Os profissionais são, dentro desta infra-estrutura, os elementos mais móveis, mais instáveis, porque afinal são seres humanos. E eles também estão interessados em morar nas cidades. Efetivamente a falta de médicos na Áustria é uma sinalização de um provável redesenho em um futuro próximo de toda a rede de infra-estrutura social no país. Mas ninguém por aqui pensa em obrigá-los a nada.
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segunda-feira, 24 de junho de 2013
urna transparente, a minha
Nenhum dos candidatos em que votei até hoje conseguiu ser eleito.
Nas últimas eleições presidenciais, por exemplo, votei em um candidato que teve 0,86% dos votos.
Nos anos 90, votando no único partido que defendia como um dos principais pontos do seu programa a igualdade de direitos civis para todos os brasileiros, nunca tive a companhia de mais de 1% dos meus compatriotas.
Portanto, compartilho com poucos brasileiros as perspectivas futuras e valores deste coletivo. E isso não é problema algum.
Como nunca fui, não sou e nem pretendo ser militante de partido algum, na hora do voto, decido com espírito crítico em que partido e em quem votar.
Isso me permite analisar as diferentes esferas de poder, que no Brasil têm eleições simultâneas, e votar em uma mesma eleição para diferentes partidos, por exemplo, para o cargo de governador de estado e para o cargo de deputado federal.
Nas últimas eleições, meus dois derrotados candidatos a prefeito e a vereador eram de partidos distintos.
Enquanto o país for uma democracia, espera-se que este livre pensar, desamarrado das doutrinas partidárias, seja o da maioria. Ele garante o avanço, o debate. Não é à toa que em ditaduras monopartidárias, como em Cuba ou na Alemanha Nazista ou na Alemanha Comunista, é necessário que muita gente seja membro do partido que terroriza a população.
Por isso, no momento em que as pessoas vão às ruas com suas reivindicações, eu imagino que o melhor que os partidos políticos teriam a fazer é escutar, ler e obsevar o que as pessoas têm para dizer. Alguns deles não fazem isso por arrogância, por se entenderem como entidades iluminadas acima da população. Outros simplesmente não querem demonstração nenhuma.
Se em tempos normais, a liberdade de opinião é um dos pilares da democracia, em tempos de crise, ainda mais.
Sem a liberdade de expressão agora, sem a liberdade de cada um ir à rua protestar, o que será das eleições futuras?
Nas últimas eleições presidenciais, por exemplo, votei em um candidato que teve 0,86% dos votos.
Nos anos 90, votando no único partido que defendia como um dos principais pontos do seu programa a igualdade de direitos civis para todos os brasileiros, nunca tive a companhia de mais de 1% dos meus compatriotas.
Portanto, compartilho com poucos brasileiros as perspectivas futuras e valores deste coletivo. E isso não é problema algum.
Como nunca fui, não sou e nem pretendo ser militante de partido algum, na hora do voto, decido com espírito crítico em que partido e em quem votar.
Isso me permite analisar as diferentes esferas de poder, que no Brasil têm eleições simultâneas, e votar em uma mesma eleição para diferentes partidos, por exemplo, para o cargo de governador de estado e para o cargo de deputado federal.
Nas últimas eleições, meus dois derrotados candidatos a prefeito e a vereador eram de partidos distintos.
Enquanto o país for uma democracia, espera-se que este livre pensar, desamarrado das doutrinas partidárias, seja o da maioria. Ele garante o avanço, o debate. Não é à toa que em ditaduras monopartidárias, como em Cuba ou na Alemanha Nazista ou na Alemanha Comunista, é necessário que muita gente seja membro do partido que terroriza a população.
Por isso, no momento em que as pessoas vão às ruas com suas reivindicações, eu imagino que o melhor que os partidos políticos teriam a fazer é escutar, ler e obsevar o que as pessoas têm para dizer. Alguns deles não fazem isso por arrogância, por se entenderem como entidades iluminadas acima da população. Outros simplesmente não querem demonstração nenhuma.
Se em tempos normais, a liberdade de opinião é um dos pilares da democracia, em tempos de crise, ainda mais.
Sem a liberdade de expressão agora, sem a liberdade de cada um ir à rua protestar, o que será das eleições futuras?
sexta-feira, 21 de junho de 2013
agora querem instalar catracas de acesso à multidão
A pior coisa que tenho lido nas últimas 36 horas é a arrogância de muita gente que, se colocando em instância moral superior por se autodenominar "de esquerda", quer criar agora uma catraca nas manifestações: para esta gente, inclusive para o deputado-big-brother, eles se acham na posição de determinar quem tem o direito de protestar, porque eles crêem ter critério para estabelecer o que eles entendem como uma razão justa para os protestos.
O movimento que é originalmente por catracas livres agora quer então instalar catracas na multidão?
Ora a rua é pública e a liberdade de expressão é um dos direitos fundamentais do ser humano. Existe muita raiva contida no Brasil, o aumento das tarifas de ônibus foi uma gota d'água muito pequena.
Voces estão com medo de quê? Com medo de conhecer o Brasil como ele é? De enfrentar na política real, na política de ação, as distintas insatisfações com o país?
