O filme é muito bom. Formalmente, acerta ao usar do recurso de fazer coincidir início e fim, ao tratar de uma biografia cujos eventos finais foram melancolicamente dramáticos. O recurso aqui, portanto, não parece formalismo.
Não poderia ser, afinal Artigas explica muito bem em sua aula registrada no filme com que finalidade a elaboração de sua arquitetura trata os precisos recursos formais.
O mais impressionante do filme é a historicidade do que ali é documentado: o quanto o ensino de arquitetura mudou radicalmente de meados dos anos 80 para cá, o quanto a figura do professor Artigas parece ligada a um passado completamente encerrado diante do contexto contemporâneo de ensino e produção de arquitetura. E o quanto ele era gênio, ao responder da forma como responde à pergunta sobre o futuro a ele feita em sua última entrevista.
Edfícios e desenhos muito bem filmados, entrevistas bem editadas, o filme tem apenas dois pontos fracos: a entrevista de Raí e o uso da música de estrutura repetitiva (é impressionante como 30 anos depois, os filmes para os quais Phillip Glass compôs música ainda permanecem como uma referência quando as pessoas pensam em trilhas sonoras para filmes sobre arquitetura).
E ainda teve o "perfil psicológico" "filho de viúva jovem".
Recomendo e muito.
PS não deixa de ser triste ver que arquitetura anda tão desvalorizada que o ingresso para assistir ao filme é gratuito. E que mesmo assim não havia mais de 15 pessoas na sala do cinema.
terça-feira, 30 de junho de 2015
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