terça-feira, 14 de abril de 2015

o passado, aqui e nunca presente

Hoje morreu meu primo, que havia se despedido de nós décadas atrás.
Meu primo era parte da minha infância que não continuou, porque muita gente de minha infância não continuou.
Mas meu primo, apesar de não ter continuado, de ter sido parte desta parte da infância, estava vivo até hoje.
Ter ido à sua despedida é ter ido de encontro a esta dureza do passado, que nos ilude ao tentar nos convencer que nos acompanha, mas que aproveita os momentos mais duros para demonstrar sua inacessibilidade.
Faz décadas que havia falado a última vez com meu primo.
Hoje falei com sua irmã, minha prima, e a abracei.