Se há extrema-direita se manifestando, é porque nao houve educação suficiente para que tais ideias abomináveis - como aquelas apoiadas pelo governo e defendidas pelo Pastor Marcos Feliciano - se propagassem.
Vocês que toleraram este governo petisita, vocês que o elegeram, criaram terreno fácil para isso, apoairam um governo de intolerância e de falta de diálogo.
Agora querer reprimir a liberdade de expressão, querer impedir que TODOS tenham voz, isso faz de vocês os agentes que então estão preparando o golpe final. O golpe deste status quo contra o qual as pessoas estão nas ruas.
#liberdadedeexpressaoédireitofundamental
#cadaumtemsuaqueixa
#vempraruavocêtambémvem
#VerasQueUmFilhoTeuNaoFogeALuta
O movimento que é originalmente por catracas livres agora quer então instalar catracas na multidão?
Ora a rua é pública e a liberdade de expressão é um dos direitos fundamentais do ser humano. Existe muita raiva contida no Brasil, o aumento das tarifas de ônibus foi uma gota d'água muito pequena.
Voces estão com medo de quê? Com medo de conhecer o Brasil como ele é? De enfrentar na política real, na política de ação, as distintas insatisfações com o país?
Se há extrema-direita se manifestando, é porque nao houve educação suficiente para que tais ideias abomináveis - como aquelas apoiadas pelo governo e defendidas pelo Pastor Marcos Feliciano - se propagassem.
Vocês que toleraram este governo petisita, vocês que o elegeram, criaram terreno fácil para isso, apoairam um governo de intolerância e de falta de diálogo.
Agora querer reprimir a liberdade de expressão, querer impedir que TODOS tenham voz, isso faz de vocês os agentes que então estão preparando o golpe final. O golpe deste status quo contra o qual as pessoas estão nas ruas.
#liberdadedeexpressaoédireitofundamental
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#vempraruavocêtambémvem
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quinta-feira, 20 de junho de 2013
A Ponte para Itaparica é o nosso Parque Gezi
Temos na Bahia uma pauta urgente, que é equivalente ao Parque Gezi em Istambul. Precisamos impedir que o Governo do Estado da Bahia construa a Ponte para Itaparica. É preciso que as ruas exijam isto do governador da Bahia e do prefeito de Salvador.
Os gastos com a Ponte sao estratosféricos, a Ponte não tem nenhum argumento técnico do ponto de vista dos transportes e da economia que a sustente enquanto projeto de uma sociedade; a ponte só interessa às empreteiras que a irão construir e depois destruirão a Ilha de Itaparica com arranha-céus. E aos políticos que estão no poder, as razões todos devem saber.
O Prof. Paulo Ormindo vem esclarecendo em uma série de artigos publicados na imprensa todos os argumentos contrários à insanidade que é construir esta ponte.
Portanto, vamos à rua protestar também contra a Ponte para a Ilha de Itaparica, precisamos nos defender deste absurdo e ainda podemos conseguir isso. As manifestações em Salvador só devem parar quando este projeto for definitivamente arquivado.
A Ponte para Itaparica é o nosso Parque Gezi.
Contra a Ponte para Itaparica, #VEMPRARUA !!!!
Os gastos com a Ponte sao estratosféricos, a Ponte não tem nenhum argumento técnico do ponto de vista dos transportes e da economia que a sustente enquanto projeto de uma sociedade; a ponte só interessa às empreteiras que a irão construir e depois destruirão a Ilha de Itaparica com arranha-céus. E aos políticos que estão no poder, as razões todos devem saber.
O Prof. Paulo Ormindo vem esclarecendo em uma série de artigos publicados na imprensa todos os argumentos contrários à insanidade que é construir esta ponte.
Portanto, vamos à rua protestar também contra a Ponte para a Ilha de Itaparica, precisamos nos defender deste absurdo e ainda podemos conseguir isso. As manifestações em Salvador só devem parar quando este projeto for definitivamente arquivado.
A Ponte para Itaparica é o nosso Parque Gezi.
Contra a Ponte para Itaparica, #VEMPRARUA !!!!
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terça-feira, 18 de junho de 2013
depois do grande protesto de segunda-feira, dia 17 de junho
Multiplicaram-se hoje os textos de filósofos, sociólogos e afins querendo identificar (o que seria determinar) um foco para o movimento. Eles tentam obviamente fazer com que as pessoas acreditem que os manifestantes estão nas ruas apenas pelas altas tarifas dos transportes públicos. Eles insistem em tentar neutralizar o movimento gerando uma compreensão de que existe um alvo, um foco, um objetivo preciso no movimento.
Como são textos bem escritos, a tentação de acreditar nisso é fácil. Eu queria que um destes filósofos, sociólogos, etc apresentasse uma solução rápida e imediata, e de preferência sem nenhum prejuízo às massas, para as horas intermináveis que as pessoas perdem no trânsito, uma solução tão prática e imediata quanto o efeito que terá uma provável redução das tarifas. Baixar as tarifas hoje (mesmo que o governo para isso venha a abrir mão de parte do financiamento da campanha do ano que vem) é algo fácil de fazer, e se as pessoas acreditarem que o foco é este, entao será mais fácil depois conduzir a população que não está nas ruas contra quem está se manifestando.
