sábado, 28 de dezembro de 2013

retrospectiva 2013

do que escutei, assisti, li (li muito) decidi escolher mais de um em cada categoria, já que o ano foi intenso e diverso (assim se constrói a argumentação para aliviar a indecisão)
1. personalidade: Edith Windsor
2. hashtag: #wealreadyliveinvenezuelabutwewanttoleaveit #vemprarua (a constatação e a ação; e como a segunda teve efeitos bastante dúbios, a primeira termina o ano mais válida que nunca)
3. disco: Electric, Pet Shop Boys e Fade Away, Best Coast
4. canção: Summer is Over, Dent May; Fear of my Identity, Best Coast e Love is a Bourgeois Contract, Pet Shop Boys (esta, a canção do Brasil de 2013)
5. leitura: a) em um ano de muita leitura, fiquei muito impressionado com a forma elegante e decisiva com que Tolokonnikova, do Pussy Riot, arrasou com Zizek, aquele filósofo-marxista-verborrágico-completamente-vazio-de-conteúdo. O The Guardian publicou trechos, em matéria com o link para o texto completo em alemão; b) Morrissey's Autobiography (oh manchester, so much to do answer for!)
6. exposição: Eastern Promises: zeitgenössische Architektur und Raumproduktion in Ostasien, no MAK-Vienna e Reading Andy Wahrol, no Brandhorst Museum, em Munique.
7. cinema: Amour, Haneke e Inside Llewyn Davis, irmãos Coen (mas fui muito pouco ao cinema)
8. concerto erudito: Liszt e Messian, por Pierre-Laurent Aimard e Tamara Stefanovich, julho em Salzburgo
9. concerto pop: Dent May, novembro em Viena (pelo som da banda, pelo repertório, pela raça de ele ter enfrentado o show com uma bronquite)
10. arquitetura: as catedrais tatuadas na viagem de bicicleta, camposanto monumentale em Pisa, o Wiener Hauptbahnhof e o novo campus da WU-Wien
11. desafio cumprido: atravessar os apeninos, pelo passo delle radici (1529m), de bicicleta.
12. produção: coluna cultura e cidade, Teatro NU

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

poema da desilusão

parou de girar, cheia estava
aberta a porta, as peças menores
foram as primeiras a serem retiradas;
por estar muito cheia
deixou as roupas molhadas
e assim o colarinho da camisa
parecia brilhar de úmido, primeiro,
ou por causa do que pudesse ter sobrado
de espuma do amaciante, depois.
Mas um terceiro exame, um olhar mais preciso
e o tato para não deixar dúvida:
puída, a camisa se despede.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

coerência, please

A FIFA é aquela organização internacional que, em associação com o governo brasileiro, irá promover a copa do mundo no Brasil em 2014. A FIFA tem uma história marcada por corrupção, escândalos financeiros, autoritarismo e uma fama para lá de ruim no que diz respeito às relações de influência entre os direitos de transmissão de TV, patrocínios de grandes marcas relacionadas ao esporte, políticos e federações nacionais. Ou seja, ao redor dela localiza-se uma série de "problemas" relacionados ao esporte profissional.
As demonstrações de junho de 2013 no Brasil dirigiram-se, entre outras coisas, contra a nefasta associação entre esta organização e o governo brasileiro, que deixará para a população um dívida financeira imensa e nenhuma "contrapartida", como foram denominados os objetos dos gastos previstos além dos estádios. E sem que ninguém tivesse sido consultado.
Então está no ar, há duas semanas pelo menos, uma campanha que insiste que a FIFA deveria escolher dois atores para uma cerimônia, em detrimento de outros dois, que vêm sendo agora alvo de acusações que chegam a transferir para os escolhidos todas as mazelas da nação brasileira, históricas e contemporâneas. Ora, sendo a FIFA o que é, porque as pessoas acham uma coisa tão legal, massa e bacana trabalhar para ela? O lógico não seria sentir-se orgulhoso de não ceder a mais valia para organismo tão nefasto?
Eu acho que as pessoas têm que se decidir: ou brigam para ter A ou B na festa da FIFA, reconhecendo com isso um valor positivo em tal organização, e esquecem tudo o que aconteceu em junho de 2013 e não reclamam mais de nenhum engarrafamento em cidades brasileiras, ou guardam o direito de ter alguma coerência crítica em relação a tal organização. Afinal, os escolhidos para a tal da festa serão seus representantes.