O mote será: as tarifas foram abaixadas, porque estes vândalos não param de demonstrar?
As pessoas estão protestando contra as horas e horas de vida perdidas no engarrafamento, contra a arrogância ditatorial do governo, que insiste em se ver na posição de "condução iluminada das massas ignorantes e famintas por bens de consumo", contra um mal-estar imenso de viver em cidades como Salvador ou São Paulo, com medo, sem opção de lazer, sem área verde, sem escolas públicas que prestem, sem tranquilidade para se ter um cotidiano simples.
Não tem foco, porque as necessidades e os desconfortos, reprimidos através do efeito moralista e anestesiante conseguido com a chantagem social elaborada a partir das frágeis satisfações materialistas para os mais pobres, são muitas e imensas e variadas. É preciso que reafirmemos todo o tempo esta multiplicidade das reivindicações, é preciso dar vazão a tudo que até agora foi reprimido em nome de um assistencialismo frágil, incapaz de resistir a 20 centavos. Porque não é disso que estamos falando!
Como são textos bem escritos, a tentação de acreditar nisso é fácil. Eu queria que um destes filósofos, sociólogos, etc apresentasse uma solução rápida e imediata, e de preferência sem nenhum prejuízo às massas, para as horas intermináveis que as pessoas perdem no trânsito, uma solução tão prática e imediata quanto o efeito que terá uma provável redução das tarifas. Baixar as tarifas hoje (mesmo que o governo para isso venha a abrir mão de parte do financiamento da campanha do ano que vem) é algo fácil de fazer, e se as pessoas acreditarem que o foco é este, entao será mais fácil depois conduzir a população que não está nas ruas contra quem está se manifestando.
O mote será: as tarifas foram abaixadas, porque estes vândalos não param de demonstrar?
As pessoas estão protestando contra as horas e horas de vida perdidas no engarrafamento, contra a arrogância ditatorial do governo, que insiste em se ver na posição de "condução iluminada das massas ignorantes e famintas por bens de consumo", contra um mal-estar imenso de viver em cidades como Salvador ou São Paulo, com medo, sem opção de lazer, sem área verde, sem escolas públicas que prestem, sem tranquilidade para se ter um cotidiano simples.
Não tem foco, porque as necessidades e os desconfortos, reprimidos através do efeito moralista e anestesiante conseguido com a chantagem social elaborada a partir das frágeis satisfações materialistas para os mais pobres, são muitas e imensas e variadas. É preciso que reafirmemos todo o tempo esta multiplicidade das reivindicações, é preciso dar vazão a tudo que até agora foi reprimido em nome de um assistencialismo frágil, incapaz de resistir a 20 centavos. Porque não é disso que estamos falando!
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domingo, 16 de junho de 2013
2012: o ano que não acabou
No ano passado, em 2012, as universidades federais se levantaram contra o governo: depois de dois anos de enrolação, o governo insistia em não tratar com seriedade as negociações que deveriam discutir as condições de trabalho extremamente precarizadas pela expansão universitária sem qualidade, a recuperação do salário, defasado pela inflação acumulada, o modelo de financiamento de universidades privadas através do PROUNI, uma nova carreira, alguns dos pontos de uma vasta pauta de reivindicações. Estudantes e técnicos se juntaram aos professores em um movimento extremamente vigoroso; o gelo foi quebrado.
A greve atingiu praticamente 100% das universidades e originou uma onda de greve em várias categorias do funcionalismo público federal. Como todos sabemos, o governo petista sequer negociou com o sindicato dos professores, mantendo-se indiferente à urgência das questões levantadas pelo movimento em todos os setores da universidade.
Na Bahia, vivemos aquele momento de uma perspectiva especial. O governo do estado, também petista, reprimiu violentamente as greves dos policiais e dos professores. Quem acompanhou o movimento na universidade deve lembrar ainda hoje do depoimento de um dos líderes dos professores estaduais em uma assembleia na Reitoria: aquele depoimento, que falava de forte repressão e uso da violência contra os professores, foi um grande incentivo para quem ali esteve continuar a lutar.
Além disso, os professores da UFBA tiveram o seu direito de reunião ameaçados, através de um mandato judicial, que incluía a solicitação de uso da força policial, contra 16 professores que compunham o comando de greve. A truculência, que ia muito além da negação do diálogo, foi sentida na Bahia naquele momento nos dois níveis, federal e estadual.
Em termos nacionais, olhando da perspectiva do que está acontecendo hoje, a greve nas universidades, dirigida contra a política do atual governo, funcionou como uma abertura de vanguarda para a possibilidade de crítica ampla e direta contra um projeto político que se prevê perene por muitos anos à frente do Estado.
As universidades em greve, assim como as escolas no Estado da Bahia, disseminaram esta possibilidade de crítica por muitos lares. Quando a classe média brasileira - a nova e a velha - viu a classe média turca reclamar para si com tanta veemência um parque e suas árvores (eles não estão lutando contra uma ditadura no sentido clássico do termo, como foi o caso dos países da primavera árabe, eles estão em um país aparentemente "democrático" como o nosso), ela percebeu que era chegado o momento de ir às ruas. Os 20 centavos foram somente uma feliz coincidência.
A greve atingiu praticamente 100% das universidades e originou uma onda de greve em várias categorias do funcionalismo público federal. Como todos sabemos, o governo petista sequer negociou com o sindicato dos professores, mantendo-se indiferente à urgência das questões levantadas pelo movimento em todos os setores da universidade.
Na Bahia, vivemos aquele momento de uma perspectiva especial. O governo do estado, também petista, reprimiu violentamente as greves dos policiais e dos professores. Quem acompanhou o movimento na universidade deve lembrar ainda hoje do depoimento de um dos líderes dos professores estaduais em uma assembleia na Reitoria: aquele depoimento, que falava de forte repressão e uso da violência contra os professores, foi um grande incentivo para quem ali esteve continuar a lutar.
Além disso, os professores da UFBA tiveram o seu direito de reunião ameaçados, através de um mandato judicial, que incluía a solicitação de uso da força policial, contra 16 professores que compunham o comando de greve. A truculência, que ia muito além da negação do diálogo, foi sentida na Bahia naquele momento nos dois níveis, federal e estadual.
Em termos nacionais, olhando da perspectiva do que está acontecendo hoje, a greve nas universidades, dirigida contra a política do atual governo, funcionou como uma abertura de vanguarda para a possibilidade de crítica ampla e direta contra um projeto político que se prevê perene por muitos anos à frente do Estado.
As universidades em greve, assim como as escolas no Estado da Bahia, disseminaram esta possibilidade de crítica por muitos lares. Quando a classe média brasileira - a nova e a velha - viu a classe média turca reclamar para si com tanta veemência um parque e suas árvores (eles não estão lutando contra uma ditadura no sentido clássico do termo, como foi o caso dos países da primavera árabe, eles estão em um país aparentemente "democrático" como o nosso), ela percebeu que era chegado o momento de ir às ruas. Os 20 centavos foram somente uma feliz coincidência.
segunda-feira, 13 de maio de 2013
a importância da educação, por ezra koenig
Spex publicou na sua edição de abril a entrevista com o líder do Vampire Weekend, por ocasião do lançamento do seu último ábum. Após responder uma pergunta sobre origem social e pertencimento a uma determinada classe, Ezra Koenig é questionado sobre como ele vê o fato de os temas da música pop atualmente girarem em torno dos problemas que impedem as pessoas de levarem uma vida boa.
Ele responde:
"Se a música deve se comunicar com a vida real, então ela deve ter uma sensibilidade para perceber o que realmente toca as pessoas. Fosse a nossa música tão elitista e intelectual como dizem os que nos criticam, o número de fãs da banda seria muito menor. Eu simplesmente não posso aceitar a ideia de que educação seja algo elitista. Eu fui ensinado de pequeno que qualquer pessoa pode se beneficiar da formação intelectual. Só porque poucas pessoas conseguem ter acesso a educação nos EUA, não quer dizer que educação seja um mal em si. Pode-se até discutir se possuir um Iate ou um Rolex é algo ruim. Mas educação nunca pode ser ruim."
Li isso e pensei a que ponto chegamos: a família se esforça para dar educação aos filhos e estes já são acusados de serem elitistas. Pensei ainda como o Brasil se aproximou muito, em vários aspectos, aos Estados Unidos nos últimos anos, mas não havia percebido que isso também nos aproximava do país governado por Obama. Achava que isso acontecia somente no Brasil.
Ele responde:
"Se a música deve se comunicar com a vida real, então ela deve ter uma sensibilidade para perceber o que realmente toca as pessoas. Fosse a nossa música tão elitista e intelectual como dizem os que nos criticam, o número de fãs da banda seria muito menor. Eu simplesmente não posso aceitar a ideia de que educação seja algo elitista. Eu fui ensinado de pequeno que qualquer pessoa pode se beneficiar da formação intelectual. Só porque poucas pessoas conseguem ter acesso a educação nos EUA, não quer dizer que educação seja um mal em si. Pode-se até discutir se possuir um Iate ou um Rolex é algo ruim. Mas educação nunca pode ser ruim."
Li isso e pensei a que ponto chegamos: a família se esforça para dar educação aos filhos e estes já são acusados de serem elitistas. Pensei ainda como o Brasil se aproximou muito, em vários aspectos, aos Estados Unidos nos últimos anos, mas não havia percebido que isso também nos aproximava do país governado por Obama. Achava que isso acontecia somente no Brasil.
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quinta-feira, 2 de maio de 2013
celular: áustria X brasil, uma comparação
Embora não muito distante, já é passado o tempo em que era baratíssimo falar ao celular na Áustria (a tarifa da operadora onde tenho meu número era de 1 centavo por minuto, em ligações para qualquer operadora). Agora é somente muito barato, comparando-se com o que se paga no Brasil.
Como passarei um ano aqui, mudei meu número, que vinha mantendo como um simples pré-pago, para um plano onde pagarei a partir de agora 7,50 euros por mês (cerca de 19 reais), tendo direito a 1000 minutos de ligações para qualquer operadora, 1000 SMS, acesso ilimitado à internet, com redução de velocidade quando se atinge 1 GB de tráfego de dados.
Isto corresponde a um terço (!) do gasto mínimo, mínimo mesmo, que eu vinha tendo no Brasil mensalmente com telefones celulares, pois foi necessário passar a ter três números para reduzir a este patamar, ainda alto. E com certeza, mesmo tendo três números, a soma do serviço oferecido pelas três operadoras é ainda inferior ao que a operadora aqui oferece. E nem vou comentar da qualidade do sinal e do atendimento....
O Brasil deve ser mesmo o paraíso do lucro fácil na Terra.
Como passarei um ano aqui, mudei meu número, que vinha mantendo como um simples pré-pago, para um plano onde pagarei a partir de agora 7,50 euros por mês (cerca de 19 reais), tendo direito a 1000 minutos de ligações para qualquer operadora, 1000 SMS, acesso ilimitado à internet, com redução de velocidade quando se atinge 1 GB de tráfego de dados.
Isto corresponde a um terço (!) do gasto mínimo, mínimo mesmo, que eu vinha tendo no Brasil mensalmente com telefones celulares, pois foi necessário passar a ter três números para reduzir a este patamar, ainda alto. E com certeza, mesmo tendo três números, a soma do serviço oferecido pelas três operadoras é ainda inferior ao que a operadora aqui oferece. E nem vou comentar da qualidade do sinal e do atendimento....
O Brasil deve ser mesmo o paraíso do lucro fácil na Terra.
segunda-feira, 29 de abril de 2013
1 semana
A garganta se fez notar depois que o tempo mudou nas últimas 36 horas e o verão fora de época deu lugar à temperatura média de abril: mudança de tempo demais para uma semana. Almoço em família no domingo, bicicleta nova comprada no sábado e almoço no restaurante turco do bairro (à noite, cerveja no savoy). Avaliação dos trabalhos dos estudantes de Mladen, na TU, na quinta pela manhã entrando pela tarde. Jetlag o tempo todo na semana de descanso e de várias pendências trazidas do brasil. Toda a série de will&grace em dvd em casa (já revi os seis primeiros episódios). Agora, trabalho.
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quarta-feira, 24 de abril de 2013
futebol e educação ou futebol só com educação
Assistindo agora à semi-final da Champions League entre Borussia Dortmund e Real Madrid, depois da semi-final de ontem entre Bayern München e Barcelona, eu começo a crer que o futebol brasileiro só voltará a ter destaque depois que o nível de educação geral no país melhorar muito. Como os jogadores de futebol estão entre aqueles que mal frequentam as escolas, que já não são lá grande coisa, será necessário muito esforço para que o Brasil tenha jogadores que, em equipe, tenham tanta capacidade de abstração, domínio de geometria e pensamento tridimensional. Até lá, um drible bonito aqui, outro ali, mais nada.
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domingo, 21 de abril de 2013
fora do brasil algumas horas e já duas vezes: "até quando?"
1) Bastam duas horas no aeroporto em Lisboa, à espera do vôo de conexão, e algo se torna mais que evidente: o Brasil pode ser definido hoje como o país no mundo onde homens, em massa, fazem a sobrancelha. Até quando?
2) A cena seguinte, já na sala de espera do próximo vôo, família brasileira composta de pai, mãe, dois filhos e tia, destacava-se: os três homens da família trajavam calça de moleton, camiseta e tênis de corrida da marca nike. Eu tenho a teoria de que alguém um dia avisou a um grande grupo de pessoas que em viagem de turismo as pessoas andam muito e se cansam. Daí, algumas acham que já devem sair "confortáveis" desde a porta de casa, antes mesmo de chegar ao destino. E mesmo no destino, será que eles não perceberão que pelas ruas de Viena não encontrarão ninguém andando de moleton e tênis de corrida, além de alguns brasileiros e norte-americanos desavisados e deselegantes? Pelo mundo de moleton: até quando?
2) A cena seguinte, já na sala de espera do próximo vôo, família brasileira composta de pai, mãe, dois filhos e tia, destacava-se: os três homens da família trajavam calça de moleton, camiseta e tênis de corrida da marca nike. Eu tenho a teoria de que alguém um dia avisou a um grande grupo de pessoas que em viagem de turismo as pessoas andam muito e se cansam. Daí, algumas acham que já devem sair "confortáveis" desde a porta de casa, antes mesmo de chegar ao destino. E mesmo no destino, será que eles não perceberão que pelas ruas de Viena não encontrarão ninguém andando de moleton e tênis de corrida, além de alguns brasileiros e norte-americanos desavisados e deselegantes? Pelo mundo de moleton: até quando?
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domingo, 7 de abril de 2013
SALVADOR FUTURÍSTICA (e GLORIOSA), as primeiras fotos do ano 2038
Antes da 2a edicao de fotos de Salvador no ano 2038, estao agrupadas nesta postagem a primeira sequência de fotos que revelam como foi o glorioso ano de 2038 daquela que é a primeira cidade construída no Brasil. Durante os proximos dias teremos mais fotos desta época redentora, uma sequência que tem o edificante propósito de mostrar aos cidadaos soteropolitanos que o Futuro, e nao o passado, pode ser bem melhor que o presente!
SALVADOR FUTURÍSTICA, 07, no dia do aniversário da cidade:
Na Foto: aspectos do centro histórico de Salvador, 2038
Como não poderíamos deixar de prestar esta homenagem no dia do aniversário da cidade, trazemos hoje duas imagens que mostram como ficou a área central da cidade (que em tempos remotos foi chamada de centro, centro histórico, centro antigo, centro antigo expandido, centro histórico-plástico-de-lazer-e-turismo, centro-antigo-e-das-cultur
Na foto, à esquerda, aspectos da Rua do Maciel de Cima; à direita, vista da encosta do pelourinho, tendo em primeiro plano a baixa dos sapateiros.
#29demarço #aniversáriodesalvador #ofimdomundo
#29demarço #aniversáriodesalvador #ofimdomundo
Avenida Paulo VI, Pituba, 2038
Foram mesmo de grande impacto as três bombas de tecnologia ultrapassada compradas pelo revolucionário governo federal de duas letrinhas, no poder há algumas décadas, que foram lançadas sobre a capital bahiana, que naquele glorioso ano de 2038 tinha atingido a marca de 300.000 habitantes por Km2.
Embora a completa insalubridade já tivesse sido constatada quando esta taxa havia chegado ao valor de 200.000 hab / Km2, a completa indiferença dos cidadaos locais aos problemas daí derivados nao permitiu que alguma coisa fosse feita para melhorar a cidade.
Pragmaticamente, deu-se por feita desta maneira a profecia morrisseyniana, mostrando que mesmo vindo de um governo como este algo de interessante poderia ser feito. Na foto, a famosa curva a 90° da Avenida Paulo VI, na Pituba, tendo em primeiro plano um terraco de edificação situada na Rua das Rosas.
Mais uma foto de SALVADOR FUTURÍSTICA, 05:
Avenida Tancredo Neves, ano 2038
Legenda: nesta foto é possível ver os escombos daqueles edificios que chegaram a receber o anti-prêmio de anti-arquitetura do mundo mundial, na categoria conjunto e paisagem urbanos, do ano 2023. Este prêmio passou a ser concedido pela UNESCO a cidades e/ou conjuntos urbanos que se destacavam por ser a origem de sérios problemas de saúde pública (em especial, saúde mental). Em primeiro plano, os escombros da antiga sede de uma loja de moveis de marca famosa por volta dos anos 2000.SALVADOR FUTURÍSTICA, 04:
plataforma e ribeira, (com a ponte do trem do subúrbio), 2038
Legenda: a acao da grande bomba provocou uma mudança na linha da maré na península itapagipana e n a altura dos morros de plataforma, mas a obra de engenharia resistiu ao grande impacto: a foto mostra em perspectiva as ruínas das ruínas da fábrica do subúrbio ferroviário e a famosa ponte da linha do trem.SALVADOR FUTURÍSTICA, 03:
Pituba, ano 2038
legenda: em primeiro plano, a área da aveinda ACM antes ocupada por um clube social e um posto de gasolina; ao fundo, a igreja nossa senhora da luz (ou o que sobrou dela); reconhece-se ainda a malha ortogonal do bairro, projeto de teodoro sampaio, dos anos 20 do século XX.Salvador Futurística, 02:
igreja dos mares, 2038
legenda: atendendo aos pedidos daqueles que já identificavam desde o século anterior a extrema semelhança da capital baiana com a cidade descrita na canção every day is like sunday do famoso cantor inglês morrissey, o governo interminável do partido dito quase revolucionário, para gerar algum fato fora da rotina de bolsas, mandou bombardear a polis (???) fundada por tomé de sousa; assim sua profecia se cumpriu, usando uma bomba de tecnologia evidentemente ultrapassada.
Compartlhando a foto de um perfil do facebook (que ainda nao existe) Salvador Futurística, 01
Foto: vista da península itapagipana, ano 2038
sábado, 2 de março de 2013
tá difícil
Desde ontem está em vigor a nova lei que regula a carreira universitária nas federais. Os efeitos negativos desta lei, elaborada em parceria com a federação pelega, são imensos. Os representantes da categoria no sindicato são grandes defensores deste acordo que desarticula ainda mais o ensino público no país. Mas eles foram eleitos pela maioria, que fazer?
O triste é ver o nível da atuação política de uma parte dos que se apresentam como oposição a isto: diante de qualquer possibilidade de atuação prática, da menor chance de poder colaborar contra esta situação, de participar efetivamente de uma decisão em prol da categoria, esta parte recua e abre mão de sua contribuição como oposição. E isso vem se repetindo sistematicamente. Deste jeito, estamos ferrados.
O triste é ver o nível da atuação política de uma parte dos que se apresentam como oposição a isto: diante de qualquer possibilidade de atuação prática, da menor chance de poder colaborar contra esta situação, de participar efetivamente de uma decisão em prol da categoria, esta parte recua e abre mão de sua contribuição como oposição. E isso vem se repetindo sistematicamente. Deste jeito, estamos ferrados.
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sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013
back to the alltag
e desde ontem o frenético vai-e-vem dos mototáxis durante toda a noite e madrugada foi substituído pela regularidade bem espaçada do Busufba durante o dia; o cotidiano retorna.
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quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013
acabou em 2013 (quarta-feira de cinzas)
Duas coisas notei neste carnaval que me parecem dignas de serem encaminhadas à organização do mesmo: a primeira delas, um número maior de ambulantes na avenida oceânica associado ao aumento de tamanho dos seus "isopores", o que fez com que a barreira criada entre a calçada e a rua propriamente dita se tornasse quase intransponível, um sério problema para o folião.
A segunda, a presença de vendedores ambulantes armados de adaptações de carrinhos de bebês, carrinhos de mão, carrinhos de supermercado circulando no meio da multidão e especialmente atrás do trio. Extremamente perigosos - especialmente por conta dos cortes mal-acabados feitos nas peças metálicas - este tipo de "equipamento" deveria ser terminantemente proibido.
No mais, o carnaval de Salvador como sempre (com tudo de bom e de ruim que ele tem). É claro que seria uma festa muito melhor sem a presença da canttora lacttosa, mas isso não dá para solicitar a ninguém.
Que venha o de 2014.
segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013
A Praça Castro Alves é do Palco
Uma das minhas memórias de infância do carnaval é ter visto o bloco do Jacu de CAMAROTE: um conhecido de algum parente morava em um apartamento na Praça da Piedade e em um carnaval tive a chance de ver o bloco passar da janela, do alto, separado do chão da rua, em um ambiente privado (e familiar).
Durante décadas apartamentos na Avenida Sete, quartos de hotéis na Barra e salas comerciais em ambos os circuitos vem sendo alugados com este propósito: em função da vista privilegiada e da distância espacial em relação ao chão da rua, eles foram e são transformados em camarotes.
O problema de hoje então não é da função do espaço e sim da escala: quando os lucros dos blocos chegaram ao seu limite e os espaços "ociosos" como aqueles do Edifício Oceania ou do estacionamento onde funciona o camarote de famosa cantora foram descobertos como multiplicadores de lucro, eram as dimensões destes espaços um dado fundamental para o seu sucesso.
Entretanto, enquanto o camarote comercial (em oposição ao da escala familiar) se limitou a ocupar espaços já existentes e construídos no espaço da cidade, ele não foi visto em si como um problema maior para a festa do carnaval. Tanto a área do Oceania, como a área do estacionamento ao lado do Barra Center não são multiplicados pela suas transformações em camarotes, eles não avançam em seu programa e ocupação territorial sobre o carnaval.
A primeira grande revolta popular contra os camarotes aconteceu quando no ano de 2000 a prefeitura autorizou a construção de estruturas no lado da praia na Barra para a ocupação por dois ou três andares de camarotes. Ali, o padrão de ocupação dado pela função (que multiplicou em pisos sua área) causou transtornos espaciais à festa na rua: o acesso à praia foi extermamente limitado e foi criada uma barreira física à ventilação. A crítica foi forte o suficiente para que tal experimento não tivesse se repetido.
De lá para cá, a perversão do modelo comercial do camarote criou distorções notáveis, como os imóveis situados à Avenida Oceânica que já não precisam ser usados durante todo o ano, garantido sua manutenção somente pelos lucros advindos dos dias do carnaval. Ao mesmo tempo, espaços tiveram seus pisos multiplicados e suas fronteiras foram sendo ampliadas, para garantir um lucro cada vez maior a esta exploração comercial da festa ao lado da festa do carnaval. A escala da exploração desta função foi o que mudou.
No ano passado, o avanço em escala física do camarote que tem o nome da cidade foi o aparente estopim para um protesto que adquiriu contornos políticos muito amplos muito rapidamente. Reclamava-se que o tal camarote estava usando por muito tempo o espaço público de uma área que até aquele momento nunca tinha sido praça - e sim, estacionamento - mas que por causa de uma "reforma" havia recebido tal designação.
Poderia haver um paralelo com o acontecido em 2000, mas a natureza do protesto era diferente, o que ficou claro com a rápida articulação com a disputa política de outubro passado e com a certa indiferença com que foi tratada por parte dos revoltados de então a construção do mesmo camarote na mesma área este ano.
Não era o espaço, nem como ele é usado cotidianamente, nem durante a festa do carnaval, o que estava em questão, meu ceticismo de então se confirma este ano mais uma vez: não vi uma voz até agora reclamar ou se indignar com a ocupação completa da Praça Castro Alves por um palco para shows, com tapumes fechando toda a área pavimentada por pedras portuguesas.
Esta não é a "Praça do Povo", que existe há MUITO mais tempo do que aquela área de estacionamento de Ondina chamada de Praça há pouco mais de um ano? Esta não é a Praça Pública tão aclamada pela "tradição do carnaval" e que por isso não deveria ser a mais defendida como espaço de livre acesso ao público por quem defendeu tanto o espaço da área de Ondina ocupada pelo Camarote?
O constrangimento ao uso da Praça é o mesmo, lá e cá. O espaço público, de acesso ao público em geral, está restrito à área asfaltada limitada pelo meio-fio. Além disso, está destinado a um uso privado, lá e cá (e poderia até ser alegado que muito mais gente por metro quadrado ocupa a área em Ondina).
O espaço - suas dimensões e os outros elementos de sua configuração testados por eventos "estressantes" para o seu uso, como é o caso do carnaval de Salvador - revela a limitação das tentativas de quem acredita o tempo inteiro poder investi-lo impunemente de ideologias, ao ponto de revelar claramente os jogos de interesses, muitas vezes mal disfarçados.
O espaço da Praça Castro Alves hoje é do Palco como é do Camarote o espaço da praça (sic) de Ondina. A livre circulação e o livre uso dos espaços públicos no carnaval tem sido impedidos por alguns camarotes, alguns palcos, muitos outros tapumes excessivos, barreiras infindáveis de ambulantes quase sem intervalos, tráfego descontrolado de veículos. Estes são impedimentos físicos, todos importantes, a serem tratados de diversas maneiras. O carnaval e a cidade agradeceriam se alguma atenção fosse dada a isso. Sem maniqueísmos.
Durante décadas apartamentos na Avenida Sete, quartos de hotéis na Barra e salas comerciais em ambos os circuitos vem sendo alugados com este propósito: em função da vista privilegiada e da distância espacial em relação ao chão da rua, eles foram e são transformados em camarotes.
O problema de hoje então não é da função do espaço e sim da escala: quando os lucros dos blocos chegaram ao seu limite e os espaços "ociosos" como aqueles do Edifício Oceania ou do estacionamento onde funciona o camarote de famosa cantora foram descobertos como multiplicadores de lucro, eram as dimensões destes espaços um dado fundamental para o seu sucesso.
Entretanto, enquanto o camarote comercial (em oposição ao da escala familiar) se limitou a ocupar espaços já existentes e construídos no espaço da cidade, ele não foi visto em si como um problema maior para a festa do carnaval. Tanto a área do Oceania, como a área do estacionamento ao lado do Barra Center não são multiplicados pela suas transformações em camarotes, eles não avançam em seu programa e ocupação territorial sobre o carnaval.
A primeira grande revolta popular contra os camarotes aconteceu quando no ano de 2000 a prefeitura autorizou a construção de estruturas no lado da praia na Barra para a ocupação por dois ou três andares de camarotes. Ali, o padrão de ocupação dado pela função (que multiplicou em pisos sua área) causou transtornos espaciais à festa na rua: o acesso à praia foi extermamente limitado e foi criada uma barreira física à ventilação. A crítica foi forte o suficiente para que tal experimento não tivesse se repetido.
De lá para cá, a perversão do modelo comercial do camarote criou distorções notáveis, como os imóveis situados à Avenida Oceânica que já não precisam ser usados durante todo o ano, garantido sua manutenção somente pelos lucros advindos dos dias do carnaval. Ao mesmo tempo, espaços tiveram seus pisos multiplicados e suas fronteiras foram sendo ampliadas, para garantir um lucro cada vez maior a esta exploração comercial da festa ao lado da festa do carnaval. A escala da exploração desta função foi o que mudou.
No ano passado, o avanço em escala física do camarote que tem o nome da cidade foi o aparente estopim para um protesto que adquiriu contornos políticos muito amplos muito rapidamente. Reclamava-se que o tal camarote estava usando por muito tempo o espaço público de uma área que até aquele momento nunca tinha sido praça - e sim, estacionamento - mas que por causa de uma "reforma" havia recebido tal designação.
Poderia haver um paralelo com o acontecido em 2000, mas a natureza do protesto era diferente, o que ficou claro com a rápida articulação com a disputa política de outubro passado e com a certa indiferença com que foi tratada por parte dos revoltados de então a construção do mesmo camarote na mesma área este ano.
Não era o espaço, nem como ele é usado cotidianamente, nem durante a festa do carnaval, o que estava em questão, meu ceticismo de então se confirma este ano mais uma vez: não vi uma voz até agora reclamar ou se indignar com a ocupação completa da Praça Castro Alves por um palco para shows, com tapumes fechando toda a área pavimentada por pedras portuguesas.
Esta não é a "Praça do Povo", que existe há MUITO mais tempo do que aquela área de estacionamento de Ondina chamada de Praça há pouco mais de um ano? Esta não é a Praça Pública tão aclamada pela "tradição do carnaval" e que por isso não deveria ser a mais defendida como espaço de livre acesso ao público por quem defendeu tanto o espaço da área de Ondina ocupada pelo Camarote?
O constrangimento ao uso da Praça é o mesmo, lá e cá. O espaço público, de acesso ao público em geral, está restrito à área asfaltada limitada pelo meio-fio. Além disso, está destinado a um uso privado, lá e cá (e poderia até ser alegado que muito mais gente por metro quadrado ocupa a área em Ondina).
O espaço - suas dimensões e os outros elementos de sua configuração testados por eventos "estressantes" para o seu uso, como é o caso do carnaval de Salvador - revela a limitação das tentativas de quem acredita o tempo inteiro poder investi-lo impunemente de ideologias, ao ponto de revelar claramente os jogos de interesses, muitas vezes mal disfarçados.
O espaço da Praça Castro Alves hoje é do Palco como é do Camarote o espaço da praça (sic) de Ondina. A livre circulação e o livre uso dos espaços públicos no carnaval tem sido impedidos por alguns camarotes, alguns palcos, muitos outros tapumes excessivos, barreiras infindáveis de ambulantes quase sem intervalos, tráfego descontrolado de veículos. Estes são impedimentos físicos, todos importantes, a serem tratados de diversas maneiras. O carnaval e a cidade agradeceriam se alguma atenção fosse dada a isso. Sem maniqueísmos.
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